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23 DE JANEIRO DE 2009

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Nova luz à saúde mental

Dia 30 de agosto de 1989. A partir desta primeira visita os internos do lendário hospício santista Anchieta reencontraram novos significados para a loucura do dia-a-dia e passaram a escrever um novo capítulo na história da saúde mental santista.A primeira “cena” da novela proposta pelo artista plástico e presidente fundador da ONG Associação Projeto Tam […]

Por: Da Redação

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Dia 30 de agosto de 1989. A partir desta primeira visita os internos do lendário hospício santista Anchieta reencontraram novos significados para a loucura do dia-a-dia e passaram a escrever um novo capítulo na história da saúde mental santista.



A primeira “cena” da novela proposta pelo artista plástico e presidente fundador da ONG Associação Projeto Tam Tam, Renato Di Renzo, foi O pirata e o Papa que aconteceu nesta mesma data com dois malucos apaixonados por televisão. Daí para frente, o trabalho que seria realizado uma vez por semana passou a ser diário.

“O que eu queria era encontrar paixão naquelas pessoas. Se elas a sentissem, eu faria meu trabalho e foi exatamente isso que aconteceu. No dia 31 combinei de encontrá-los às 8 horas em frente ao muro do hospital. Quando cheguei ouvi algumas conversas e percebi uma movimentação diferente motivada pelos internos, pois eles estavam no local e na hora combinada. Cheguei a comentar com alguém que tínhamos combinado aquilo e a pessoa respondeu que não se combinava nada com loucos”, explica o presidente fundador da ONG Associação Projeto Tam Tam, que comemora duas décadas de atividades na cidade.
Oficialmente a ONG foi fundada em 1993, mas os trabalhos começaram neste hospício a partir da iniciativa do diretor e do então prefeito David Capistrano (PT). Aos poucos, o trabalho de Di Renzo foi conquistando grandes proporções. Estúdio de rádio, redação, ateliê, oficina de artesanato… Eram 70 produtos confeccionados pela turma de malucos, além do jornal e da rádio Tam Tam, a primeira no mundo a ser feita por deficientes mentais, segundo o presidente fundador.




As cortinas foram se abrindo para os produtores daquela rádio feita por pessoas normais e malucas e em 1991 o trabalho foi transmitido ao vivo no programa Jô Soares Onze e Meia. “A Telma nos agradeceu por aquilo, pois disse que seu dia tinha sido péssimo e quando ligou a televisão, viu a turma do Anchieta participando do programa do Jô”, comenta Di Renzo.

Partindo daí, as atividades do artista se juntaram com grupo de dança Orgone, da psicóloga e atual presidente da ONG, Claúdia Alonso, e mais tarde se formou o grupo de arte Orgone, que aliava teatro com expressão corporal.

O presidente fundador comenta que a idéia não era deixar o trabalho desenvolvido no Anchieta numa parte da história da cidade. “Na verdade, eu não queria que acabasse ali, com o fechamento do hospício e nem ficasse apenas como um projeto e por isso dei continuidade através de outras atividades. Com este grupo, fiquei oito anos realizando diferentes ações que proporcionassem o encontro com a própria vida”. Em meio a risadas Di Renzo comenta que de loucos eles não tinham nada, pois sabiam bem o valor das coisas.

Atualmente a associação conta com diversos projetos interligados e que já conquistaram reconhecimento em nível nacional. “O Café Teatro Rolidei é um grande exemplo de que esta convivência com pessoas diferentes é possível através do respeito e da fraternidade. Tanto é que recebemos três premiações como Ponto de Leitura, Ludicidade e Cultura e Saúde (ministérios da Saúde e Cultura) por ser considerado um local que promove saúde através da arte”, afirma o diretor teatral.

Portugal
Mais uma prova de reconhecimento da importância que as atividades da ONG oferecem à cidade é o convite que a Tam Tam recebeu para representar o Brasil no 7º Festival Nacional de Teatro Especial em Portugal.

De acordo com Di Renzo, o grupo será o único do país a participar do evento. “São 23 pessoas que compõem o elenco do espetáculo Sóis Amarelos. Metade das despesas será custeada pelo governo federal e a outra parte por instituições privadas. Isto é mais uma prova de que os benefícios dos trabalhos desenvolvidos pelos integrantes da ONG e pelos voluntários estão aí para quem quiser enxergar, pois o ponto central disto tudo é a pessoa comum, independente de suas diferenças”.

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