Baixada Santista tem déficit de quase 1.500 leitos SUS e não SUS | Boqnews
Foto: Fernando De Maria Encontro Condesb discutiu o tema saúde regional

Saúde

29 DE JUNHO DE 2017

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Baixada Santista tem déficit de quase 1.500 leitos SUS e não SUS

Encontro reuniu autoridades políticas e da área da saúde para discutir os déficits do setor e necessidade de união para solicitar mais verbas

Por: Fernando De Maria

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Encontro reuniu prefeitos, vereadores e secretários de saúde das cidades da Baixada Santista, em Praia Grande. Foto: Fernando De Maria

Os números na área da Saúde não costumam ser animadores.

E pioram quando se tratam de dados da Baixada Santista. O déficit regional de leitos chega a 793 para o SUS e 691 para não SUS, totalizando 1.484 vagas a menos que contribuem para dificuldade nas internações, especialmente nas cirurgias eletivas, quando não são emergenciais – o que é considerado subjetivo, pois quanto mais tempo um paciente demora para ser operado, maior o grau de risco.

Assim, muitos morrem no meio do tratamento antes de serem chamados para as cirurgias.

Somente na comparação do primeiro quadrimestre do ano passado com o mesmo período deste ano já se percebem as dificuldades que o munícipe da Baixada Santista enfrenta para conseguir um leito.

Neste período houve uma queda de 3.931 internações, caindo de 19.564 para 15.633 (-20,09%). É como se uma a cada cinco internações deixasse de existir neste curto espaço de tempo, que é determinante para algumas doenças, como neoplasias (câncer).

E o pior: o total de leitos SUS disponíveis/1000 habitantes vem caindo sistematicamente: 1,73 em 2013/ 1,67 em 2014 e 1,57 em 2015. A Baixada é a região paulista que oferece a menor quantidade de leitos SUS aos munícipes, mesmo atendendo a demanda crescente de sazonalidade, que são os turistas e veranistas, alguns habituados a descer ao litoral todos os finais de semana.

Motivo desta queda de oferta de vagas: menos recursos públicos enviados ao setor para a Baixada Santista. “Muitos hospitais estão fechando leitos por não terem condições de mantê-los”, explica o presidente do Condesb – Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista e prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão (PSDB).

E a crise não é pode ser considerada como a principal culpada. A diminuição de recursos é crônica. Por isso, Mourão defendeu maior união dos políticos da região. “No interior, independente da sigla partidária, eles brigam entre si, mas na hora de reivindicar verbas junto aos governos do Estado e da União eles se unem. Aqui isso não ocorre”, lamenta.

Na quinta (29), ele reuniu um número considerável de prefeitos (além dele, vieram os de Cubatão, Bertioga, Guarujá, Peruíbe e o vice de Santos), além de 104 dos 134 vereadores das nove cidades da Baixada Santista, deputados e secretários no auditório do Palácio das Artes, em Praia Grande. Foi o maior evento que o Condesb já promoveu.

Menos recursos

Enquanto a média per capita à saúde de verbas/habitante no Brasil é de R$ 181,00 e no Estado de São Paulo de R$ 189,00, na Baixada são R$ 136,00. Santos recebe R$ 238,00 – valor que só perde para a região de Batatais – ou seja, a Cidade recebe verbas prevendo a demanda regional, como lembra o especialista em finanças públicas e jornalista, Rodolfo Amaral, que expôs em números o tema Saúde Regional – Análise Operacional e Financeira. No entanto, no todo, os números se diluem em razão da elevada demanda e carência nas cidades vizinhas.

Amaral destaca que o Governo do Estado prioriza a Capital e Grande São Paulo na oferta de leitos, enquanto a Baixada Santista fica à mercê da própria sorte. Por exemplo, enquanto 60% dos pacientes SUS na Capital são internados em hospitais controlados pelo Estado (na Região Metropolitana são 55%), na Baixada este índice chega a 20%. “Pelo menos 65% dos recursos de saúde investidos no Estado de São Paulo se concentram na Capital e Região Metropolitana de São Paulo”, destaca Amaral.

E mesmo nos 35% restantes, a região perde espaço em comparação com outras localidades. O Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, recebe 1/5 do valor destinado à unidade pública de Ribeirão Preto, por exemplo. “O problema ocorre há décadas sem que algo seja feito”, destacou em sua apresentação à plateia lotada.

Oncologia

Para se ter ideia no último ano surgiram 6.044 casos novos de oncologia na região. São necessários cerca de R$ 25 milhões de investimentos para atendimento aos pacientes que necessitam deste tipo de tratamento, considerado de emergência em razão da gravidade.

Porém, os dois hospitais públicos e conveniados que fazem este tipo de serviço (Guilherme Álvaro, em Santos, e Santo Amaro, em Guarujá, já ultrapassaram os valores previstos para serem investidos neste ano). Um dilema de difícil solução.

Não é a toa que a região tem o maior índice de mortalidade infantil e de no Estado e também lidera o ranking de casos de neoplasias, títulos que não merecem ser comemorados. Os resultados apresentados

Mais dados

Outros dados foram apresentados pela diretora do Departamento Regional de Saúde, Paula Covas Borges Calipo, que elencou o raio-X da saúde na região, mostrando dados inéditos.

Ela anunciou que o Ministério da Saúde deve promover um mutirão da saúde para cirurgias de cataratas e varizes a partir de julho em razão de solicitação de órgão para atendimento à extensa fila de espera de pacientes.

E um novo equipamento será entregue para fazer cateterismo no Hospital Guilherme Álvaro. “Mesmo assim, será insuficiente para atender a demanda elevada”, acrescentou.

Representando os colegas, o secretário de Saúde Pública de Praia Grande, Cleber Suckow, expôs alguns dos principais problemas sentidos pelas respectivas pastas, aos quais os municípios precisam arcar cada vez mais com este tipo de atendimento sem as devidas contrapartidas da União e do Estado.

Entre os tópicos, ele enumerou a diminuição no total de leitos SUS na Santa Casa e Beneficência Portuguesa, além do contingenciamento no Hospital Irmã Dulce, o déficit de R$ 100 milhões no repasse de verbas MAC (média e alta complexidade) para a região para atendimento nas áreas de ortopedia, cardiologia, oncologia e leitos de UTI e fechamentos de hospitais em Mongaguá, Itanhaém e Cubatão, este último com perspectiva dos serviços serem retomados em setembro.

Todos os dados foram reunidos pelos secretários de saúde e técnicos da área em parceria com o órgão estadual.

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