O sol voltou a brilhar na Baixada Santista.
Assim, um sopro de esperança surge para centenas de pessoas que se uniram para tentar resgatar uma família (um casal e três crianças, uma menina de 4 anos e dois meninos, de 8 e 14).
Eles estão em uma edificação soterrada no Morro São Bento, em Santos, no litoral paulista, uma das cidades atingidas pela tragédia das chuvas.
Até o momento, conforme a Defesa Civil, são 28 mortos.
Mas o número de desaparecidos cresceu.
Eram 27 até às 15h30 de hoje, conforme relato da Defesa Civil do Estado.
Agora são 42. E os números devem crescer.
Afinal, há relatos de pessoas não contabilizadas, como no Morro da Barreira, em Guarujá.
União
Desde o início da madrugada da terça-feira, dia 3, centenas de pessoas se revezam para tirar a lama que atingiu casas no Morro São Bento.
Todos conseguiram sair, exceto esta família.
A união coletiva é o fio de esperança, por menor que seja, para encontrá-los com vida.
Segundo relatos de moradores, em razão das chuvas e dos alagamentos na entrada de Santos, os bombeiros chegaram – alguns vieram de São Paulo – nas primeiras horas da terça-feira – quase 7 horas após o desabamento, cujo desabamento do solo teria ocorrido por volta das 23h30, no ápice da chuva que caia na Baixada Santista.
A luta e união da comunidade reúne forças, a ponto de moradores e familiares atuarem de forma ininterrupta.
Sem dormir, nem comer direito.
Alguns por mais de 24 horas.
Só foram derrubados pela fadiga.
Após breve descanso, de volta à retirada da lama em baldes – pela localização é impossível o uso de maquinário para retirada dos detritos.
Não bastasse, uma casa foi parcialmente afetada e corre o risco de desabar caso haja uma movimentação maior no solo.
Corrida contra o relógio
Afinal, o tempo para retirada da lama e dos bambus que estão sobre a residência é indiretamente proporcional à chance de sobrevivência.
A esperança de encontrá-los ainda com vidas move a expectativa da comunidade do bairro em acreditar em milagres. E ter fé.
No meio dos escombros, o gato da família chegou a entrar no barro e saiu logo depois.
Esta ação do felino, acreditam os moradores, pode simbolizar que existiria ar no espaço onde estaria o imóvel – parte dele estaria intacta e teria sido amortecida pelo bambuzal.
E assim, uma corrente de solidariedade se forma pelas escadarias íngremes do Morro São Bento.
“É um serviço de formiguinha”, explica a recepcionista Juliane Teixeira, que acompanha o marido, Everton, na luta constante para a retirada do barro, junto com outros moradores da comunidade e o Corpo de Bombeiros e Defesa Civil de Santos.
O sol, por sua vez, abre a possibilidade dos serviços serem agilizados.
Com a chuva constante que caiu na terça (3) e parte da quarta (4), os riscos de novos desabamentos eram reais, dificultando o acesso sob o risco da própria segurança dos moradores e bombeiros.
Em meio a baldes e lama, uma corrente de solidariedade se forma, com pessoas trazendo água, comida, baldes, café e outros utensílios para que, enfim, esta história tenha um final feliz.
“Enquanto tiver esperança, estaremos todos aqui”, destaca.
Como diz o ditado, a fé remove montanhas.
Basta acreditar.