Responsável em cuidar das ações de trânsito em Santos, a CET tende a seguir o mesmo caminho que outras empresas públicas que tem na Prefeitura de Santos como seu principal financiador. Apenas nos últimos quatros anos, o prejuízo acumulado cresceu de R$ 38,3 milhões em dezembro de 2012 – ainda na gestão do ex-presidente Rogério Crantschaninov – para R$ 70,4 milhões em dezembro passado – já na administração do também engenheiro Antonio Carlos Gonçalves.
O aumento representa um acréscimo de 83,8% nos prejuízos acumulados em apenas quatro anos. A inflação do período medida pela IBGE (IPCA) foi de 32,6%. Os dados fazem parte do balanço patrimonial da empresa divulgado na edição desta terça (28) do Diário Oficial.
O balanço revela que no ano passado a empresa aumentou seu prejuízo, atingindo R$ 13,298 milhões em 2016, contra R$ 11,479 milhões em 2015, o maior até então.
Em 2012, o déficit daquele ano chegou a R$ 36.581,60. No ano seguinte, cresceu para R$ 3.722.704,00. Em 2015, já alcançara R$ 11,479 milhões até chegar aos R$ 13,298 milhões no final do ano passado. Assim, o prejuízo líquido de cada cota do capital social da empresa cresceu em quatro anos de dois centavos para R$ 8,87.
Conselho
O aumento do déficit da Companhia de Engenharia de Tráfego fez com o conselheiro Fabiano Ferreira Marques salientasse em seu parecer que a CET deva reduzir os gastos com empresas terceirizadas, especialmente a de segurança e limpeza; buscar alternativas para redução do pagamento das horas extras e sugerir à diretoria o aprimoramento das rotinas existentes para viabilizar a cobrança de créditos pendentes.
No início deste ano, o atual presidente, Rogério Villani, demitiu assessores de diretoria para aliviar o caixa da empresa. Sem disponibilizar suas informações sobre salários e cargos, a CET é uma verdadeira caixa-preta, onde é impossível saber o impacto que tais assessores (chegaram a ser mais de 30) oneram a folha.
Mas é possível avaliar o peso em termos financeiros. Na comparação dos balanços entre 2015 e 2016, os encargos sociais e previdenciários saltaram de R$ 1.861.637,3 em 2015 para R$ 11.328.567,73 um ano depois.
Conforme o balanço, a Prefeitura de Santos deve à CET R$ 4,6 milhões, sendo que parte refere-se ao exercício de 2005. O passivo não circulante (parcelamento de dívidas referentes a impostos e encargos sociais e previdenciários) atinge a soma de R$ 40,2 milhões. Em 2013, era de R$ 27,4 milhões.
Apesar do crescimento da dívida, alguns serviços tiveram redução: por exemplo, em 2013, foram executadas 17.501 intervenções nos semáforos contra 2.702 em 2016. Também houve diminuição em 175 mil km percorridos pelos agentes de trânsito na malha viária do município e redução em 72% no atendimento ao público pelo 08007719194.
Por sua vez, cresceu em 29% o volume de atendimentos a guinchamentos, como estacionamento irregular, acidentes e veículos quebrados ou abandonados, e de 13,2% no volume de passageiros transportados pelos bondes turísticos.
A Rodoviária de Santos também registrou um aumento de 3,8% no total de passageiros, apesar da redução no número de partidas de ônibus em 7,5% entre 2013 e 2016. Ou seja, os veículos saíram com menos assentos vazios da Rodoviária santista.
Outro lado
A reportagem do boqnews.com encaminhou solicitação de informação à Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Santos, mas não foi respondido até o momento.