Antes do coronavírus chegar ao Brasil e atingir especialmente a população da terceira idade (faixa etária mais vulnerável, com mortalidade chegando a 15%), a Baixada Santista já havia registrado uma taxa de letalidade superior a sua representação populacional no ano passado.
Dados do IBGE de 2019, tomando como referência os números de óbitos registrados em cartórios, revelam que 14.256 pessoas morreram na região.
O volume representa 4,7% do total de mortes no Estado de São Paulo (foram 299.645).
Como a Baixada Santista representa 4,1% da população, a região teve 1.971 mortes a mais se fosse mantida a mesma proporção do total da população.
Uma das explicações deste cenário refere-se ao índice de envelhecimento da Baixada Santista, que é de 16,25% entre os acima de 60 anos.
Já no Estado de São Paulo, o índice é de 15,3%.
A Itália, um dos países mais atingidos pela Covid-19, cuja taxa de letalidade é elevada, especialmente entre idosos, é de 22,8% de italianos acima de 65 anos.

Baixada Santista: elevado número de idosos preocupa, caso ocorram explosão de casos do coronavírus. Foto: Divulgação
Acima da média estadual
Ou seja, como a Baixada Santista tem um índice de idosos acima da média estadual e o risco do Covid-19 é maior nesta faixa etária, há um risco real de explosão de letalidade, especialmente nas cidades do litoral sul, que já têm indicadores acima de 16,5% de moradores com mais de 60 anos, caso os pedidos de isolamento social pelas autoridades de saúde e governantes não sejam respeitados pela população.
Por exemplo: no ano passado, todas as cidades com as maiores médias de mortes (acima do 0,9% da população falecida) são justamente as que contam com maior volume de idosos de forma proporcional à população.
Santos tem 22,26% da sua população acima de 60 anos, segundo a Fundação Seade.
Em 2019, morreram 4190 pessoas – o equivalente a 0,98% dos santistas, com 428.703 moradores (ou seja, 1 em cada 100 santistas morreu no ano passado).
Mesmo índice de letalidade ocorreu em Itanhaém (também com 0,98%).
Coincidência ou não, a cidade tem a segunda maior proporção regional entre pessoas acima de 60 anos – 17,33% do total da população.
Mongaguá e Peruíbe, ambas com 16,91% de moradores acima de 60 anos, aparecem na sequência na taxa de mortalidade, com 0,95% e 0,92%, respectivamente.
Por sua vez, Cubatão e Bertioga, com 12,18% e 10,03%, respectivamente, de moradores com mais de 60 anos, têm as menores taxas de mortalidade.
Foram 590 em Cubatão (de um total de 129.145 moradores), o equivalente a 0,45%.
E 298 em Bertioga, de um total de 63.290 habitantes.
Confira o quadro
Total de falecimentos na Baixada Santista – 2019
Cidade Total de mortes População geral % dif. % acima dos 60 anos
Bertioga 298 63.290 0,47 10,03
Cubatão 590 129.145 0,45 12,18
Guarujá 1.962 316.405 0,62 13,09
Itanhaém 965 98.757 0,98 17,33
Mongaguá 520 54.610 0,95 16,91
Praia Grande 2.537 316.844 0,80 14,90
Peruíbe 611 66.201 0,92 16,91
Santos 4.190 428.703 0,98 22,26
São Vicente 2.583 357.929 0,72 15,09
Total 14.256 1.831.884 0,77 16,25
Fonte: IBGE e cartórios