Crescimento no número de casos entre jovens demonstra a ineficácia da prevenção | Boqnews
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HIV

22 DE ABRIL DE 2016

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Crescimento no número de casos entre jovens demonstra a ineficácia da prevenção

Em Santos, a cada dia um novo caso é registrado. Índice tem aumentado entre os jovens homossexuais

Por: Da Redação

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Apesar dos avanços no combate às DSTs/Aids, no Brasil o número de jovens que contraem HIV aumenta a cada ano. É o que mostra o relatório anual da Unaids, programa das Nações Unidas sobre HIV. E Santos, que foi referência na luta contra a doença nos anos 80 e 90, segue esta triste tendência. A Cidade registra um novo diagnóstico de Aids por dia no sistema de saúde e a preocupação maior é entre os homens, jovens e homossexuais. A transmissão de hepatite B na população brasileira também continua crescendo, registrando 74% de aumento desde 2004.

Se de um lado as pessoas que são diagnosticadas já recebem no País o tratamento adequado com a oferta pelo SUS dos medicamentos, por outro as estatísticas mostram que se tratando de prevenção e controle algo está errado.

Nos últimos dias 18 e 19, a Cidade debateu o tema durante o Encontro da Região Sudeste sobre DST/Aids. Especialistas estiveram em Santos para discutir ações e os motivos para que os números voltem a crescer – principalmente – entre a população que foi a principal vítima no início da epidemia.
Para o doutor Chao Lung, chefe da disciplina de telemedicina da Faculdade de Medicina da USP, o problema nas campanhas de prevenção foi simplificar aceditando que palestras e panfletos seriam a solução e motivariam uma mudança comportamental. “Transmitir informação não é sinônimo de prevenção. Precisamos de estratégias que transformem o conhecimento em ação”.

Além disso, Chao acredita que a banalização da doença também contribui com estes números e o fato das grandes campanhas focarem apenas no preservativo é um erro. “Deveria se falar de sexo consciente. Pouco se fala das preliminares. Usando a camisinha se evita a Aids, mas a maioria das DSTs não”, explica.

O foco das campanhas, muitas vezes, é errado, segundo Chao. “A HPV, por exemplo, no primeiro momento teve um resultado de adesão bom porque ocorreu na escola. Na segunda fase quando as meninas precisaram ir até as políclinicas este número caiu. Neste caso, deveria mostrar o quão importante é tomar a vacina para se proteger futuramente e não vincular a ação com meninas que já fazem sexo ou não”, diz.

De acordo com o doutor Pedro Chequer, ex-diretor do Departamento de Aids e do Unaids no Cone Sul, o Brasil manteve a política nacional da década de 90 no que se refere ao tratamento, o que é essencial. Para se ter ideia, de 2009 a 2015, o número de pessoas em tratamento no SUS aumentou 97%, passando de 231 mil para 455 mil pessoas. “E existe ainda a necessidade de ampliar o diagnóstico. No Brasil, a cobertura não deve ser de 70% e é fundamental chegar em pelo menos 90% para oferecer tratamento adequado”. E, segundo ele, na prevenção, entretanto, houve um retrocesso em função, principalmente, de uma agenda conservadora imposta para trabalhar o tema com a população vulnerável e as escolas. “A Unesco tem uma proposta para se implantar nas escolas que merece ser discutida no País”, explica.

O que se destina para prevenção também deveria ser repensado. “Nosso receio é que este recurso possa ser colocado em risco devido ao momento atual. Não é uma tradição dos serviços de saúde pública investirem em prevenção, mas no tratamento, que é essencial, mas que ambos deveriam ser tratados como prioridade”, diz a coordenadora de Controle de Doenças de Santos, Maria Regina Lacerda.

Nas escolas
Em Santos, o projeto Jovem Doutor, idealizado por Chao Ling, é um bom exemplo de programa que tenta gerar conhecimento e ação como consequência, entre os estudantes dos ensinos Fundamental, Médio e Superio. Com quatro diferentes eixos, Chao trabalha os temas de maneira integral e criativa, transformando os estudantes em multiplicadores. “Mesmo a infraestrutura de Santos não sendo uma da melhores que recebe o projeto, a Cidade tem bom professores que vivenciam da melhor forma o programa com os estudantes”, destaca.

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