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Política

20 DE FEVEREIRO DE 2019

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Executiva paulista do PSDB intervém em Santos, mas diretório nacional revoga ato

Executiva estadual interveio em diretório do PSDB em Santos para impedir a eleição em Santos. Mas a direção nacional revogou o ato no dia seguinte.

Por: Fernando De Maria

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Diz o velho ditado que quem tem padrinho não morre pagão.

Isso vale para o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa.

Afinal, nesta quarta (20), Barbosa obteve vitória dupla junto à direção nacional do PSDB.

Primeiro: assim como outros colegas de partido, como o ex-senador Aécio Neves, cujos processos seriam analisados pela Executiva Nacional que poderiam definir pela expulsão ou não da legenda , todos os envolvidos tiveram um final feliz.

Afinal, todos os processos foram arquivados pela cúpula nacional.

Ou seja, ninguém foi expulso.

No caso de Barbosa, o motivo era a infidelidade partidária.

Afinal, ele apoiou abertamente membros do PSB, especialmente o ex-governador e candidato do partido ao governo paulista, Márcio França, contra justamente um oponente da sua própria legenda, João Doria.

Outro aspecto foi a reversão da intervenção que o diretório paulista do PSDB havia decidido na noite de terça (19).

Ou seja, em menos de 24 horas, o diretório santista – que tem o secretário de Comunicação e Resultados, Flávio Jordão, um dos homens mais próximos do prefeito na direção da legenda – conseguiu reverter o quadro.

Em nota, a Direção Nacional da legenda confirmou a reversão da situação.

“O PSDB Nacional deliberou que Santos poderá manter a realização da convenção municipal no próximo domingo (24)”.

Curta e direta.

Assim,  garantiu a convenção municipal do partido, que ocorrerá na sede da agremiação, na Encruzilhada.

Vitória dupla, portanto, a Barbosa e seu grupo.

 

 

Doria trabalha para que seu grupo assuma o controle do PSDB nacional. Convenção será realizada em maio.

Quando maio chegar

No entanto, este cenário poderá ser alterado em maio, quando ocorrerão as convenções estaduais e nacional do PSDB.

E assim, o atual presidente nacional da legenda, ex-governador Geraldo Alckmin, que sempre teve apreço por Barbosa, de quem foi secretário estadual, deverá sair do cargo.

O mais cotado para substitui-lo será o ex-ministro das Cidades (governo Michel Temer), Bruno Araújo, de Pernambuco.

Com aval, é claro, do governador João Doria, que prepara o terreno do partido para fortalecê-lo de olho na sucessão do presidente Jair Bolsonaro (PSL) em 2022.

Assim, fontes ouvidas pelo Boqnews informam que a reviravolta ocorrida hoje é momentânea.

Afinal,  se o grupo do governador João Doria realmente ocupar a presidência da legenda, muitos diretórios e pré-candidatos interessados em concorrer pelo partido no próximo ano que não o apoiaram no ano passado  serão convidados a se retirar – ou simplesmente não conseguirão a legenda para concorrer.

 

Para entender o caso

Fica claro, portanto, que, ao contrário do apregoado anteriormente por lideranças tucanas santistas, a suposta união da legenda está, no mínimo,  fragmentada.

Isso ocorre, pois até o último final de semana, tudo indicava que paz reinava no ninho tucano santista. Ledo engano.

Afinal, a (re) eleição da atual – e única chapa  – estava marcada para o domingo (24), a exemplo do previsto nos demais 644 municípios paulistas.

O edital fora publicado na imprensa e, conforme apurado pelo Boqnews, nenhuma surpresa de última hora estava prevista até a segunda-feira (18).

Mas a política dá voltas. E mais rápidas que imaginamos.

Assim, o panorama mudou no dia seguinte, após decisão do Diretório Estadual do partido em intervir em pelo menos 35 diretórios municipais de cidades importantes como Santos (única na Baixada Santista), Guarulhos e Osasco, por exemplo.

(E novamente mudou em menos de 24 horas depois por decisão do diretório nacional, que revogou o pedido estadual).

O motivo do imbróglio?

Infidelidade partidária de integrantes da legenda que não apoiaram ou deram as costas – literalmente – às candidaturas de Geraldo Alckmin à Presidência e, principalmente, de João Doria ao Governo do Estado.

Em suma, a Executiva Estadual considerou que o PSDB de Santos deveria estar sob intervenção em razão do prefeito Paulo Alexandre Barbosa e de membros do partido ligados a ele trabalharem contra a candidatura do atual governador paulista.

Apesar do empenho do prefeito e do seu staff , Doria perdeu para França por 17 votos em Santos, no litoral paulista.

 

 

Alckmin deve deixar a presidência da legenda em maio, o que enfraqueceria aqueles que ainda encontram respaldo mesmo após terem apoiado candidatos de outras legendas. Foto: Divulgação

Chapa única

No caso de Santos, o prefeito Paulo Alexandre Barbosa, que comanda o diretório do partido,  trabalhou publicamente – assim como seu staff – em outras candidaturas.

Além disso, seu secretário de Comunicação, Flávio Jordão, é o atual presidente e poderá ser reconduzido ao cargo.

“Sou um dos nomes, mas não o único. Poderemos ter surpresas”, relata o secretário. “Nosso foco é a união do PSDB”, defende Jordão, que vem conversando com lideranças da agremiação e vereadores para costurar esta situação.

Ao todo, 39 nomes serão escolhidos.

Mas esta costura não parece tão fácil assim.

Afinal,  Barbosa e seu grupo apoiaram França publicamente.

Nem evitaram o vazamento de fotos na internet – tanto nas campanhas de França  ao governo paulista e de seu filho, Caio, à Assembleia Legislativa, em evento eleitoral realizado em um clube em Santos.

E de forma mais moderada – mas não menos presente – da então candidata e atual deputada federal Rosana Valle.

Trio do PSB – Partido Socialista Brasileiro.

PSB, aliás, que ficou liberado em São Paulo para apoiar Alckmin (no Nordeste, fez alianças a favor de Fernando Haddad, do PT).

No entanto, virou opositor de Doria ao governo paulista.

Não bastasse, em três ocasiões durante a campanha eleitoral no ano passado, Doria esteve presente em Santos.

Ele concedeu entrevistas em emissoras de TV, comendo pastel no Carioca (a poucos metros do Paço Municipal) e fazendo palestra na Associação Comercial.

Nem o prefeito nem a cúpula local da legenda apareceram para cumprimentá-lo em qualquer um destes momentos.

Doria não esqueceu do ocorrido.

Chegou ao segundo turno e ganhou.

Agora tentou dar o troco.

Perdeu, temporariamente, para a Executiva Nacional.

Mas, se tudo caminhar como se prevê, sairá fortalecido a partir de maio.

 

Roleta

E assim,  um observador político lembra que quem jogou na roleta as fichas no vermelho, perdeu (ou vai perder!).

Deu (Dará) o preto.

Mas poderia ser também vice-versa.

A cor não importa. Apenas o ato em si.

Portanto, tudo é uma questão de tempo.

 

 

 

 

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