A Baixada Santista perdeu 43.809 postos de trabalho durante os governos Dilma/Temer.
Ou seja, no período de janeiro de 2015 até julho, com base nos números mais recentes divulgados.
A quantidade é praticamente o total de vagas que o País abriu em julho, com 47,3 mil oportunidades.
Trata-se do melhor mês de julho desde 2012, mas não para os trabalhadores da Baixada Santista.
Os dados fazem parte do levantamento realizado pelo Boqnews junto ao Caged – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho.
Conforme dados do Ministério do Trabalho, até julho foram criados 448.263 novos empregos, uma variação de +1,18% em relação ao estoque de oportunidades no final de 2017.
Já no resultado dos últimos 12 meses, o Caged registra o acréscimo de 286.121 vagas formais no País, alta de +0,75%.
Situação inversa
Já a Baixada Santista vive situação oposta.
Desde 2015, o saldo de empregos se mantém negativo na média regional.
Foram 15.301 postos fechados em 2015; 19.520 em 2016 e 6.254 no ano passado.
Somente nos primeiros sete meses deste ano, o número de postos encerrados na comparação com oportunidades abertas já chega a 2.734 vagas perdidas.
Assim, a soma total de oportunidades fechadas atinge 43.809 postos fechados durante a gestão Dilma (2015/2016)/Temer (2016 aos dias atuais).
Neste cenário, Santos foi a cidade que mais perdeu postos de trabalho neste período (18.508).
Na sequência, vem Cubatão (11.057) e São Vicente (5.499).
Se vale como alento, as duas primeiras cidades são as que mantêm mais abertura de vagas do que fechamento ao longo deste ano.
O saldo positivo em Santos é de 307 vagas, enquanto Cubatão teve 414 oportunidades abertas a mais do que fechadas.
As demais cidades da região continuam com vagas no vermelho. (vide quadro acima).
Em 2015, Mongaguá e Peruíbe foram as únicas que tiveram saldo positivo no total de vagas.
Em 2016, apenas Bertioga, fato que se repetiu em 2017, com inclusão de Itanhaém e Peruíbe.
Apenas Peruíbe, com parcas 14 vagas, teve mais oportunidades abertas que fechadas no período dos governos Dilma/Temer.
Outra faceta
Em entrevista à revista Carta Capital, o economista Marcelo Manzano, professor da Facamp, explica uma outra faceta do desemprego: o subemprego, onde as oportunidades que surgem são de baixa qualificação, assim como a remuneração.
“Do fim de 2013 até junho, o País perdeu 3 milhões de empregos formais e quase 4 milhões de empregos informais”, disse.
“A pequena recuperação que houve foi no trabalho informal, basicamente de mão de obra menos qualificada”, destaca.
“São empregos na margem do mercado de trabalho ocupados em grande medida por jovens com baixo grau de escolaridade, baixa remuneração e precários”, discorre.
A fala do especialista pode ser identificada nas ofertas de empregos listadas pelos PATs – Postos de Atendimento ao Trabalhador das cidades da região.
São Vicente, por exemplo, divulgou na quarta (22) sete oportunidades de trabalho.
Eram duas para candidatos com Ensino Fundamental e as demais, com Ensino Médio.
Entre as chances, açougueiro, cozinheiro de restaurante, padeiro, entre outros.
Isso se reflete nos salários pagos.
Baixa qualificação representa salários menores.
Caged corrobora
E os números do Caged corroboram esta realidade.
Segundo o estudo, o salário médio de admissão de um funcionário em julho foi de R$ 1.536,12 no Brasil.
Enquanto que no desligamento, R$ 1.692,42.
Ou seja, o salário médio de quem é demitido é 10,2% maior que a média entre os admitidos.
“Em termos reais (descontado o INPC), o ganho sobre o mês anterior foi de R$ 0,40 (+0,03%) no salário de admissão e de R$ 2,18 (+0,13%) no de desligamento”, explicou o órgão em nota.
“Já na comparação com julho de 2017, o ganho real é de R$ 2,08 (+0,14%) para o salário médio de admissão, enquanto no salário de desligamento houve redução de R$ 43,75 (-2,52%)”.
Os supostos ganhos comprovam o quanto são irrisórios a ponto de não pagarem uma simples passagem de ônibus.
Inadimplência
Não bastasse, a soma de desemprego com a redução significativa dos salários pagos para novos funcionários – substituídos por outros com redução salarial – contribui para o aumento da inadimplência.
E isso vira um círculo vicioso.
E perigoso para a economia.
No Brasil, 63,6 milhões de consumidores – o equivalente a 42% da população adulta brasileira – estava com dívidas ao final do primeiro semestre deste ano.
Assim, os dados fazem parte do levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
Os números levam em conta brasileiros com o CPF restrito pelo atraso no pagamento de contas
A situação, porém, fica ainda mais complexa quando a inadimplência também está presente até entre aqueles com registro em carteira.
Pesquisa inédita da Associação Brasileira de Educadores Financeiros – Abefin em parceria com a Unicamp e o Instituto Axxus ouviu 2 mil funcionários de 100 empresas, dos mais diferentes níveis hierárquicos.
Elas foram feitas em empresas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul, Amazonas e Distrito Federal.
O levantamento revela que apenas 16% dos colaboradores entrevistados são capacitados financeiramente.
Ou seja, conseguem pagar suas contas com o remuneração mensal e planejam seus gastos com antecedência.
Outros 84% enfrentam dificuldades para lidar com o dinheiro, sofrem prejuízos ou não entendem de finanças e assim entram em dívidas.
Ou seja, até quem tem emprego sofre com a inadimplência.

Sem registro em carteira, profissionais buscam novas alternativas, vivendo de bicos, aplicativos e sujeitando à redução salarial. Foto: Divulgação
MEIs
Como reflexo desta expansão do desemprego na Baixada Santista, percebe-se o crescimento do total de MEIs- Microempreendedores Individuais.
Levantamento entre janeiro/15 até maio passado (última data possível para a pesquisa) mostra que a Baixada Santista cresceu 44,3% no total de registrados.
Eram 49.103 empreendedores na ocasião e agora 70.856.
Santos, a que mais perdeu vagas, foi a que mais registrou novas inscrições, saindo de 9.281 para 16.240 (alta de 74,5%).
Bertioga vem em segundo, saindo de 1.741 para 2.897 MEIs.
Portanto, o cenário também facilita a inserção de profissionais atuando com aplicativos, como Uber, Cabify e 99 Taxi.
É o caso do programador Reginaldo Xavier, que após perder o emprego em uma empresa portuária, viu no aplicativo uma chance de amenizar os impactos do desemprego.
Assim, a realidade cada vez mais comum para amenizar os impactos desta triste realidade regional.
Inscrições das MEIs
Cidades Janeiro/15 Até 31/5/18 em%
Bertioga 1.741 2.897 + 66,4
Cubatão 2.097 2.922 + 39,3
Guarujá 9.442 13.892 + 47,1
Itanhaém 3.301 4.506 + 36,5
Mongaguá 1.871 2.283 + 22,0
Peruíbe 2.677 3.551 + 32,6
Praia Grande 10.883 13.732 + 26,1
Santos 9.281 16.240 + 74,5
São Vicente 7.810 10.833 + 38,7
Total 49.103 70.856 + 44,3%
Fonte: Portal do Empreendedor