O recente aumento das tarifas de ônibus reacendeu uma discussão importante em relação à integração de fato do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) com as linhas municipais dos dois munícipios atingidos pelo novo meio: Santos e São Vicente. Em junho de 2016, o presidente da EMTU, Joaquim Lopes, anunciou a integração com 37 linhas intermunicipais e que as negociações com as prefeituras estavam acontecendo na ocasião para, a partir de outubro, ser firmada a parceria. Três meses depois, nada avançou.
Em nota por e-mail, a EMTU se limitou a dizer que ‘os convênios para a integração com as linhas municipais de São Vicente e Santos estão em análise pelas prefeituras e a previsão é de que a implantação comece neste semestre’. Já segundo o presidente da CET de Santos, Rogério Vilani, existe um grupo de estudo para discutir como será realizada a integração e o prazo dependerá do término da obra, pelo menos até a Avenida Conselheiro Nébias.
“Com a matriz de integração com as principais vias completas poderemos estabelecer este convênio, principalmente econômico e financeiro. Temos um grupo de trabalho criado – com representantes da CET e EMTU – para construir as duas soluções de integração: a operacional e financeira. A primeiro já está bem estabelecida, mas na financeira ainda não conseguimos entrar. O objetivo principal é melhorar a condição do usuário, mas isso acabará diminuindo a receita do sistema. Alguém tem que equilibrar esta conta”, explicou.
Enquanto a prometida integração fica no campo das discussões, passageiros que já utilizam ou poderiam utilizar o sistema – e não o fazem para economizar – ficam na expectativa.Um destes usuários, Romilson Moura, que mora na Aparecida, em Santos, e constantemente precisa ir ao Centro de São Vicente gasta R$ 4,40 quando utiliza apenas um ônibus metropolitano em uma viagem – que, dependendo do trânsito – demora mais de uma hora.
“Se eu optar por utilizar um ônibus municipal na Avenida Afonso Pena e depois o VLT a partir do Canal 2 até São Vicente, faço o trajeto em 20 minutos, mas tenho um custo de R$7,65 (R$3,85 + R$3,80 – valor retroativo determinado pela Justiça). Não daria para fazer isso todos os dias. Sai R$15,30 ida e volta. Espero que esta integração aconteça logo”.
“Seguramos ao máximo”
Assim como em São Paulo, o aumento da tarifa do transporte público em Santos – de 60 centavos – é alvo de críticas, principalmente para quem utiliza o sistema diariamente. Na última terça-feira (10), duas manifestações ocorreram no Centro de Santos, e neste sábado (14), mais um ato está programado na Praça da Independência, no Gonzaga, a partir das 16 horas.
No último domingo (8), tal medida fez com que a Defensoria Pública de SP entrasse com uma ação cautelar perante o Judiciário, visando impedir que a tarifa continue em R$ 3,85. Para o presidente da CET, Rogério Vilani, o reajuste é responsável e não existe possibilidade de recuo.
“Até segunda (16) iremos enviar todos os relatórios para a juíza responsável pela ação. Está tudo detalhado. Seguramos o aumento até o máximo. Se não o fizermos agora, poderemos sofrer mais tarde com uma ação de desequilíbrio financeiro. Afinal, a concessionária está perdendo receita. Estamos há 24 meses sem reajuste”, explicou (na realidade, o último foi em maio de 2015). Segundo Vilani, o critério da tarifa não é a inflação, mas os custos específicos para transporte, como gasolina, salários, que foram reajustados. Além disso, nos últimos 24 meses, Vilani ressalta que houve queda de 6% no número de passageiros no transporte de Santos, o que, segundo os cálculos, representa 20 centavos dentro do reajuste da nova tarifa.
