Comerciantes relatam os impactos causados por conta das obras da 2° fase do VLT | Boqnews
Foto: Nando Santos

Santos

13 DE JUNHO DE 2025

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Comerciantes relatam os impactos causados por conta das obras da 2° fase do VLT

Comércios fechados, casas escoradas e rachaduras no asfalto são consequências dos serviços

Por: Da Redação

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Com a expectativa de melhorias no transporte público, as obras da segunda linha do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) em Santos tem causado insatisfação entre moradores e comerciantes. Antes mesmo da inauguração, sem previsão, as obras geram danos à infraestrutura em alguns trechos onde o modal circulará, como rachaduras nas ruas, casas escoradas, fechamento de estabelecimentos comerciais e a ausência de um sistema de drenagem eficiente – previsto e não realizado. Afinal, com as fortes chuvas, trechos do VLT, como na Rua Campos Mello e na Avenida Campos Salles, alagam.

Nesta sexta-feira (13), durante visita em Santos, o governador de SP, Tarcísio de Freitas, mencionou que as obras estão na fase de sistema de comunicação para poder funcionar de forma plena – hoje são realizados testes. O governador, aliás, gravou vídeo com a deputada Solange Freitas (União) dentro do veículo para acompanhar um teste do VLT e prometeu intensificar os testes nesse período para poder entregar o modal com maior agilidade.

Casas escoradas na Rua Dr. Cochrane, no Paquetá. Foto: Nando Santos

 

Rachadura na Rua Luiz de Camões com Rua Cunha Moreira, na Encruzilhada. Foto: Nando Santos

 

Comércio

O comerciante Hélio Alves, que tinha uma oficina mecânica na Rua Campos Mello, teve que trocar de endereço por conta da perda de referência numérica. “Com as obras do VLT, ocasionaram a falta de estacionamento e acesso à oficina com várias restrições”.

Comércios fechados na Rua Campos Mello, Vila Mathias. Foto: Nando Santos

Agora ele mudou-se para Rua Silva Jardim, paralela. Alves menciona que na visão dele se houvesse um planejamento, a oficina teria uma programação do tempo que ficaria fechada, se adequando para a construção do VLT. “Isso nós não tivemos. Então, isso nos afetou praticamente 100%. Ficamos sem referência de rua, porque já começaram fechando na Avenida Afonso Pena, que é a principal via de acesso à Rua Campos Mello, atrapalhando bastante. Podem falar que existem outros caminhos, como a Conselheiro Nébias, mas a obra começou a tomar uma dimensão e com isso, perdemos a referência da rua e o acesso à oficina”.

Ele cita que o desafio foi ter que alugar um outro espaço para atender o cliente e para não perder contratos – chegou a perder dois considerados de elevado porte – devido às dificuldades de acesso à sua própria oficina. “O guincho chegava no local, mas como não tinha acesso, ele ia embora. Perdemos o credenciamento, ou seja, perdas atrás de perdas.”

 

Outra loja

Caso semelhante ocorre com o comerciante Carlos Câmara que tem uma loja de instalações comerciais.  Ele lembra que a loja funcionava na Rua Campos Mello, mas a fechou em 2019. Está de volta à mesma via, mas em outro endereço. “Essa obra me afetou na época uns 80% na queda das vendas. Tanto que houve um hotel que fechou por consequência dessas obras. A despesa que eu tinha era uma. Estava tudo dando certo, depois começou a cair o faturamento. Eu não tinha condições. Então, tive que mudar para poder aliviar a despesa. Caso contrário, fechava tudo.”

Ele recorda a dificuldade de manter uma estrutura bem maior com mais despesas e funcionários (na ocasião tinha três). Agora, ele trabalha sozinho por conta dessa situação.

 

Mais problemas

Além disso, na Rua da Constituição, o comerciante Antonio Carlos Araujo Simões, que trabalha com cozinhas industriais, também sofre com as obras.  “Ficamos dois meses tendo que carregar e descarregar equipamentos, ferramentas e matéria-prima, a uma quadra de distância, o que atrasou bastante alguns serviços e causou muitas horas de trabalho a mais do que normalmente teríamos para carregar e descarregar, além do custo com estacionamento para nossos veículos. Também sentimos uma diminuição significativa nas vendas em nossa loja desde o começo da obra, inclusive com a diminuição também muito grande da passagem de veículos, a qual antes da obra, tinha uma movimentação muito mais intensa.”

Ele cita que não vê sentido a obra nessa região e até o momento apenas trouxe muito mais dissabores do que progresso. “Tanto nesta rua, como em diversas outras, como por exemplo, Campos Melo e Amador Bueno, o comércio, pelo que escuto de outros comerciantes e que também sentimos, houve queda significativa de faturamento.”

 

Amoccam

De acordo com o presidente da Associação de Moradores e Comerciantes da Campos Mello (Amoccan), José Resende, além de ainda não ter inaugurado o VLT, os serviços de reparos não terminam. “Os reparos que eles continuam fazendo é infinito. Eles vem e fazem o reparo. A associação faz a demanda dos reparos e cada vez que eles realizam, piora mais. Isso para a comunidade está cada vez mais afetada. Há um ponto grave que é a drenagem que não existia. Na época de chuva, a rua fica intransitável. Atualmente, eu mesmo já fui vítima. Eu estava na Rua Rodrigues Alves. Estava chovendo e eu não consegui chegar em uma oficina pela Rua Campos Mello”.

Já segundo o secretário da Amoccam, José Santaella questiona que o grande problema dessa obra é o legado. “O que traz o VLT 2 para a cidade? O que ele vai nos proporcionar? Até o momento nada. A entrega dele deveria ser março de 2023, depois foi adiada para julho 2024, agora para janeiro 2025. Hoje ele está com prazo previsto para julho de 2025. E ainda não há a licença de operação que não foi concedida pela Cetesb, porque existe uma série de pequenos problemas, que perturbam a população. Contudo, existem os grandes problemas da obra e um deles é a drenagem, que não funciona e não opera, foram feitas diversas intervenções ao longo da Campos Mello, e  onde não enchia hoje enche. Está perplexo o negócio”.

Além disso, ele não sabe se a obra será entregue ainda neste ano. “Uma obra que foi toda contemplada e contratada, hoje os R$ 217 milhões iniciais já estão em R$ 270 milhões e ainda tem licitações adicionais. Então, o legado para transportar 35 mil pessoas por dia não está entregue. Não está pronto e não sei se teremos durante este ano”.

Detalhes

Desse modo, Santaela comunica que hoje as obras estão sob o gerenciamento da Artesp. “O que a prefeitura não pode alegar é que é uma obra do Governo do Estado, porque estão nos documentos do contrato e nos termos referenciais (TR) que fazem parte da licitação que os técnicos da prefeitura iriam acompanhar e determinar todas as regras com relação a drenagem, sistema de sinalização de trânsito. Então a prefeitura foi parte integrante.”

Ele acrescenta que a prefeitura está com um processo de desapropriação dos imóveis escorados da Rua Dr. Cochrane. “Eram previstas 31 desapropriações e 6.300 m², no valor de R$ 25 milhões. Hoje está com mais de 36 desapropriações, beirando 38 com um valor global ao redor de R$ 35 milhões em desapropriações, mas o Governo do Estado deve aportar algum recurso. Aliás, tratavam-se de 14 estações do VLT, agora são 12″.

Então, um projeto desse demonstra que ele não foi maduro o suficiente, apesar de ter tantos técnicos e pessoas envolvidas, esse é o grande questionamento, ‘Cadê a obra operando, o trem passando?’  Atualmente, a Agência Reguladora de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp)  cuida da obra (a EMTU está em fase de liquidação)”Estamos torcendo para que ele (o governador) conduza isso e o custo é nosso.”

 

Cetesb

Sobre o andamento das obras, a Cetesb informou que recebeu a solicitação da EMTU de Licença Ambiental de Operação (LO) para o VLT Fase 2 – Trecho Conselheiro Nébias – Valongo e, no momento, aguarda a apresentação de informações complementares da empresa para a continuidade da análise do pedido.

 

EMTU

Em nota, a EMTU informa que os serviços conclusivos da segunda fase do VLT que seriam realizados pela EMTU, em fase de liquidação, estão em tratativas para serem feitos pela atual concessionária, com execução fiscalizada pela Artesp. São reparos na via, em calçadas e serviços que ainda não cumpriram as exigências para que a EMTU “em Liquidação” conceda o Termo de Conclusão da Obra.

Os testes diários com os VLTs prosseguem sempre por volta do meio-dia, sem passageiros. A operação assistida com passageiros tem início previsto para o próximo semestre, levando em conta a conclusão dos testes de rodagem do trem, de segurança e a instalação dos sistemas. Informações sobre o projeto poderão ser obtidas no site da EMTU, no Serviço de Informação ao Cidadão, ou pelo site fala.sp.gov.br.

Contudo, atrasos estão sendo devidamente responsabilizados à construtora. “Importante destacar que o empreendimento enfrentou desafios típicos de uma obra em área central adensada, com infraestrutura antiga, como é o caso do centro de Santos. Foi necessário modernizar redes de água e esgoto, além de ampliar a capacidade de drenagem para evitar alagamentos, o que exigiu a reestruturação dos dutos do subsolo e das vias. Também houve impactos logísticos, para não atrapalhar o tráfego local”.

“Com investimento total de R$ 693 milhões, o trecho Conselheiro Nébias-Valongo terá capacidade para transportar diariamente 35 mil passageiros. A obra trouxe modernização da infraestrutura subterrânea de drenagem e rede de esgoto, aumentando a capacidade de escoamento que evitará enchentes”.

 

Prefeitura de Santos

A Prefeitura de Santos informa que vem mantendo contatos com o Governo do Estado para tratar da entrega final da segunda linha do VLT. Ainda na segunda (9), representantes da Artesp estiveram na CET-Santos e, na ocasião, todo o trajeto da linha foi percorrido para que as pendências da obra sejam equacionadas o mais rápido possível.

A Administração Municipal também tem cobrado o início da operação comercial do sistema e está na expectativa de uma data a ser definida pelo Estado.

 

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