Fechamento da Libra Terminais preocupa colaboradores e comerciantes | Boqnews
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Santos

04 DE ABRIL DE 2019

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Fechamento da Libra Terminais preocupa colaboradores e comerciantes

Não só os 1000 funcionários, mas também comerciantes que atuam nas proximidades se preocupam com o fechamento da Libra Terminais.

Por: Fernando De Maria

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Na contagem regressiva do fechamento da Libra Terminais, que já anunciou o encerramento das atividades, antecipando em um ano a concessão a que tem direito conforme contrato com a Codesp, administradora portuária, o clima de desânimo paira no ar.

A Reportagem do Boqnews esteve no local e apurou a preocupação de funcionários da empresa com o futuro.

Afinal, são mil colaboradores que perderão o emprego.

As demissões deverão iniciar, de forma paulatina, a partir de maio.

Até agora, ninguém está cumprindo aviso prévio, segundo apurou o Boqnews.

Sem serem identificados, eles relatam que vem assistindo palestras sobre recolocação no mercado, entre outras atividades, e garantem que a empresa sempre cumpriu com as obrigações trabalhistas.

“Temos expectativa da vinda de um novo terminal que absorverá a todos”, enfatiza uma colaboradora da Libra.

A empresa, porém, afirma que não irá se pronunciar sobre qualquer assunto ligado ao fechamento já anunciado em razão do fim do contrato com seu principal cliente, cujo último navio irá operar em 28 de abril.

 

Libra Terminais anunciou o encerramento das atividades, o que provocará cerca de mil demissões. Foto: Nando Santos

Efeito cascata

Mas a preocupação com o fechamento do terminal não se limita aos funcionários.

Afinal, dezenas de pessoas  dependem, de forma indireta, do funcionamento da empresa, como restaurantes e ambulantes, por exemplo, que ficam nas imediações da entrada principal da Libra na Avenida Mario Covas (Portuária).

É o caso do jovem Felipe Ladislau, 26 anos, que ao lado da mãe, Roseli, monta uma barraca diariamente em frente ao prédio do OGMO – exatamente do lado oposto ao terminal da Libra – para venda de café, salgados e outras guloseimas, cujo movimento se concentra até o final da manhã/início da tarde.

Além da perda de movimento em razão da proibição de acesso dos estivadores aos terminais privados – luta que vem sendo travada pelo sindicato da categoria contra as empresas portuárias que atuam no embarque e desembarque de contêineres -, eles temem que o fechamento da empresa afastará os caminhoneiros que levam e trazem carga ao terminal.

 

Felipe, ao lado da mãe, Roseli: temor com queda nas vendas de salgados e café com o fechamento da Libra. Foto: Nando Santos

 

“A situação vai piorar”, reconhece Felipe, que tem senha para trabalhar como estivador.

No entanto, ele raramente é chamado em decorrência da queda nas atividades da categoria.

“Em dois anos, só trabalhei seis vezes com a senha”, lamenta.

A saída, portanto, é o trabalho diário em frente ao OGMO.

Seu pai, o estivador Alcides Joaquim, lamenta a situação da categoria, que vem perdendo serviço e renda nos últimos anos.

Afinal, com a proibição de acesso aos estivadores nos terminais de movimentação de contêineres, o volume de serviço caiu pela metade.

Mas o total de profissionais se manteve.

Ou seja, menos trabalho com mesma quantidade de trabalhadores representa mais tempo ocioso e maior rotatividade.

 

Queda

Antes, por determinação da Lei dos Portos, o trabalho a bordo dos estivadores era de 50% de avulsos (vinculados ao OGMO – Órgão Gestor da Mão de Obra) e os demais 50% de colaboradores vinculados às empresas.

Este percentual foi sendo alterado (66% – 34%; 75% e 25% até chegar a 100% dos trabalhadores contratados pelos terminais).

Este tipo de situação já ocorre em empresas como BTP, Embraport, Rodrimar, Ecoporto, Santos Brasil e Libra, terminais com operação de contêineres.

Portanto, com a queda da oferta, mas com o volume de trabalhadores mantido, o serviço cai. Para todos.

Desta forma, o rodízio de serviço passou a ser mais escalonado.

De cada 30 dias no mês, o trabalho só ocorre entre 12 a 16 dias, em média.

Ou seja, para os estivadores, o mês, na prática, em termos financeiros, não tem 30 dias  – mas um pouco mais da metade.

No entanto, os gastos são diários.

“Se um estivador recebia R$ 5 mil mensais, hoje tira R$ 2.500, em média”, lamenta. “E quando tira”, ressalta.

Não bastasse, trabalhadores aguardam há anos para receber indenizações pelos serviços prestados.

É o caso do estivador Marcelo Barriento, que desde 2006 espera receber seus direitos trabalhistas, mas quando estava prestes a ser chamado para o acordo, seu processo retornou para a extensa fila à espera de uma definição. “É revoltante”, brada.

Aliás, em frente ao OGMO, o clima de insatisfação dos trabalhadores impera.

Não só contra os terminais, mas também contra a Justiça do Trabalho.

“Todo dia há um estivador morrendo de infarto em razão da dramática situação que estamos enfrentando”, dispara.

E com menos dinheiro no bolso, os trabalhadores acabam reduzindo suas despesas.

Isso diminui a circulação de recursos e geração de empregos.

Um perigoso círculo vicioso onde trabalhadores e comerciantes perdem.

Assim, como a própria Cidade e região.

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