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Marcos Correa

Surf

16 DE JUNHO DE 2015

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Na busca por talentos, marcas exigem boas notas e inglês

Sedentos para achar um novo Medina, patrocinadores estão atentos nas praias do país

Por: Éder Fantoni
Da Redação

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Categoria de base do surf é movida por patrocinadores, que exigem bom desempenho escolar de seus atletas

Categoria de base do surf é movida por patrocinadores, que exigem bom desempenho escolar de seus atletas

Samuel Pupo tem só 14 anos e já carrega em sua prancha seis patrocinadores, entre eles a Rip Curl, principal apoiadora de Gabriel Medina. Lucas Vicente, 13, assinou recentemente um contrato com a Billabong, uma das marcas mais famosas do mundo do surfe.

Ambos começaram cedo no esporte, por diversão, e nem sabiam que, do lado de fora do mar, estavam sendo observados por empresas multinacionais.

Sedentas para achar um novo Medina e no embalo do bom momento que o surfe vive no Brasil, as marcas estão cada vez mais atentas ao que se passa nas praias do país.

Algumas recorrem a olheiros. Outras apostam no conhecimento do setor de marketing, capacitado para encontrar novos talentos. Outras contratam por indicação. E passam a investir quando acham um potencial.

Apesar da pouca idade, tanto Samuel quanto Lucas recebem roupas e acessórios dos seus patrocinadores, têm suas viagens bancadas pelas empresas e recebem uma ajuda de custo. As marcas não revelam os valores.

Os contratos variam muito. Geralmente, um surfista com essa idade ganha um dinheiro para as viagens e fica com o que sobra. Ou, conforme a reportagem apurou, recebe algo em torno de R$ 500 a R$ 1 mil por mês.

Ao ver de longe, o processo de seleção de um novo surfista pode parecer fácil, mas é bem complexo. A habilidade nas ondas é só uma parte de todo o recrutamento.

Luiz “Pinga” Campos, 49, que o diga. Ele é um dos empresários de atletas mais importantes da indústria. Foi ele quem descobriu Adriano de Souza, o Mineirinho, e ajudou a trazer uma mentalidade mais séria para o esporte.

Além de gestor, Pinga também é técnico dos surfistas Miguel Pupo, Jadson André e Ítalo Ferreira, que disputam o Mundial, e olheiro. Para recrutar um surfista e conseguir uma boa marca para patrociná-lo, ele pesquisa o histórico do garoto. Fala com a família, analisa o seu comportamento, os amigos e até o desenvolvimento escolar.

“Quanto mais educação e mais cultura tiver, além de uma boa estrutura e uma base familiar, mais chances terá de virar um bom homem. Assim, vai ser um bom atleta, porque vai lidar com a pressão e todas as situações que o esporte de alto rendimento traz”, diz Pinga.

As empresas também estão atentas a esses detalhes, pois terão as suas marcas estampadas nas roupas e pranchas dos surfistas.

“Analisamos se o garoto é ativo, como se comporta nas redes sociais na internet, se gera conteúdo, a sua forma de conduta, se tem apoio da família”, afirma Rogério Boccuzzi, diretor de marketing da Quiksilver, que em 2014 teve um faturamento global de US$ 1,6 bilhão (R$ 5 bilhões na cotação atual).

“É muito importante também que não esteja envolvido com qualquer contravenção, como drogas, incidentes e brigas. Isso não é uma conduta para um atleta que queira um futuro profissional”, diz.

As exigências, porém, não param por aí. Num esporte praticamente dominado por australianos, americanos e havaianos, o inglês é algo imprescindível.
Dos 34 surfistas que disputam a elite do Mundial, 25 são de países que têm o inglês como idioma oficial.

“Isso é muito importante e fundamental. O surfista precisa estudar e saber, pois dará entrevistas em inglês”, diz Fernando Gonzalez, coordenador de marketing da Rip Curl.

Em abril deste ano, Samuel Pupo viajou sozinho para a Austrália. Em um intercâmbio bancado pela empresa que o patrocina, se hospedou por 20 dias na casa de uma família australiana. Ficou longe do mar. Foi apenas para melhorar o seu inglês.

“Comecei do básico, mas foi muito bom. Foquei no inglês e peguei pesado. Sei o quanto isso é importante para mim”, afirma.

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