As eleições municipais em Santos, que caminhavam para um cenário político totalmente masculino e onde dois dos principais nomes que despontavam nas pesquisas optaram em abrir mão de concorrer ao Executivo, pode ganhar uma novidade responsável em ‘esquentar’ as prévias e o próprio pleito.
E sob a ótica feminina.
O Boqnews apurou junto a políticos locais que a vereadora Audrey Kleys (Progressistas) teria colocado seu nome à disposição do partido para ser pré-candidata à Prefeitura de Santos.
A decisão final, porém, depende do presidente estadual da legenda, o deputado federal Guilherme Mussi.
O Boqnews aguarda posição da agremiação estadual sobre o assunto.
Audrey teria recebido um abaixo-assinado de pré-candidatos da legenda à Câmara para que concorra à sucessão municipal, a medida que houve a desistência do deputado estadual Kenny Mendes, do mesmo partido, em concorrer à Prefeitura.
Além disso, outros partidos teriam feito consulta à parlamentar para saber sobre seu interesse com o objetivo de buscar uma renovação na política municipal.
Caso a legenda resolva não lançar candidatura própria, Audrey sairá candidata à reeleição ao Legislativo, em busca do seu segundo mandato.

Após receber abaixo-assinado de pré-candidatos da legenda, Boqnews apurou que a vereadora contatou o diretório estadual e se colocou à disposição para disputar o Executivo santista em novembro. Foto: Boqnews/Arquivo
Mulheres
Por sua vez, se o Progressistas confirmar a candidatura da parlamentar, Santos terá pelo menos uma representante feminina na disputa eleitoral ao Executivo.
Caso contrário, será a primeira eleição neste século que isso não ocorrerá.
E após 28 anos.
Em diferentes ocasiões já concorreram nomes de destaque, como as então deputadas Telma de Souza, Maria Lúcia Prandi, Mariângela Duarte, além de Débora Camilo, Carina Vitral, e Eneida Khoury.
Todas candidatas por partidos de esquerda, como PT, PCdoB, PSB e PSOL.
Desta vez, nenhuma das agremiações que pretende lançar candidatura própria tem alguma mulher como pré-candidata na cabeça de chapa.
Vale lembrar que desde a conquista da autonomia política, nos anos 80, apenas em uma eleição nenhuma mulher concorreu ao Executivo.
Isso ocorreu em 1992, quando cinco homens disputaram os votos dos eleitores: David Capistrano (PT), Vicente Cascione (PDS), Beto Mansur (PDT), Oswaldo Justo (PMDB) e Koyu Iha (PSDB).
Na ocasião, o médico e ex-secretário de Saúde, David Capistrano (PT) foi eleito, após suceder a então prefeita e atual vereadora, Telma de Souza (PT).
Aliás, única mulher a ocupar o principal cargo no Executivo até hoje.

São quase 33 mil mulheres a mais em Santos em relação aos homens, o que faz a cidade com o maior número de mulheres na comparação com os homens entre os 645 municípios paulistas. Foto: Divulgação
Santos, a cidade mais feminina no Estado
Vale lembrar que Santos é a cidade mais feminina do Estado.
Conforme dados da Fundação Seade e divulgados pelo Boqnews em março, em Santos elas representam 53,8% da população contra 46,2% dos homens.
Em números são quase 231 mil contra 198 mil.
Ou seja, em termos proporcionais, para cada 100 mulheres existem 85,7 homens.
Na Baixada Santista, as mulheres representam 52% do total de moradores.
E no Estado, são 51% da população, com idade média de 37,3 anos e expectativa de vida de 80 anos.
Portanto, as mulheres paulistas vivem, em média, 6 anos a mais que os homens.
Por qual razão líderes nas pesquisas desistem?
Uma curiosidade marca este período pré-eleitoral.
Os líderes em pesquisas eleitorais desistem de concorrer na hora H.
Foi o caso de Kenny, que liderava todas as pesquisas, mas voltou atrás meses depois.
Alegou que a entrega de um cheque referente aos seus proventos como parlamentar para o combate da Covid-19 à secretaria de Saúde no valor de quase R$ 20 mil poderia impugnar sua candidatura em razão do período eleitoral.
Para não arriscar, segundo ele, optou em não concorrer.
Com a saída de Kenny da disputa, ganhou corpo o nome da deputada federal, Rosana Valle.
Eleita pelo PSB, com aval do ex-governador Marcio França, presidente da legenda em São Paulo, e do prefeito Paulo Alexandre, que apoiou França contra o atual governador João Doria nas eleições de 2018, a deputada disse em entrevista ao Santa Portal nesta semana que não será candidata “em respeito aos votos obtidos na Baixada Santista e Vale do Ribeira”.
Ao contrário de Kenny, Rosana nunca disse publicamente que entraria na disputa, mas seu nome ganhou força em razão da desistência do deputado estadual.
Ao Boqnews, disse que decidiria até a convenção da legenda, fato antecipado agora.
Sem surpresa, o PSB vai apoiar o candidato do governo, o ex-secretário Rogério Santos (PSDB).
Aguardando resposta
O Boqnews aguarda posição da agremiação sobre o assunto, após contato com o diretório estadual.