Construído em 1902, o Mercado Municipal de Santos tinha como principal objetivo a venda de frutas, hortifruti, peixes e carnes. Com um estilo acastelado, o prédio foi reformado em 1947 e em 1955 foi ampliado, recebendo o segundo andar, com as características atuais.
Naquela época, o Canal do Mercado, localizado à frente do local, transportava cargas e passageiros para navios e para o antigo Itapema, atual Vicente de Carvalho.
O transporte de passageiros ainda acontece e é curiosamente um dos meios que mais atrai pessoas ao local, que é hoje pouco frequentado. Principal ponto turístico em muitas cidades do Brasil, a exemplo de São Paulo e Salvador, o Mercado de Santos não se enquadra nas mesmas condições. Graças à falta de divulgação e projetos turísticos específicos, o local pouco chama a atenção de turistas e moradores da região.
A arquitetura, mal preservada, de estabelecimentos comerciais localizados no entorno ainda refletem resquícios do que um dia o lugar se pareceu.
Instalações
Atualmente, o Mercado Municial abriga 24 boxes alugados, dentre eles os de hortifrutigranjeiros, produtos orgânicos, floricultura, açougue e lanches. A grande maioria dos comerciantes do local trabalha com os boxes há muitos anos. É o caso de Edina Sueco Yogui, que cuida do espaço que foi iniciado pelo seus pais, há 60 anos. Graças ao tempo de trabalho ela pode dispor de um número alto de clientes. “Os fregueses que tenho são aqueles que compram conosco há anos. A maior parte vem do Gonzaga e Boqueirão. Temos clientes até da Ponta da Praia”, confirma.
Quando o assunto é atrair público novo, Edina comenta sobre a falta de divulgação. “A comunidade local não tem o costume de comprar aqui, porque são famílias com baixa renda. Se houvesse mais propaganda do Mercado as vendas e a captação de novos clientes seria facilitada”, comenta. “Os que assumiram os espaços há pouco tempo sentem os resultados da falta de divulgação de uma maneira mais acentuada. “Não tem divulgação. Só vendemos bem porque trabalhamos com clientes externos como restaurantes e lanchonetes que são compradores fixos. Se fóssemos depender do público que frequenta o local, a nossa venda seria muito baixa porque o local é pouco frequentado”, diz Luciana do Santos, que alugou um box juntamente com seu marido, há dois anos.
Segundo ela, por causa da falta de divulgação, as pessoas não têm conhecimento dos produtos vendidos no local, além da segurança garantida pelos guardas municipais que estão constantemente fora e dentro do Mercado. “As nossas frutas e produtos são sempre frescos porque recebemos mercadoria toda a madrugada”, garante.
Mezanino
O segundo andar possui 26 boxes, sendo que nove já estão cadastrados para serem alugados, com atividades como artesanatos, salão de massagem e cabeleireiros, loja de conveniência, casa de sucos, produtos nordestinos e produtos metálicos. “Temos algumas Ong´s interessadas, mas estamos aguardando um número maior de pessoas para inaugurarmos os boxes no mezanino”, explica o secretário de Governo de Santos, Márcio Lara.
No segundo andar do local funciona a Sala de Curso a Distância para a Polícia Civil, Militar e Guarda Municipal e o Querô. “Queremos trazer a sede da Secretaria de Segurança”, diz. Além do comércio local, há uma agência dos Correios nos entornos, que conta com o programa de inclusão digital Acessa São Paulo.
Revitalização
De acordo com o secretário, o desafio é resgatar a finalidade original do Mercado, com a venda de hortifruti, frutas, peixes e carnes. “Queremos desenvolver atividades que chamem a atenção da população e envolver, de uma maneira mais intensa, o local em roteiros turístico”, diz Lara.
O objetivo é disponibilizar no segundo andar do estabelecimento serviços que não existam no entorno e atraiam as pessoas, como, por exemplo, costureira e cabelereiros. Como explica, a primeira etapa da revitalização do Mercado foi concluída em dezembro de 2008. “Resgatamos o local com a disposição de oficinas e programações culturais”, comenta.
Graças à uma parceria com o Sebrae são oferecidas oficinas de arte, cultura, esporte e dança. A programação cultural conta, às segundas-feiras, com um happy hour e oficinas sobre samba de raiz. Aos sábados, o Mercado Municipal conta com shows e apresentações teatrais.
Também como parte do Projeto de Revitalização, está prevista, para os entornos, a implantação da sede da Guarda Municipal e a Unidade de Saúde da Família. “O prefeito propôs a construção de um cinema, onde hoje funciona um almoxarifado,” complementa Lara.
O Projeto também irá atender uma reivindicação antiga dos comerciantes e moradores da região que é a repavimentação das ruas Sete de Setembro, Bitencourt, Benedito Pinheiro, Amador Bueno, Praça Iguatemi Martins e São Francisco. “Não podemos esquecer da instalação da sede do grupo Orgone, (projeto Tam-Tam), complementa. Segundo o secretário, a previsão é de que em dois anos a administração atual conclua todas as etapas da revitalização.