Há ocasiões no ano quando o comércio, em crise ou não, obtém seus principais lucros. Duas delas se destacam de maneira primordial: o Natal e o Dia das Mães, que será no próximo domingo, dia 10. É notório, também, que a segunda data é um dos principais termômetros da economia varejista, é a primeira grande festa do ano.
No ano passado, por exemplo, não fosse a crise, as expectativas tendiam a ser bastante positivas, visto que, segundo dados do Indicador Serasa de Atividade do Comércio, as vendas ocorridas na semana do Dia das Mães cresceram 7,7% em relação ao mesmo período em 2007. No final de semana que precedia a data, a porcentagem de aumento foi ainda maior: 8,2%.
Para manter esses índices elevados, o comércio investe na expansão temporária de seu pessoal e na extensão do horário de trabalho, especialmente nessa reta final que antecede a ocasião, por exemplo. É o caso da Floricultura Gardênia, que tem na data a ocasião mais lucrativa do ano.
“No ano passado, tivemos um aumento de 70% nas vendas no período do Dia das Mães, em relação aos dias usuais. É a data em que mais se consegue vender, seguido do Dia dos Namorados, Natal e do Dia Internacional da Mulher”, explica o responsável pelo departamento comercial da loja, Felipe Villarinho.
Entre os motivos para tal, conforme Villarinho, estão os presentes para as chamadas mães “de consideração”. “Por exemplo, se o homem é casado, ele compra flores para a mãe, para a mulher, para a sogra… Enfim, acaba levando muito mais do que um arranjo”, conta.
Situação semelhante é o que colabora com o serviço de telemensagens, de acordo com Wagner Luís Vieira de Souza, proprietário da companhia Loucuras do Coração. Segundo ele, a vontade em homenagear mais de uma “mãe” provoca um aumento considerável na demanda “Mensalmente, temos cerca de 200 pedidos de mensagens, em média. No Dia das Mães, sozinho, são 100 pedidos. É realmente a data mais forte”.
Preparação
Com o aumento do trabalho, é necessário que, desde antes, comece-se a arrumar o material para tal. A média é de que o planejamento tenha início 15 dias antes do grande dia. Na Gardênia e no Lanches Sukikos é assim.
“Temos que ter um prazo considerável para ter controle sobre o que podemos vender. Então, por exemplo, se eu costumo comprar 25 quilos de chocolate, preciso me preparar para comprar 75 quilos nesse meio tempo, para dar conta. Se gasto 50 quilos de açúcar, terei que me agendar para gastar 100. É assim que funciona”, explica a proprietária da doceria, Mara Nascimento Paschoal.
Na floricultura, por sua vez, é nesse período pré-Dia das Mães que se pensam nos arranjos novos que podem fazer a diferença. “Tentamos sempre agregar algo novo, para que não se compre, todo ano, o mesmo tipo de flor. Então sempre buscarmos adicionar cartões, chocolate, algum tipo de agrado”, completa Villarinho.
Mas a preparação não deve ficar apenas no que é adquirido, nem nas novidades. Deve incluir também o trabalho manual, que ganha força especialmente no final de semana da data em questão. Para agilizar o trabalho, algumas lojas literalmente varam a madrugada para finalizar as encomendas. No caso do Sukikos, Mara conta que o ritual ocorre há 28 anos e que ela mesma é uma das que ficam mais de 24 horas sem dormir, para dar andamento ao processo.
“No sábado que antecede o Dia das Mães, trabalhamos o dia, noite e madrugada, até o meio-dia de domingo. Fazemos isso porque, como trabalhamos com doces para encomenda, eles não podem chegar na casa do cliente com cara de velhos. Devem estar frescos, novos”, revela.
A explicação é a mesma do representante comercial da Gardênia, no que diz respeito às flores encomendadas. Com um adendo: nesse caso, viram-se duas madrugadas. “De sexta para sábado e de sábado para domingo, o nosso grupo de arranjos cuida dos últimos pedidos e daqueles cuja entrega foi programada especificamente para as datas próximas ao grande dia”, conta.