
Por 450 votos, Eduardo Cunha deixa a Casa onde foi presidente desde 2015. Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/EBC-Divulgação
Com 450 votos contrários, 10 favoráveis e 9 abstenções, o ex-presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), teve um destino semelhante ao sua maior vítima política recente, a ex-presidente Dilma Rousseff, durante o período em que esteve à frente do Legislativo: a perda do seu mandato.
Só que ao contrário de Dilma – que manteve seus direitos políticos em razão de uma manobra no Senado há duas semanas – Cunha só poderá voltar a ocupar um cargo público dentro de oito anos em razão da cassação. A exemplo da ex-presidente, a pressão popular foi fundamental para a cassação de Cunha.
Ainda mais em ano eleitoral, onde vários dos parlamentares concorrem estão na disputa das eleições municipais em outubro.
A sessão foi encerrada às 23h54, quando o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia, deu por encerrados os trabalhos.
O pedido de cassação foi lido pelo primeiro secretário da Câmara, Beto Mansur (PRB). Cunha não proferiu qualquer palavra ao anúncio da sua derrota política. Apenas saiu, aparentando relativa calma, sendo cercado por parlamentares de sua base aliada, a maioria dos partidos do Centrão. Por sua vez, deputados contrários colocavam faixas e cartazes reivindicando sua saída.
A votação no plenário da Casa aconteceu dez meses após o processo começar a tramitar no Conselho de Ética.
Os deputados votaram o parecer do deputado Marcos Rogério (DEM-RO), aprovado pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar no dia 4 de junho.
O relator concluiu que Cunha mentiu em depoimento espontâneo à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, em maio de 2015, quando disse não possuir contas no exterior.
Ele nega que tenha mentido à CPI, argumentando que as contas estão no nome de um trust familiar contratado por ele para administrar seus recursos no exterior.
Cunha já estava afastado das funções de deputado federal desde maio deste ano e esteve afastado também da presidência da Casa até 7 de julho, quando renunciou ao cargo.
Desde que o Conselho de Ética foi criado em 2001, sete deputados já tiveram seus mandatos cassados.
Trajetória
Eleito para a presidência da Câmara dos Deputados em fevereiro de 2015 por 267 votos, derrotando em primeiro turno o candidato do governo Dilma, Arlindo Chinaglia (PT-SP) que obteve 136 votos, Cunha teve a sua trajetória marcada pelo aparecimento de que atuava como lobista no esquema de corrupção envolvendo a Petrobras e também duro embate que promoveu contra o governo da ex-presidenta Dilma Rousseff.
Com uma campanha montada em cima da insatisfação da base aliada do governo, Cunha, após a sua eleição, começou um processo de distanciamento e enfrentamento com o governo. A tensão crescente resultou, em julho, daquele ano no anúncio do seu rompimento com o governo Dilma Rousseff.
Na ocasião Cunha disse que passaria a integrar as fileiras da oposição. Ele também começou a trabalhar para que o PMDB tomasse a mesma postura.