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Natasha Guerrize/Arquivo Boqnews

Idosos

01 DE AGOSTO DE 2014

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Capacitação de cuidadores cresce em Santos

Curso promovido para qualificar acolhimento de idosos teve 50 inscrições em menos de uma hora; lidar com a fase também depende de planejamento familiar

Por: Da Redação

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Durante nossa vida, somos programados a fazer diversos planos. Estudar, passar no vestibular, trabalhar, casar e formar uma família. Entretanto, o aproximar da terceira idade (a partir dos 60 anos) projeta uma falsa impressão de que não há mais nada a ser feito. “Existe um mito de que um idoso não tem capacidade de ser mais útil à sociedade”, diz a diretora da Associação S.O.S Idosos, Flávia Valentino.

Essa visão muitas vezes equivocada acontece pela ausência de planejamento tanto da pessoa que entra na terceira e quarta idades quanto da própria família dessa geração. Em termos pragmáticos, muitas das famílias não se programam em acolher e entender a realidade do idoso. Por sua vez, esse mesmo idoso sequer se preparou para se adaptar à transição do envelhecimento quando jovem/adulto. Essa etapa lhe parece absurda? Por mais incomum e inusitado, trata-se de um dos maiores desafios para uma sociedade que cresce em expectativa de vida, ainda com a carência da aceitação de uma condição etária mais avançada.

Em Santos, por exemplo, quase 20% da população é representada por idosos, o que simboliza o dobro da média nacional. Outro dado interessante é o número de clínicas de repouso na cidade: 41 – todavia, somente particulares. Apenas três apresentam vagas para quem não dispõe de dinheiro para pagar, por conta do convênio com a Prefeitura. Dentro dessa realidade, que transmite um simbolismo de maior qualidade de vida para essa faixa etária, a demanda por capacitação ao idoso aumenta – tanto para quem está chegando à fase quanto para as próprias famílias.

Qualificação
Um exemplo de capacitação acontece na Associação S.O.S Idosos, que está há quase dez anos em atividade em Santos e possui reconhecimento e parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. O direcionamento da entidade é justamente no fornecimento do curso livre tanto para profissionais com formação na área de saúde (enfermeiros, técnico em gerontologia, entre outros) quanto para pessoas que buscam um perfil humanizado para acolher e administrar a vida do idoso com equilíbrio. Estabilidade essa que envolve a proporção entre as limitações e a potencialidade de inclusão nas atividades sociais.

A associação e o curso foram desenvolvidos por Creusa Nogueira. Tudo começou quando a presidente do S.O.S Idosos conheceu o casal Miguel e Nicolina. Na ocasião, seo Miguel foi acometido por uma isquemia cerebral (um tipo de Acidente Vascular Cerebral – AVC) que impactou o dia-a-dia de dona Nicolina.

Percebendo o sofrimento da família, Creusa reconheceu a necessidade de formação especializada para cuidar dos idosos. “Quando somos jovens, não pensamos em envelhecer. O sofrimento da família em lidar com os problemas de uma pessoa mais velha enferma é grande. É compreensível, mas é preciso conhecer e estar preparado”.

O curso, por exemplo, possui 13 módulos diferentes com duração média de cinco meses. Em quase dez anos, já foram formados cerca de 350 cuidadores, estes que estão no banco de dados da própria associação e são recrutados para trabalhar na casa de uma família como cuidador particular, sendo que há reposição caso o profissional se ausente em um dos dias. “Damos toda a assessoria para as famílias que nos procuram e indicamos os profissionais”, diz.

Quarta idade
Para explicar a importância dos cuidados com a chamada Oldy Old (a quarta faixa etária, que representa acima dos 75 anos) conforme a literatura geriátrica, o coordenador do Centro de Estudos do Envelhecimento da Unifesp, Fernando Bignardi, cita uma pesquisa feita durante 20 anos na Vila Clementino, em São Paulo, onde se tem o programa Bairro Amigo do Idoso.

“Constatamos que envelhecer bem é manter a capacidade funcional com autonomia”. Bignardi também ressalta que dois fenômenos contribuem para as dificuldades de adaptação a uma nova fase de vida. Primeiro, o fato da nova geração dos idosos enfrentar as diversas doenças crônicas, que como o próprio nome diz, são incuráveis – ou que ainda não se têm cura. “Antes, as doenças infecciosas eram o problema do processo de envelhecimento. Hoje, não mais”.

O segundo imbróglio, na visão do especialista, tem relação com a própria história. “A Revolução Industrial fracionou o conhecimento do ser humano. As empresas visaram muito o lucro, o trabalho excessivo, que geram alta carga que futuramente atingirá a melhor idade”.

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