Em meio a um ano atípico em razão da pandemia, com volume crescente de mortes pela Covid-19 e incertezas na economia e política, as eleições municipais marcadas para este domingo (15) trazem uma série de dúvidas.
Elas impedem cravar se a eleição municipal se encerrará ou não neste domingo (15) ou haverá segundo turno, marcado para o dia 29, fato que não ocorre em Santos desde 2004.
Afinal, são pouco mais de 340 mil eleitores santistas aptos a votar, mas não se pode desconsiderar um elevado número de abstenções em razão da pandemia e o aumento de casos de pessoas infectadas e internadas pela doença nas últimas semanas, o que pode alterar o comportamento especialmente dos mais idosos.
Vale lembrar que em 2016, com a reeleição do prefeito Paulo Alexandre Barbosa, o índice de ausência do eleitorado chegou a 23,66% (80.094 eleitores).
As pesquisas foram realizadas presencialmente, ou seja, em campo.
Covid, um risco para aumento da abstenção
Apenas para citar como exemplo, a Santa Casa, maior hospital da região, tinha há quatro semanas (dia 15 de outubro), 6 pacientes Covid-19 internados em UTI e 30 em enfermaria.
Nesta quinta (12), já eram 14 em UTI (casos mais graves) e 47 em enfermaria (altas de 133% e 57%, respectivamente) no período de 28 dias.
Durante o período, o total de confirmados cresceu 9,3% passando de 1769 para 1934.
A Prefeitura também tem registrado sucessivos aumentos de ocupação de leitos e casos em geral.
A média hoje de ocupação das UTIs chega a 44%.
No dia 18 de outubro, o índice era de 27%.
Crescimento
Em meio a tantas variáveis, a única certeza, porém, é a consolidação do nome do candidato do PSDB, Rogério Santos, que passou de 19,2% na pesquisa realizada entre 17 a 20 de outubro e agora chega a 36,8%.
Resta saber, porém, se Rogério Santos vai subir o suficiente para ganhar no primeiro turno ou não.
Dessa forma, os votos dos indecisos ganham força para definir o quadro após 16 anos e, se houver, quem estará na disputa contra o candidato do PSDB.
Afinal, nesta reta final das eleições, 20% do eleitorado ainda não sabe em quem votar de forma estimulada (quando se apresenta o quadro com os nomes dos candidatos).
E ainda: apenas 51% garantem que não irão mudar de voto – ou seja, a opinião está consolidada.
Fica nítido que há espaço para eventuais mudanças nesta reta final da campanha, especialmente no grupo que tenta chegar ao segundo lugar no domingo.
Estes são alguns dos pontos a serem destacados na nova pesquisa Enfoque/Boqnews, realizada com 1.206 eleitores, entre os dias 7 a 11 de novembro, com margem de erro de 2,8 pontos percentuais para mais ou menos.
A pesquisa foi registrada na Justiça Eleitoral com o número 08128/2020.
Disputa pelo 2º lugar
Portanto, com 36,8% dos votos – que podem representar 34% a 39,6% do eleitorado – de acordo com a margem de erro, Rogério Santos lidera com folga, mas com percentual insuficiente para cravar uma vitória já no primeiro turno.
Assim, pelo índice atual (36,8%), Santos teria 55,1% dos votos válidos, mas tais números não confirmam a vitória no primeiro turno diante da margem de erro de 2,8 pontos percentuais para mais ou menos e de outros elementos, como a abstenção.
Caso isso não ocorra, três nomes despontam na preferência do eleitorado na disputa pelo segundo lugar: o ex-presidente do Tribunal de Justiça, Ivan Sartori (PSD), que saiu de 4,3% na pesquisa anterior e agora chega a 10,2%, em claro sinal de crescimento da sua candidatura após o apoio do presidente Jair Bolsonaro.
E também: o vereador Banha (MDB), que tinha 12,7% e agora tem 6,8%, e o ex-deputado federal Vicente Cascione (PROS), que tinha 7% em outubro e agora recuou para 3,6%.
Os demais candidatos variaram na margem de erro.
Portanto, resta saber se haverá migração do voto útil – quando os eleitores optam por um candidato para buscar o 2º turno – ou se a ‘briga’ ocorrerá dentro do mesmo eleitorado, sem afetar o candidato Santos.
Assim, há equilíbrio entre os indecisos: são 21% na 118ª ZE, 20,2% na 272ªe 18,7% na 273ª.
Por faixa etária, a maior concentração está entre 25 a 34 anos (24,6%) e 35 a 44 anos (23,2%).
Rejeição
Câmara deve ter pouca renovação
Ainda que 35,5% do eleitorado não tenha definido o seu candidato ao Legislativo.
Além disso, outros 11,5% disseram que irão anular ou votarão em qualquer um dos quase 500 candidatos, a tendência é que a renovação ao Legislativo santista seja baixa.
Afinal, dos 21 nomes citados com até 0,6% das intenções de votos, 15 já são vereadores e um é suplente.
No entanto, com as mudanças na legislação eleitoral, onde as sobras de votos irão beneficiar os partidos menores, há expectativa destas legendas passarem a ter representantes no Legislativo.
Por sua vez, a única certeza, porém, é que pelo menos duas cadeiras contarão com vereadores novos ou que retornarão à Casa.
Afinal, Antonio Carlos Banha Joaquim (MDB) disputa o Executivo e Sadao Nakai (PSDB) não concorre.
Entre os gêneros, as mulheres indecisas são a maioria (54%).
Por faixa etária, a maior parte (24,3%) se concentra entre 45 a 59 anos e 20,6% entre 35 a 44 anos.
Por zona eleitoral, o maior volume de indecisos está entre os moradores da 273ª ZE (Boqueirão, Gonzaga, Campo Grande, José Menino, Marapé, Vila Belmiro, Pompeia), com 36,7%; seguido pelos da 118ª (Zona Noroeste, Morros, Centro, Jabaquara, Vila Mathias, Encruzilhada), com 32,4%.
E 272ª (Macuco, Embaré, Estuário, Ponta da Praia e Aparecida), com 31%
Votar ou não?
Não bastasse, a pesquisa também procurou saber o índice de entrevistados que pretende votar, levando em consideração a faixa etária, especialmente os maiores de 60 anos, que representam o grupo de risco na pandemia do Covid-19.
Além disso, as diferenças são significativas, o que pode alterar as expectativas de resultados nesta reta final.
Por sua vez, entre os que têm menos de 60 anos, 84,3% asseguram que irão votar; 9,5% ainda não decidiram se o farão e 6,2% garantem que não votarão.
Assim, entre os acima dos 60 anos, os índices mudam.
Seis em cada 10 entrevistados neste grupo asseguram que irão votar; outros 22% disseram o oposto e 18% ainda não decidiram se comparecerão ou não às urnas.
O total de eleitores com mais de 60 anos representa quase 30% do eleitorado santista, representando cerca de 95 mil eleitores.
Assim, se tal tendência se confirmar neste domingo, muitos candidatos poderão sofrer impactos no volume de votos por não atingir a expectativa prevista, especialmente entre aqueles cujo perfil principal do eleitorado tem acima de 60 anos.
Os quadros das pesquisas estão disponíveis no site www.boqnews.com/pesquisas.
A divulgação também ocorre pelas redes sociais do grupo Enfoque/Boqnews. (FDM)