Em tempos de pandemia, evitar a aglomeração é uma das medidas de segurança. No entanto, nem todas as pessoas têm este direito. Os ciclistas que utilizam a travessia de balsas entre Santos e Guarujá precisam lidar com as embarcações lotadas, principalmente nos horários de pico.
O problema da lotação é antigo. Em abril, início da pandemia, a Dersa citou que diminuiu o número de passageiros por viagem para 150. Todavia, isso não era visto, principalmente no fim da tarde. A situação pouco mudou no decorrer da pandemia. É importante frisar que a atribuição do núcleo de travessias passou da Dersa para o Departamento Hidroviário – DH, conforme decreto estadual publicado neste ano.
Ao longo da última semana, a equipe de reportagem do Boqnews percorreu a travessia em diferentes horários ao longo dia. Logo no início da manhã, a aglomeração do lado de Guarujá chamou a atenção, onde ciclistas ficam próximos um ao outro, esperando o portão abrir. E quando a balsa chega, ela fica completamente lotada.
O mesmo acontece no outro lado, entre 16h e 19h, reflexo da volta dos trabalhadores que atuam especialmente em Santos. O panorama fica ainda pior, pois no lado de Santos, o espaço para a entrada das bicicletas é curto, provocando um distanciamento menor das pessoas, que ficam praticamente coladas. Assim, que as embarcações prosseguem as balsas utilizam quase sua capacidade máxima.
De acordo com o usuário Wesley Silva, as aglomerações acontecem todos os dias, nos mesmos horários. Segundo ele, o cenário na travessia é o mesmo que aconteceu antes da pandemia. Vale destacar que em outros horários as embarcações de menor pico, elas voltam a ter uma normalidade, sem a aglomeração.
Departamento Hidroviário
Questionado sobre os problemas, o Departamento Hidroviário emitiu a seguinte nota “A Travessia Santos/Guarujá possui embarcações mistas (veículos, ciclistas e pedestres). Quando a embarcação atende somente ciclistas e pedestres, é transportado por viagem até 50%. Em horários de pico, operamos com duas embarcações para atender a demanda e reduzir o tempo para embarque”.
Cenário
Mesmo com o aumento no número de casos da pandemia, a travessia não possui álcool em gel ou limpeza entre as viagens. A aglomeração nas embarcações desde o início da pandemia acaba sendo um símbolo, pois as autoridades estaduais promovem campanhas a favor do distanciamento e dos protocolos de segurança contra a Covid-19. A incoerência por parte dos usuários acaba sendo um ponto chave para a possibilidade da disseminação do vírus.
Muitos passageiros ficam sem máscara e alguns acabam até espirrando sem a proteção, agindo como se não houvesse a pandemia.
É importante citar que para entrar nas embarcações é necessário o uso da máscara, porém quando os usuários entram, alguns tiram o acessório, além de não o utilizarem na fila até entrar na balsa.
Antigos problemas
Uma das maiores reclamações por parte dos usuários é o tempo de espera entre as embarcações. Porém, o problema não é de hoje. Com apenas uma balsa em operação em determinadas horas do dia, os passageiros esperam mais de 30 minutos para realizar a travessia. O cenário é ainda pior nos fins de semana. Os ciclistas que chegam ao local e se deparam com a saída da balsa ficam irritados já que o tempo de espera é longo.
A questão da infraestrutura também chama a atenção. No lado de Santos os corrimãos estão enferrujados e as rampas de acesso podem danificar os pneus das bicicletas. Há também falta de coletes para crianças. Segundo o Departamento Hidroviário, as embarcações possuem quantidade de coletes para adultos e crianças suficientes para atender o volume transportado, conforme normas da Autoridade Marítima Brasileira.