Elas ocupavam um amplo terreno ao lado da linha do VLT – Veículo Leve sobre Trilhos na Rua Silva Jardim, no Macuco, em Santos.
No entanto, seu crescimento foi interrompido no mês passado.
Tudo em nome do progresso e desenvolvimento da Cidade.
Quem passa pela rua e se depara com o terreno particular entre os números 463 e 503 – aliás, aberto para passagem dos veículos usados para a retirada das árvores e vegetação – fica espantado com o tamanho da raiz e dos troncos.
Cálculos do professor doutor em Ecologia, Fábio Giordano, da Universidade Santa Cecília, estimam que a árvore que está logo à frente do terreno tinha, no mínimo, um século de existência.
Outras também foram retiradas em toda a extensão da área.
“Cada anel corresponde a diferença de crescimento de um ano em que temos entre temperaturas mais altas (verão) e temperaturas mais baixas (inverno) acelerando ou retardando o crescimento em espessura”, explica.
Ou seja, se cada anel tiver 1 mm, cada milímetro corresponderá a 6 meses.
“Dessa forma, do centro até a borda, se tiver 20 cm (um palmo aproximadamente) ou 200 milímetros, teremos 100 anos”, explica.
Tempo mínimo, aliás, como ressalta o pesquisador.
Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas Costeiros e Marinhos, o professor Luiz Carlos Teixeira Nascimento, corrobora a opinião do pesquisador.
E é mais cético ainda.
Calcula em, pelo menos, 120 anos o tempo de existência da árvore.

Espanta o tamanho da raiz e da espessura do tronco, confirmando que a espécie retirada tem mais de um século de plantio. Foto: Nando Santos

Todas as árvores do terreno desapareceram. Como não há muro, o acesso está livre para quem passa pelo local, à Rua Silva Jardim, no Macuco. Foto: Nando Santos
Lei 973/17
Apesar das espécies estarem em área particular, existem restrições para as retiradas de árvores, conforme Lei Complementar 973/17, do vereador Benedito Furtado (PSB).
Ou seja, para cada árvore derrubada há necessidade de plantio de outras 10.
Na lei, porém, não há qualquer tópico que aborde algum tratamento diferenciado em relação ao tempo de existência das espécies retiradas.
Ou seja, tanto faz se uma árvore tem 10 ou 100 anos, a compensação será de 1 por 10.
Dessa forma, não leva em consideração se as mudas a serem plantadas levarão o mesmo tempo que as suprimidas, por exemplo.
Laudo do engenheiro
Em nota, a prefeitura de Santos informa que a Secretaria de Meio Ambiente autorizou a retirada, a partir de laudo de engenheiro agrônomo providenciado pelo proprietário.
E assim, a dono do imóvel fará a compensação prevista na lei 973/17, de 10 mudas para cada exemplar retirado.
Dessa forma, os plantios ocorrerão nas encostas do Caneleira 3 e Vale Verde.
Assim, a lei faculta a possibilidade do plantio ocorrer em áreas distintas em relação ao local da poda.
Conforme a lei, o prazo de plantio é de 30 dias após a poda.
Além disso, não houve divulgação do nome do proprietário do terreno.

Terreno fica ao lado dos trilhos do VLT, junto à Rua Silva Jardim. Nome do proprietário do terreno não teve divulgação. Foto: Nando Santos
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