Na última segunda-feira (20), o que aparentava ser uma simples poda (?) de árvore revoltou moradores do Bairro do Boqueirão, em Santos. Entretanto, este foi apenas o primeiro passo para a retirada plena do ingazeiro para claramente favorecer a fachada de uma rede de farmácias do interior paulista que se instalará no imóvel da rua Oswaldo Cruz, esquina com a Avenida Epitácio Pessoa. A empresa nega.
Com a forte divulgação nas redes sociais sobre o fim da planta, na quinta (23) – data escolhida para arrancar o ‘problema’ pela raiz – munícipes se manifestaram ao redor do tronco contestando a autorização da Prefeitura, impossibilitando a remoção. Protestos proliferaram nas redes sociais.
A Prefeitura alega, em nota, que foram registrados vários pedidos de remoção da árvore pelo proprietário do imóvel. Segundo a informação oficial, “a espécie apresentava foco de cupim, raízes extensas atingindo a calçada e relato de quedas de idosos. Mediante o longo histórico de solicitações, foi autorizada a retirada da árvore pelo proprietário mediante atendimento da LC 719/11 (onde toda árvore retirada, deve-se doar 5 novas árvores)”. A empresa informa que plantará 10 espécies. Uma definição sobre o destino da planta ocorrerá na segunda-feira (27).
Rapidez incomum
O mais surpreendente de toda a história é a rapidez do processo para retirada da planta. O primeiro pedido, de maio de 2012, reivindicado pelo estabelecimento que ocupava o local anteriormente, solicitava a poda dos galhos. Em junho do ano passado, foi solicitada a retirada da árvore. No entanto, a Prefeitura indeferiu alegando que faria avaliação e poda da mesma.
O último pedido ocorreu no dia 8 de abril, uma quarta-feira, e foi aceito cinco dias depois, uma segunda-feira, a ponto de a árvore começar a ser mutilada no último dia 20 – exatos 12 dias após a entrada do requerimento.
Segundo o engenheiro agrônomo e chefe do Departamento de Parques e Áreas Verdes da Prefeitura de Santos (Depav), João Cirilo, após a solicitação de poda de qualquer munícipe na Ouvidoria Municipal a tarefa é encaminhada à Coordenadoria de Paisagismo, responsável pela arborização da Cidade.
Então são encaminhados técnicos para avaliar o tipo intervenção a ser feita levando em consideração interferências urbanas, a espécie e os riscos oferecidos pela árvore.“Pela quantidade de serviço, a avaliação demora de um a dois meses para ser encaixada na programação. O cronograma é elaborado de acordo com a prioridade baseada nos riscos oferecidos pela planta”. Segundo Cirilo, já existem podas programadas até setembro deste ano.
Quem não teve a mesma sorte desta agilidade foram os moradores de um edifício da Rua Princesa Isabel, 160, na Vila Belmiro. Lá, as raízes de uma árvore em frente ao prédio danificaram a calçada e os galhos se enrolaram na fiação elétrica. O síndico Saulo Emydgio do Nascimento Júnior fez a sua primeira solicitação em 2010. “Existem pedidos desde 1985. Na última vez que foram fazer uma obra constataram que havia raízes no alicerce do prédio “. Neste caso, a agilidade não existiu, apesar de já ocorreram quedas de idosos, que se dirigem à feira que ocorre no local às quintas.