“Não vamos parar enquanto não vencermos. A força do Município, Estado e União juntos podem reverter a situação, sim!”. A afirmação é da prefeita de Cubatão, Marcia Rosa, que participou nesta quarta-feira (11) do primeiro grande protesto contra o anúncio da siderúrgica Usiminas de demitir milhares de funcionários de sua unidade no município.
A manifestação começou em frente à usina, às 5h30, e seguiu para a entrada da Prefeitura, terminando com uma passeata pelo centro, às 13h30. Cerca de 3,5 mil pessoas participaram do ato. Comerciantes fecharam as portas em apoio e, na Prefeitura, foi decretado ponto facultativo para que os servidores pudessem se unir ao protesto.
Sobre o carro de som e com o apoio de representantes de cerca de 20 sindicatos e políticos de todo o Estado, Marcia convocou a população e autoridades a manter um estado permanente de mobilização enquanto a decisão não for revertida. “A Usiminas pegou emprestado dinheiro público [R$ 2,3 bilhões do BNDES, em 2011] para modernizar sua planta até 2016 e agora dá ‘tchau’, manda todo mundo embora? Há muito que ser explicado pela empresa”, reforçou. Novos protestos devem ocorrer amanhã (12) de manhã em frente à sede da usina, no Polo Industrial de Cubatão, sob a coordenação do Sindicato dos Siderúrgicos e Metalúrgicos da Baixada Santista.
O anúncio das demissões, que deve atingir cerca de 8 mil trabalhadores diretos e indiretos nos próximos quatro meses, aconteceu no dia 29 de outubro. Desde então, a prefeita vem mobilizando as autoridades em torno do problema, que deverá impactar a cadeia produtiva de todo o Estado. No dia 4, ela esteve com os ministros do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rosetto, e de Governo, Ricardo Berzoini, que se comprometeram a não medir esforços para evitar as demissões e pediriam à siderúrgica a suspensão das demissões por 120 dias. “A economia de Cubatão depende das indústrias, a Usiminas não pode parar”, apelou Marcia Rosa.
Nota em solidariedade da Diocese de Santos
“As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo” (Vaticano II – Gaudium et Spes, n.1). É com este sentimento que queremos manifestar nossa solidariedade com todos os que vivem o drama da ameaça de desemprego na Usiminas (antiga Cosipa).
A Usiminas não é apenas mais uma siderúrgica, mas faz parte da história da Baixada Santista desde 18/12/1963. Dela, tantas famílias obtêm o sustento de seus lares. Preocupa-nos o momento de indecisão e angústia que bate à porta de milhares de trabalhadores e trabalhadoras. As consequências da demissão em massa e do encerramento das atividades produtivas da Usiminas serão dramáticas não somente para esses trabalhadores e para suas famílias, mas também para nossas cidades da Baixada Santista, pelo dano social que isto representa.
Entendemos o momento de crise que enfrenta o nosso país e, particularmente, o setor siderúrgico nacional, mas apelamos para que se encontrem soluções que preservem os trabalhadores. “Causar uma perda de postos de trabalho significa causar um grande dano social”, alerta o Papa Francisco.
Convidamos todas as partes envolvidas a uma ampla reflexão, para buscar outras soluções para esta situação tão difícil. Desejamos que o diálogo aberto e franco, com o envolvimento e participação também das várias instâncias do governo e da sociedade, na qual também nos incluímos com a oferta de nossa ajuda, possa possibilitar novas alternativas para a superação dessa crise.
Pedimos à Virgem do Rosário, Padroeira de nossa Diocese, que interceda por nós, neste momento difícil, e que Ela apresente nossas angústias ao seu Filho Jesus e nos ilumine na busca de soluções possíveis, para que todos os trabalhadores da Baixada Santista possam, continuar tendo “vida em abundância” (Jo 10,10).