Aos poucos, a faixa de areia da Ponta da Praia, que estava sumindo, começa a ter seu rumo revertido.
E assim, a tendência é da área ‘engordar’, como ocorria há algumas décadas.
“Revertemos uma tendência de erosão. Estamos conseguindo fazer a natureza trabalhar com a gente”.
Este é o resumo feito pelo professor e pesquisador da Unicamp, Tiago Zenker, sobre os primeiros meses do projeto piloto que instalou bags de contenção no mar, com o intuito de diminuir a energia das ondas e, principalmente, armazenar areia.
Ao contrário de anos anteriores, em que a extensão da Ponta da Praia onde está a obra perdia cerca de 10cm de areia por ano, o último levantamento da obra mostra acúmulo de 9,3 mil metros cúbicos de areia em 2018, revertendo em 20 centímetros de elevação média, no período de janeiro a 24 de outubro.
Desde a conclusão da obra, em 14 de abril, foram 13 centímetros.
Devido a ações judiciais, a obra que deveria ter iniciado no final de 2017 foi retomada sem novas interrupções em março deste ano, sendo concluída no mês seguinte, quando tem início o período maior de ressacas (que segue até outubro) e menor possibilidade de sedimentação de areia. Mesmo assim, o acúmulo de areia foi identificado.

As ecobags estão ajudando a reter areia, além de minimizar os impactos das altas das marés, especialmente durante as ressacas. Foto: Francisco Arrais/PMS-Divulgação
Expectativa positiva
Assim, a expectativa é de que, até o fim do verão, quando as ondas estão mais baixas, a conquista seja ainda maior.
Portanto, as próximas medições ocorrerão entre a segunda quinzena e o início de fevereiro e o fim de março de 2019; e seguirão por mais quatro anos no mínimo, de acordo com o convênio assinado entre a Prefeitura e a Unicamp, que não gerou qualquer custo ao Município.
“Escolhemos o modelo certo em vista dos resultados apresentados”, afirma Ernesto Tabuchi, coordenador do Grupo Técnico de Trabalho da obra e secretário-adjunto de Meio Ambiente.
Obra na Ponta da Praia
O projeto-piloto da Ponta da Praia consiste na instalação de uma barreira submersa com 49 bags (saco geotêxtil) em formato de L.
Cada saco contém 7 mil metros cúbicos de areia.
Ou seja, a estrutura perpendicular à praia, de 275 metros e instalada a partir da mureta na altura da Rua Afonso Celso de Paula Lima, tem a função de diminuir a energia das ondas.
Assim, a estrutura paralela à praia, de 240 metros de extensão, tem o objetivo de ajudar a armazenar areia.
Assim, o balanço dos seis primeiros meses de ação dos bags na Ponta da Praia apontou ainda para um resultado diferente do que era previsto no estudo: quando há ressaca, parte da areia que deveria ficar retida no L formado pelos bags é empurrada em direção ao canal 6.
“Como só conseguimos fazer a instalação no final do verão, acreditamos que os bags estejam em uma cota mais alta de areia. As ondas que a atingem paralelamente perdem energia, mas as que chegam nos bags perpendiculares giram e espalham a areia. Quando não há eventos extremos, a areia volta a acumular. O acúmulo está sendo mais lento em um trecho específico”.
Vale lembrar que, há mais de cinco anos, a Prefeitura retira areia de outros pontos da praia, em especial entre os canais 1 e 3, e os leva para a Ponta da Praia, de forma a garantir a permanência da faixa de areia por lá.
Desta forma, esse trabalho continua, independentemente do projeto piloto.
“A diferença é que antes, mesmo com todo o esforço, perdíamos cerca de 10 centímetros de areia acumulada. A partir deste ano, vamos conseguir reter”, comemora Fabiana Pires, secretária de Serviços Públicos.