O mercado imobiliário tenta se recuperar dos impactos causados pela pandemia da Covid-19, assim como a maioria dos setores da economia. Contudo, a área já apresenta melhoras significativas, diferentemente de outros setores.
De acordo com os dados compilados pelo Painel do Mercado Imobiliário (PMI), o mercado de imóveis usados no Estado de São Paulo teve um crescimento de 84,77% no primeiro trimestre de 2021 em relação ao mesmo período do ano passado.
Baixada
A pandemia da Covid-19 foi um fator que trouxe consequências para a região, afinal com o isolamento social muitas pessoas do interior, da Capital e de outros estados migraram para a Baixada Santista em busca de uma melhor qualidade de vida. Afinal, a prática de esportes individuais ao ar livre na praia acabou sendo uma das saídas para as pessoas que estavam presas em casa diante das restrições causadas pelo vírus.
Segundo o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECISP), José Augusto Viana, o setor teve uma recuperação acelerada, sobretudo na parte de locações. Ele salienta que a cidade de Praia Grande foi um dos locais mais procurados pelas pessoas que buscaram novos imóveis, inclusive com a migração de munícipes de outras cidades da região.
Balanço
O CRECISP divulgou uma pesquisa no mês de março que apresenta dados importantes em relação à região.
60,41% dos compradores de casas e apartamentos na Baixada Santista, optaram por imóveis de até R$ 300 mil. No tocante ao pagamento, 29,47% dos compradores realizam a transição à vista, 28,44% fizeram o negócio diretamente com o proprietário, 23,14% com bancos privados, 17,89% com a Caixa e 1,05% via consórcio.
Em relação às locações, grande parte dos inquilinos optaram pelo aluguel de até R$ 1.750,00.
Um dos dados que mais chamam a atenção na pesquisa é que as vendas e os aluguéis têm uma concentração na periferia e nos bairros nobres, acentuando ainda mais a desigualdade tão visível na região. Afinal, existem locais com o IDH de países europeus e áreas que lidam com situações de precariedade.
Viana explicou que o cenário se trata de um fenômeno. “Diante do aumento dos problemas econômicos, muitas pessoas acabaram migrando para áreas da periferia”.
O presidente do CRECISP ainda enfatizou que além de serem mais baratos, os imóveis tanto para compra, como para aluguéis na periferia acabam sendo maiores. Outro ponto é que com essa economia sobra dinheiro para as famílias aplicarem em outras necessidades.
Por outro lado, as pessoas mais ricas aproveitam as ofertas e as pesquisas para ter um imóvel em bairros nobres.
Questionado sobre as maiores dificuldades na pandemia encontrada no setor imobiliário, Viana destacou que em algumas ocasiões a relação de inquilinos e proprietários de aluguéis se tornou problemática por conta da falta de acordo e diálogo, pois muitas pessoas não tinham dinheiro para arcar com o valor total, pois perderam o emprego neste período.
Santos
Prédio em construção na cidade de Santos/ Foto: João Pedro Bezerra
Basta andar pelas ruas de Santos para perceber que muitos edifícios estão sendo erguidos, nos mais diferentes bairros, como o Boqueirão, Embaré, Gonzaga e Ponta da Praia.
De acordo com a corretora de imóveis, Sandra Regina a novidade do home office faz com que muitas pessoas venham para a cidade reconhecida por ter uma das melhores taxas de qualidade de vida do País. Além disso, os compradores estão procurando prédios que ofereçam áreas de lazer. Dessa forma, os novos edifícios têm essa característica. Por fim, ela citou que existe uma grande procura por apartamentos com varanda.
Já a corretora Marilza Tavares destaca que o mercado imobiliário tem se recuperado. “Eu sinto que nos últimos meses houve muita procura, porém como existem vários imóveis, o pessoal tem realizado muitas pesquisas antes de tomar uma decisão. A gente percebe que principalmente nas locações houve um crescimento”.
Marilza Tavares salienta que além de Santos, houve uma procura significativa por imóveis em Praia Grande.
Para a corretora, os mais jovens querem investir no ramo imobiliário comprando casas e apartamentos, visando um futuro mais sólido economicamente
Edifícios fazem parte da paisagem da cidade/ Foto: Beto Iafullo
Outro lado
Se por um lado, existe o crescimento de imóveis na região da praia e da Zona Noroeste, por outro a região central (Valongo, Vila Nova e Vila Mathias) sofre com terrenos abandonados e as más condições nos cortiços, ocupados por diversas famílias.
O tema do Centro foi um dos assuntos comentados pelo secretário de Planejamento de Santos, Fábio Ferraz, em entrevista ao Jornal Enfoque/Manhã de Notícias da última quinta-feira (27).
“Precisamos ter como um dos temas principais a revitalização do Centro. Isso é uma prioridade do prefeito Rogério Santos. A realidade do local mudou. Dificilmente, teremos uma expansão do comércio, como em outros momentos. Dessa forma, o ponto principal é a moradia. A Prefeitura já está fazendo seu papel monitorando as áreas que podem servir para construções de imóveis residenciais”, destacou o secretário.
A entrevista na íntegra envolvendo tanto Ferraz como Viana pode ser acompanhada no youtube da Boqnews TV.