Futuro da Cadeia Velha é alvo de polêmica em Santos | Boqnews
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Cultura

14 DE JANEIRO DE 2016

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Futuro da Cadeia Velha é alvo de polêmica em Santos

Duas correntes divergem quanto a ocupação do espaço da Cadeia Velha. Uma quer um centro cultural e a outra em museu

Por: Da Redação

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cadeia-velhaO destino da Cadeia Velha de Santos ganhou novos capítulos nos últimos dias. Fechado há mais de três anos para reforma, o uso do espaço foi tema de audiências públicas envolvendo a Secretaria de Cultura do Estado (responsável pelo local), Prefeitura e classe artística em meados de 2015. A vontade de uma corrente de pessoas ligadas a cultura santista é que a Cadeia Velha se torne um Centro Cultural, de forma a abranger diversas vertentes artísticas, como espaços para teatro, música, dança, intervenções, exposições e etc.

Contudo, nas últimas semanas, ganhou força uma proposta elaborada por uma segunda corrente de pessoas relacionadas à História e arte da Cidade, na qual se propõe a instalação do Museu Histórico de Santos, que apresentaria toda a história de Santos (períodos da Pré-História, Colonial, Imperial, Estado Novo, Período Militar, Quinta República, além de exposições sazonais). A Associação Museu Histórico de Santos é presidida pelo escultor Ricardo Mota, o Rica. Apoiam o grupo a historiadora Wilma Therezinha, os jornalistas Sérgio Willians, Adelino Rodrigues, José Carlos Silvares e Marli Nunes, o produtor Walmir Madeira e o empresário Toninho Campos.10003362_975488802484811_435498633857934446_n (1)

O grupo que defende o Centro Cultural, que já conta com diversos apoiadores, já rechaçava a ideia de um eventual museu no espaço da Cadeia Velha desde a época das audiências públicas do ano passado, quando sequer havia o projeto do Museu Histórico. Inclusive, à época, o tapume que envolvia a reforma ostentava a pichação “Não queremos mais um museu”. Procurada, a Secretaria de Cultura do Estado, disse que vai divulgar nesta sexta-feira (15) qual será a proposta acolhida.

Corrente pró Centro Cultural
O jornalista cultural e integrante do grupo pró Centro Cultural, Lincoln Spada, disse que uma carta de consenso assinada por 50 entidades culturais defende a ideia de que a Cadeia Velha deveria ser um antro de arte, oficinas e também de museologia, mas não exclusivamente para um acervo com uma mostra fixa. “A proposta é multiuso. Otimizar o espaço, valorizar os artistas locais com mais um espaço e com programação sempre renovada. O local é perfeito pela sua vocação histórica e plural. Além disso, a sua localização geográfica, próximo a rodoviária, é excelente para atender a demanda de artistas das cidades vizinhas, que tem poucas oportunidades onde residem”, afirma.

Spada fala também de uma oportunidade única de um modelo de gestão integrado com a comunidade. ” Um conselho gestor envolvendo todos os agentes culturais evitaria uma terceirização do local. Não quero entrar no mérito se Organização Social (OS) é bom o ruim. Temos bons e maus exemplos. Mas, experimentar uma gestão compartilhada e democrática seria o ideal. Gostaria que o Centro Cultural fosse gratuito. Não gostaria de pagar para entrar em lugar que cresci indo de graça. Vejo que a proposta do museu não é tão plural quanto a nossa e é um pouco mercantilista. Por exemplo, no local que queremos fazer uma biblioteca, querem fazer uma loja de suvenires.

Segundo o jornalista, a maioria das pessoas que defende o Centro Cultural não é contra o Museu Histórico, especificamente, e sim contrário à instalação dele na Cadeia Velha. “Existem outros espaços que precisam ser ocupados, como a Casa da Frontaria Azulejada, Outeiro de Santa Catarina e até os armazéns do Valongo. Tenho certeza que o empresariado vai se mobilizar para revitalizar espaços para contar a história da Cidade. E outra, se na sexta disserem que vai ser Centro Cultural, segunda-feira iniciarei a campanha do museu em outro lugar “.

Corrente pró Museu Histórico
O presidente da Associação Museu Histórico de Santos, Ricardo Mota, o Rica, afirma que a ideia de se rechaçar um museu é um absurdo, quase um crime. “A ideia de fazer o Museu Histórico de Santos surgiu há uns quatro, cinco meses. Foi motivado pela riqueza histórica da nossa Cidade, uma das maiores do Brasil. A partir daí, nos organizamos para tentar viabilizar esse projeto de extrema relevância cultural. A intenção é fazer um local multimídia, digital, moderno, nos moldes do Museu da Língua Portuguesa de São Paulo”, diz. A partir daí, a Associação foi verificar a condição de alguns espaços que poderiam ser pleiteados.

“No começo nem pensávamos na Cadeia por causa das obras e também porque estava tudo nebuloso. Diante disso, cogitamos a Casa da Frontaria Azulejada, mas verificamos que aquele espaço precisaria de uma edificação, demandado um custo absurdo. Também pensamos no Museu Pelé, que atualmente possui espaços ociosos. Decidimos então consultar o Ministério Público para verificar as possibilidades. Nisso descobrimos que a reforma da Cadeia Velha foi feita especificamente para abrigar um museu, conforme projeto de restauro do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Vimos então essa oportunidade. Elaboramos um projeto em cima da planta da Cadeia com as pessoas da nossa associação”.

Após a elaboração do projeto, a Associação não recebeu qualquer resposta oficial da Secretaria Estadual de Cultura ou da Prefeitura de Santos. À medida que a proposta do museu foi ganhando espaço, discussões mais acaloradas tomaram conta das redes sociais. “Tem um pessoal nos criticando, dizendo que estamos envolvidos com empresários. O único que está conosco é o Toninho Campos, que é o pulmão do Curta Santos. Existem pessoas que estão chegando ao ponto da ofensa pessoal, a discussão não está em alto nível”, afirma Rica.

Segundo ele, ao contrário do que muitos pensam, a proposta do Museu Histórico não se resume a museologia. “Está prevista uma ocupação na Praça dos Andradas. Teremos um monte de atividades, incluindo música e teatro. A nossa proposta está compatível com o projeto de restauro da Cadeia Velha. Deve-se respeitar o que foi estabelecido pelo Iphan. Deixo a seguinte pergunta:  Quem vai pagar a conta se a cadeia velha for usado para esse fim? É o próprio Estado ou uma OS”, enfatiza.

Posições
Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Cultura preferiu não manifestar preferência por um dos dois projetos, dizendo que a responsabilidade do espaço é do governo do estado. A Secretaria Estadual de Cultura, disse que vai divulgar sua decisão nesta sexta-feira (15).

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