Estado vai fechar quatro escolas na Baixada Santista. Algumas terão outra função | Boqnews
Foto: Fernando De Maria

Educação

05 DE OUTUBRO DE 2017

Siga-nos no Google Notícias!

Estado vai fechar quatro escolas na Baixada Santista. Algumas terão outra função

Além das escolas Cléobulo Amazonas Duarte e Braz Cubas, alunos de duas unidades educacionais de Guarujá também irão ser transferidos para outras unidades.

Por: Fernando De Maria

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

Sindicalistas e estudantes fizeram o ato em frente à escola que deverá fechar as portas neste ano, passando a ser uso de exclusivo da Delegacia Regional de Ensino. Foto: Fernando De Maria

 

Não serão apenas as escolas estaduais Braz Cubas, no Marapé, e Cleóbulo Amazonas Duarte, na Encruzilhada, ambas em Santos, que encerrarão suas atividades neste ano letivo e os alunos serão transferidos para outras unidades.

Outras duas escolas em Guarujá também terão o mesmo fim: a escola Prof. Renê Rodrigues de Moraes, no Jardim Helena Maria, e a Jardim Primavera II, no bairro homônimo.

As informações são da diretora-executiva estadual da subsede da Apeoesp Baixada Santista, Sônia Maciel, divulgadas durante manifestação ocorrida na manhã de hoje (5) em frente à escola Cléobulo Amazonas, que reuniu dezenas de pessoas, entre sindicalistas, professores, e jovens da UNE – União Nacional dos Estudantes.

O Boqnews.com confirmou a informação junto à  Assessoria de Comunicação da Secretaria Estadual de Educação e também com o diretor regional de ensino, João Bosco.

Segundo ele, as mudanças em Santos decorrem das alterações do perfil demográfico da Cidade, com a queda no número de filhos pelas famílias, as várias opções de cursos para jovens e adultos (EJA, por exemplo) e a transferência de famílias para outras regiões da Cidade, como Zona Noroeste e Morros, onde a demanda é crescente, a ponto do próximo ano serem abertas salas de Ensino Médio na escola José Carlos de Azevedo Jr, no Jardim Santa Maria.

Alunos deste bairro e imediações eram obrigados a se deslocar por quilômetros até à escola Bartolomeu de Gusmão, no Chico de Paula. Com a parceria entre Estado e Município, serão quatro salas abertas a partir de 2018.

Em Guarujá, a situação decorre de melhor adequação para atendimento de demandas de jovens e adultos e criação de uma Etec – Escola Técnica.

A secretaria garante que não haverá superlotação nas unidades que receberão os novos alunos.

O limite para Ensino Fundamental I é de 30 estudantes (1ª a 5ª séries), 35 para o EF II (6ª a 9ª séries) e 40 para o Ensino Médio.

 

Cléobulo Amazonas Duarte vai encerrar atividades

Escola foi entregue em 1979 junto com a construção do conjunto habitacional Ana Costa. Tornou-se referência no ensino a crianças portadoras de deficiências visuais e auditivas. Foto: Fernando De Maria

Referência no ensino especial

A unidade, fundada em 1979 e que já fora referência no atendimento a crianças portadoras de deficiências visuais e auditivas, hoje compartilha o espaço com a Diretoria Regional de Ensino, que ocupará o imóvel de forma total.

A escola tem 225 alunos matriculados, mas 140 a frequentam. Eles serão transferidos para a Visconde de São Leopoldo, no Macuco, a cerca de 1 quilômetro de distância.

A unidade escolar hoje funciona com 6 salas e aula, todas no período da manhã.

Nas partes da tarde e noite, os espaços ficam ociosos, segundo o diretor regional.

Hoje, são seis salas, com 225 alunos matriculados, mas 140 frequentam a unidade, com classes no 9º ano (uma), 1º ano do Ensino Médio (2 salas), 2º ano do Ensino Médio (2) e 1 sala no último ano.

Em 2015, a Cléobulo chegou a ser ameaçada de fechamento, mas graças à mobilização de alunos nesta e em outras unidades educacionais paulistas, o ato foi postergado pelo governador.

“Na época, havia um pacto que qualquer decisão passaria por encontros com a comunidade escolar e Apeoesp. Mas isso não ocorreu”, destacou a dirigente sindical Sônia Maciel.

Ela diz que a unidade poderia ampliar o atendimento à população abrindo salas para o horário noturno, com programas de atendimento escolar a jovens e adultos, como o EJA.

Braz Cubas

Já na unidade do Marapé estão matriculados 165 alunos, mas cerca de 120 comparecem às aulas com frequência. Eles irão para a escola Azevedo Júnior, na Vila Belmiro, distante 1,1 quilômetro.

Esta unidade escolar, por sua vez, mesmo com a inclusão deste novo grupo de discentes, perderá estudantes, segundo a Secretaria de Educação do Estado.  Hoje são 805 e, mesmo com o incremento acadêmico, passará a contar com 779 (queda de 3,3%).

A intenção é que o prédio da Braz Cubas seja devolvido para o Município, dono do imóvel, segundo Bosco. “A Secretaria de Educação havia nos solicitado isso em ofício”.

Porém, conforme a Secretaria de Comunicação da Prefeitura de Santos, “a Secretaria de Educação informa que toda e qualquer tratativa dessa natureza precede uma avaliação da infraestrutura das unidades”.

“Após essa avaliação, irá ser estudada a possibilidade de acomodar na EE Braz Cubas, a demanda do bairro Marapé e entorno, incluindo a UME Padre Francisco Leite, UME Lobo Viana e núcleo do Escola Total, espaço que hoje pertence à Igreja São Judas Tadeu e absorve alunos das escolas municipais Ayrton Senna, Edmea Ladevig, Dino Bueno e Olavo Bilac”, completa a nota.

O curioso é que há anos a própria prefeitura está construindo  uma unidade infantil na Avenida Moura Ribeiro, 170, onde instalará uma creche, com 1.106 metros quadrados, a cerca de 500 metros de distância da Braz Cubas.

Por falta de recursos, a obra ainda não foi finalizada, mas quando tiver concluída será capaz de atender a 147 crianças de até três anos.

Conforme Bosco,  o Município nunca havia feito o pedido anteriormente, a despeito da queda frequente do total de alunos da unidade estadual.

Renê Rodrigues

Em Guarujá, a escola Renê Rodrigues conta hoje com 220 alunos matriculados, mas 160 frequentando a unidade em sete salas pelo período da manhã.

A escola fica ociosa nas partes da tarde e noite, segundo o representante da educação na região. Eles terão a matrícula assegurada na escola Prefeito Domingos de Souza, a cerca de 800 metros de distância.

No local, segundo o dirigente, a Prefeitura vai instalar uma ETEC – Escola Técnica.

 

Jardim Primavera II

A outra unidade em Guarujá é que a sofrerá o menor impacto entre os alunos, que serão encaminhados para a unidade vizinha, presidente Tancredo Neves.

Hoje, são 469 alunos matriculados em nove salas no ciclo I (1º ao 5º ano).

A escola Jardim Primavera II passará a abrigar o Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos – Ceeja, que hoje funciona em uma área anexa à escola Renê Rodrigues, onde estão 4 mil matriculados (mas o comparecimento é rotativo).

 

Promotoria

A decisão do governo, aliás, será questionada judicialmente pela Apeoesp – Associação dos Professores do Estado de São Paulo, que acionará a Promotoria Pública.

“O governo está fragmentando o fechamento das escolas, ao contrário de 2015 quando decidiu fechá-las em bloco e voltou atrás após a ocupação pelos estudantes. Começa por aqui (Baixada Santista) e vai se espalhar pelo resto do Estado”, antevê a presidente da entidade, Maria Izabel Azevedo.

Ela destaca que dependendo do sucesso da ação do governo paulista, uma quinta unidade localizada na cidade de Guará, no interior, também encerrará as atividades já em 2018.

“São justamente escolas e a comunidade acadêmica que enfrentaram o governo em 2015, mas que agora serão fechadas”.

Ela promete  um grande ato de mobilização no dia 15, Dia do Professor, na Avenida Paulista, na Capital.

Outro evento ocorrerá em assembleia no dia 27 de outubro, seguido também de ato no mesmo local.

Única vereadora presente à manifestação, Telma de Souza (PT), destacou que usará a tribuna da Câmara na sessão de hoje (5) para falar sobre a importância deste movimento e necessidade da mobilização da sociedade.

“Enquanto se fecham escolas, o governo quer investir mais na construção de presídios”, discursou.

 

 

O imóvel na Encruzilhada, que hoje é compartilhado, passará a ser de uso exclusivo da Diretoria de Ensino Região de Santos. Foto: Fernando De Maria

Pesquisa

A escola é lugar de ensino e aprendizado. A afirmação não reflete a realidade da rede estadual de ensino de São Paulo.

É o que aponta uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto Locomotiva, a pedido da Apeoesp – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, que mostra que quase metade dos estudantes das escolas estaduais de São Paulo afirma já ter passado de ano sem ter aprendido a matéria.

O estudo será apresentado na segunda-feira (9), às 14h, durante coletiva à imprensa, que acontecerá na Casa do Professor, em São Paulo.

A pesquisa traz, ainda, dados que revelam que a qualidade da educação nas escolas estaduais de São Paulo piorou nos últimos anos, assim como a rejeição à progressão continuada, segundo a opinião de pais de estudantes, estudantes, professores e população em geral.

O estudo foi realizado entre os dias 1º e 11 de setembro, a partir de entrevistas com a população, pais e mães de estudantes, estudantes e professores da rede estadual de ensino.

Foram entrevistadas 2.553 pessoas em todas as regiões do Estado de São Paulo.

 

 

 

 

 

 

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.