As mulheres, além de serem maioria na população, têm conquistado cada vez mais espaço no mercado empreendedor. Os motivos são variados: perda de emprego; busca por melhor remuneração; superação; flexibilidade para cuidar e acompanhar os filhos.
Segundo estudo realizado pela Serasa Experian, o Brasil possui 5.693.694 mulheres empreendedoras, que representam 8% da população feminina do Brasil. Com este estudo, ficou comprovado que 43% dos donos de negócios do País são do sexo feminino.
Em Santos, é fácil encontrar mulheres que possuem histórias neste cenário, optando pelo próprio negócio. Algumas estão começando como Nathália Donato, à frente da empresa Chefe de Papinha, e as cabeleireiras Camila e Priscila, que viraram sócias e abriram o próprio salão. Do outro lado, a também jovem, mas veterana no mundo dos negócios, Marleide Monteiro, que além de encantar pelo paladar com seus salgados e doces também é exemplo de superação.
Marleide Monteiro
Empreender. Para muitos esta palavra é sinônimo de muito estudo, cursos e aperfeiçoamentos. Para Marleide Monteiro – que estudou apenas até a 4ª série e nunca mais entrou em uma sala de aula para aprender – é dom. Sua história, que já ganhou repercussão nacional, emociona. Aos nove anos – em Itabaiana, no Sergipe – viu – junto com os quatro irmãos – o pai assassinar a mãe. Chegou a morar na rua. Por anos, não era chamada pelo nome, mas sim como a filha de um assassino. Sua emocionante história pode ser vista no Youtube, no Programa do Jô.
Mesmo neste cenário, nunca duvidou que conquistaria seu espaço. Ainda na terra natal, teve seu primeiro emprego em uma pizzaria. Surgiu com seu patrão – que conhecia Santos – o sonho de vir para cá. Chegou aos 17 anos, de uma maneira bem inusitada – casando com um quase estranho – e uma ideia na cabeça: ganhar dinheiro. E provou que sonhar é essencial e trabalhar árduo por esta ideia traz resultados. A loja, que começou pela venda de salgadinhos e bolos – nascida de tentativas com erros e acertos – para as vizinhas, ganhou seu nome – que tem prazer em ouvir sendo pronunciado.
Hoje, aos 46 anos – mãe de duas mulheres e avó de três – coordena uma equipe de 39 funcionárias, sendo a maioria do sexo feminino. As filhas ajudam no negócio . Além do tradicional espaço no número 67 da Rua Carlos Gomes, no Campo Grande, seu nome expandiu para São Vicente e Praia Grande, com franquias. Algo que não pretende expandir muito. “Gosto de estar nos locais. As pessoas gostam de me ver e eu gosto deste contato com o público”, diz.
Simpática, conhece clientes pelo nome e mesmo entre aqueles que vê pela primeira vez, a impressão que fica quando começa a conversar é que se conhecem há anos. Oferece a todos uma novidade da loja – uma fatia do delicioso bolo de limão com castanhas. “Sempre falo para meus funcionários trabalharem felizes. O ambiente de um estabelecimento, principalmente, de comida precisa ser bom. Precisamos ter uma energia boa”. E assim é.
Camila Hoepers e Priscila Sampaio
Ser cabeleireira e ter um salão de beleza nunca foi o sonho da dupla que há quatro anos comanda o próprio estabelecimento, localizado no centro de São Vicente. Mas esta foi uma alternativa para conseguir crescer e faturar ainda mais na profissão. “Trabalhávamos em um salão, mas o salário não compensava, então começamos a atender a domicilio”, conta Camila.
Desde que resolveram sair do local onde trabalhavam, Camila e Priscila começaram a pensar na possibilidade de abrir o próprio negócio e assim que a clientela aumentou, veio a chance do investimento. Segundo Camila, a maior dificuldade ao empreender é dar o primeiro passo. “Não é fácil manter um negócio. É dificultoso estruturar, manter a clientela e atender com qualidade e bom preço”, comenta. “Próximo ao nosso salão existem muitos, por isso é complicado. Porém, o diferencial é o atendimento: saber atender bem e conquistar a cliente”.
Por mais que os gastos sejam altos, ela diz que ser proprietária é compensador já que os estabelecimentos neste segmento, infelizmente, pagam pouco aos funcionários. Sobre ter uma sócia, Camila ressalta que é fundamental para dividir as responsabilidades, despesas, fracassos e conquistas, por mais que nem sempre ambas concordem com a mesma ideia.
Nathália Donato
Jornalista, Nathália Donato trabalhava em agências em São Paulo. Quando engravidou, sabia que a extensa rotina da Capital não estaria mais nos seus planos. Não tinha como conciliar a maternidade com esta rotina, de plantões aos finais de semana. “Quando Gabriela nasceu ainda tentei encontrar alternativas na minha área, com tradução, fazendo freelas, mas sem saber – dentro de casa – comecei a aplicar a filosofia da (futura empresa) Chefe de Papinha”, conta.
A maternidade trouxe missões. A primeira foi a de amamentar exclusivamente até os seis meses. Depois, de oferecer uma alimentação saudável para a filha. “Coloquei na cabeça que ia aprender a cozinhar e mergulhei neste mundo da alimentação infantil por ela. Comecei a estudar e pesquisar. Sem perceber já estava ajudando outras mães”. Algo que se profissionalizou ainda mais quando – ao completar um ano – Gabriela precisou de uma dieta sem o leite da vaca. A partir de então, se aprofundou na comida natural.
uitos começaram a falar para que ela investisse. Procurou uma amiga de infância, também Natália, nutricionista e começou a empresa. “Somos profissionais multitarefas. Oferecemos serviços e produtos. No começo, tudo que aparecia nós topávamos. Hoje estamos focando na nossa missão e reestruturando o negócio”, conta Nathália, que já pensa numa ampliação futura e na contratação de mães para completarem a equipe. Com visão de economia colaborativa, vê ainda o dinheiro como algo secundário, tendo em primeiro plano a missão de ajudar outras mães.
Hoje, a rotina é até mais corrida e atribulada do que quando era funcionária, mas a mudança compensa. Buscou ajuda, inclusive, na terapia para equilibrar a tarefa de mãe e empreendedora. “Estou aprendendo a me desligar. Eu me forço a parar, caso contrário são 24 horas respondendo mensagens”.
Semana da Mulher Empreendedora acontece até sexta (11)
Confira a programação, que teve início nesta segunda-feira (7). Ao todo nove representantes da região contarão suas histórias na Semana da Mulher Empreendedora, na Nação Verde, à Av. Pedro Lessa. 2700, sempre a partir das 19 horas. Interessadas devem se inscrever por e-mail [email protected] ou pelo número 99113-2525. Número de vagas é limitado.