Em nível nacional, a Câmara dos Deputados teve renovação de aproximadamente 40%, com o ingresso de novos representantes federais. Seguindo esta tendência, dos três candidatos eleitos pela região apenas um (Beto Mansur, do PRB) tem experiência na função federal e conseguiu a reeleição. Já João Paulo Tavares Papa, do PSDB, que obteve o maior número de votos da Baixada Santista (117.590), e Marcelo Squassoni, do PRB, atuarão pela primeira vez como deputados.
Assim também aconteceu na esfera estadual. Caio França, do PSB, e Paulo Correa Jr., do PEN, também atuarão pela primeira vez na Assembléia. A exceção é Cassio Navarro, do PMDB, que já atuou dois anos como suplente. Neste caso, a renovação também aconteceu em relação à faixa etária, com políticos mais novos do que nas eleições passadas.
Neste cenário, ao todo seis deputados, três de cada esfera, representarão a Região Metropolitana da Baixada Santista. De acordo com o consultor de marketing político, Iberê Sirna, em relação a quantidade a representatividade regional diminuiu em relação ao último ano. Entretanto, Iberê analisa que ficou mais pluralizada com candidatos de Guarujá, São Vicente, Praia Grande e Santos, sem contar com Samuel Moreira, que representa o Vale do Ribeira e Litoral Sul, e também Bruno Covas, com suas raízes em Santos.
O resultado do último domingo (5) também demonstrou que o eleitorado regional optou em votar por candidatos de fora da região, com destaque para Celso Russomano e Tiririca.
Em Santos, na esfera estadual, por exemplo, pela primeira vez em muitos anos quase não foi eleito um representante. O candidato Paulo Correa Jr conseguiu a eleição nas últimas urnas, favorecido pelo processo eleitoral proporcional.
Outro ponto que chama atenção é a falta de representantes do sexo feminino. Nesta eleição, as principais candidatas Telma de Souza, Mariângela Duarte e Maria Lúcia Prandi ficaram de fora. O cenário, como lembra Iberê, vai na contramão da tendência nacional que aumentou o número de parlamentares mulheres.
Processo eleitoral
Para Iberê, o sistema democrático das eleições atualmente tem que ser discutido e reavaliado. “A matemática do voto proporcional deveria ser revista. Elege-se, principalmente, quem consegue entrar nas regras do jogo, que prioriza os partidos e coligações”, ressalta.
Para o atual deputado João Paulo Tavares Papa, o voto distrital é a melhor solução para que as campanhas se tornem mais igualitárias, baratas e que cada região seja representada de maneira mais direta. O deputado, que fez campanha apenas na Baixada Santista, colocou em prática o que defenderá na Câmara, e obteve 85,5% (100.627) dos votos oriundos de moradores da região.
Desafios regionais
A Baixada Santista está em pleno desenvolvimento e precisa enfrentar desafios em áreas importantes para que as cidades diminuam, principalmente, as desigualdades sociais. Para a maioria dos eleitos (veja as prioridades no quadro acima), a área da saúde pública deve ser prioridade, principalmente no que se refere à construção de um Hospital Regional de Saúde Pública em São Vicente.
Mobilidade urbana e geração de emprego também são apontados como prioridades entre os candidatos. Outra questão de destaque será a atuação conjunta para a região começar a pensar e agir realmente de forma metropolitana.
Deputados federais
Papa/PSDB – 117.590 VOTOS
“A Baixada Santista tem muitos desafios. É uma região pequena, com nove municípios e mais de 1,6 milhão de habitantes, mas é muito desigual. Tenho a visão que uma região metropolitana como a nossa só é capaz de superar seus maiores desafios se tiver um comportamento metropolitano. É possível construir a mentalidade política regional, porém, enquanto isso não ocorre temos que olhar para os problemas objetivos da população a começar com a desigualdade econômica (…) e na área da saúde. Para ser mais preciso, a falta de um Hospital Regional em São Vicente”
Beto Mansur – PRB – 31.301 VOTOS
“Trabalharei para fiscalizar as operadoras do setor de telecomunicações, para que prestem serviços de melhor qualidade para a população, inclusive ampliando a qualidade do sinal e a área de cobertura. Um dos focos também será a área portuária e acompanhar a aplicação dos recursos que conquistamos para a região, por meio do Ministério das Cidades, que visam eliminar os gargalos viários (…) Também defendo que as verbas do pré-sal sejam utilizadas nas construções de hospitais regionais e ampliação das escolas
em tempo integral para toda Rede Pública do País”
Marcelo Squassioni – PRB 30.315 VOTOS
“O maior desafio da Baixada Santista, a meu ver, é ser de fato uma região metropolitana, não apenas no que se refere aos modais de transporte (que todos apontam como a nossa grande deficiência), mas principalmente na formulação de políticas públicas conjuntas, que melhorem como um todo a saúde, a segurança, a educação, assim como outras questões que afetam diretamente o cotidiano dos moradores de nossa região. A cobrança da taxa de laudêmio, por exemplo, é algo que precisa ser repensada. É uma cobrança arcaica, injusta, que bitributa o contribuinte. E o pior de tudo é que ela não cria qualquer receita à União”
Deputados Estaduais
Caio França – PSB – 123.138 VOTOS
“A grande tarefa é aproximar o mandato das pessoas. Temos muitas coisas para fazer pela Baixada, com relação à mobilidade urbana, acompanhar de perto a obra do VLT, que precisa ser ampliado para a Área Continental de São Vicente. A questão da saúde pública é outro foco. Hoje, o atendimento é muito centralizado em Santos, que absorve a demanda regional. Precisamos ampliar a rede de hospitais e leitos, e São Vicente precisa participar disso (…)”
Cássio Navarro – PMDB – 50.093 VOTOS
“Minha proposta é buscar recursos para melhorar nossa segurança pública, aumentando o efetivo policial e sua estrutura, para que o cidadão de bem possa ir e vir (…) Quero me empenhar pela saúde pública, buscando mais leitos para nosso hospital e melhor estrutura para os hospitais de municípios vizinhos (…). Na saúde, busco implantação do Centro de Tratamento para problemas renais e de câncer, propostas que defendi em meu primeiro mandato (…)”
Paulo Correa Jr. – PEN – 38.489 VOTOS
“Minhas principais bandeiras são assistência social e saúde. No social, acredito que o governo deva investir mais e fazer parcerias com associações e ONGs, por exemplo, em relação ao problema com as drogas. Devemos investir mais em casas de recuperação, pois além de ser um problema de saúde, é também de segurança. Devemos ir na base do problema. Só assim resolveremos outras áreas. Temos que lutar para trazer um novo Hospital Regional em São Vicente (…)”
Segundo Turno acirrado
No estado de São Paulo, o eleitor votará no segundo turno, dia 26, apenas para presidente da República. A disputa mais uma vez está polarizada entre PT, com Dilma Rousseff, e o PSDB, com Aécio Neves e deve ser uma das mais acirradas dos últimos anos.
Os ataques de ambos os lados tem sido intensos, principalmente nas redes sociais. A campanha na rua e televisão recomeçou na última quinta (9). Aécio anunciou a adesão de siglas não aliadas no primeiro turno, como o PSB, PV, PSC e PPS; já Dilma intensificou a campanha no Nordeste, onde teve o melhor resultado.
Segundo as primeiras pesquisas de opinião (Datafolha e Ibope), o tucano aparece à frente da petista, mas ambos estão empatados dentro da margem de erro: 46% x 44%. Os indecisos somam 6%.