O fim de 2021 na Europa e em outros países, como os Estados Unidos, já demonstrava um cenário preocupante em relação a pandemia de Covid-19.
A descoberta da variante ômicron na África do Sul em novembro deixou o mundo em estado de atenção, afinal a cepa tem uma taxa elevada de transmissibilidade.
Em pouco tempo, a variante se espalhou pelo mundo e consequentemente chegou ao Brasil. Tudo leva a crer que a cepa tenha ganhado força no País, após as festas de fim de ano (Natal e Réveillon). Nesta semana, a cidade de Santos confirmou o primeiro caso da variante.
Apesar das subnotificações do Ministério da Saúde, já é perceptível o aumento de casos da Covid-19 em todo o País.
Em algumas cidades, por exemplo, as internações voltaram a subir. Entretanto, o número de mortes permanece no mesmo patamar. Somando isso, algumas regiões, como a Baixada Santista, lidam com um surto de casos de gripe (influeza – H2N3) que tem deixado os prontos socorros lotados.
A ômicron
O infectologista e professor do curso de Medicina da Unaerp-Guarujá, Leonardo Weissmann, explica que a ômicron tem se mostrado muito mais transmissível em relação as outras cepas. Contudo, a variante parece causar menos notificações graves.
Porém, o infectologista faz o alerta para a população que não se vacinou e está sujeita a desenvolver complicações.
Ele também citou o caso do público infantil, no qual só nas próximas semanas irá receber a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Os imunizantes tem sido fundamentais na queda expressiva no número de mortes, internações e casos mais graves.
Uma notícia positiva sobre a ômicron é que a variante não ataca os pulmões como as outras cepas, segundo análises preliminares.
Na coletiva de imprensa do Governo do Estado de São Paulo, realizada na última quarta-feira (5), o infectologista e professor de medicina da USP, Esper Kallás, frisou que na África do Sul o pico vertiginoso da doença foi de 30 dias, após o aumento do número de casos, da mesma forma aconteceu a queda nas infecções.
“Ainda estamos tentando entender este fenômeno biológico, pode ser que na medida em que as pessoas estão se infectando, ele pode construir um paredão de imunidade, dificultando assim a disseminação do vírus”.
Gripe
Certamente a maioria da população conhece pelo menos um amigo ou familiar que esteve com gripe nas últimas semanas. Por essas circunstâncias, muitas pessoas confundem os sintomas da gripe H2N3 com a Covid-19.
Leonardo Weissmann confirma que os sintomas são parecidos. “Na gripe, costumam aparecer febre, tosse, cansaço, dor no corpo, dor de cabeça, coriza, dor de garganta e mal-estar. Na Covid-19 também pode aparecer febre, tosse, cansaço, dor de cabeça, mas também perda de paladar e olfato ou ainda manifestações gastrointestinais, como diarreia. Geralmente, a gripe deixa mais prostrado que o coronavírus.
Porém, para diferenciar uma da outra não é possível somente com o quadro clínico, são necessários testes, como a reação em cadeia da polimerase (PCR) ou o teste de antígeno”, concluiu o médico.
É importante frisar que é possível ser infectado pela Covid-19 e pela gripe (influenza – H2N3) ao mesmo tempo.
A dúvida dos sintomas entre as duas doenças tem feito levado milhares de pessoas a procurarem o teste de antígeno da farmácia. Dessa forma, algumas drogarias precisam agendar os exames que chegam a 4 dias de espera.
Surto
Desde dezembro, a Baixada Santista e o Estado de São Paulo lidam com surto de casos de gripe (influeza – H2N3). O reflexo da situação é a grande procura da população por atendimento médico, seja nos prontos socorros ou em hospitais particulares. Apesar do atual panorama, o Governo Estadual descartou a possibilidade de novas medidas de restrições.
De acordo com o coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, João Gabbardo, o aumento de casos de doenças respiratórias não causou um impacto direto nas internações. Até quarta-feira (5), a taxa de internação no Estado de São Paulo era de 27,7%.
Santos
A Secretária de Saúde de Santos informou que houve aumento dos atendimentos de pessoas com sintomas gripais. Somadas as três UPAs de Santos, o total de atendimentos a pessoas com sintomas gripais saltou de 1.275 atendimentos na primeira semana de dezembro para 6.057 nos últimos 7 dias do mês – aumento de 78% em menos de um mês.
Até o presente momento, a Cidade contabiliza 96 casos confirmados de covid-19 em janeiro de 2022 (6 dias). As internações tiveram um aumento considerável: na última sexta-feira (7), a taxa estava em 38% nos leitos UTI/Covid.
Eventos
O governador João Doria (PSDB), por sua vez, salientou que a decisão sobre a realização do Carnaval caberá às prefeituras. Entretanto, a recomendação do Governo de São Paulo é para que não haja aglomeração.
Santos, São Vicente e Guarujá já cancelaram as manifestações carnavalescas de rua, assim como a capital paulista. Todavia, o Desfile das Escolas de Samba que acontece no Sambódromo do Anhembi está mantido, seguindo os protocolos de segurança. De acordo com as autoridades e o próprio Centro de Contingência do Coronavírus, o desfile é um evento controlado, diferentemente dos eventos nas ruas, possibilitando fazer um controle das pessoas que participam do desfile, exigindo, por exemplo a obrigatoriedade da vacinação.
Em Santos, a decisão sobre o Desfile das Escolas de Samba deve ocorrer nas próximas semanas, o prefeito Rogério Santos não descartou a possibilidade de cancelar o evento.
Triste marca
A pandemia da Covid-19 deixou tristes sequelas nas famílias brasileiras. Em 2021, o País registrou um recorde no número de óbitos. Logicamente que o número de vítimas pelo coronavírus trouxe um grande impacto nesta marca trágica.
De acordo com o relatório anual dos cartórios, mais de 1,7 milhão de brasileiros perderam a vida do ano passado.
É importante frisar que este número pode aumentar, haja visto que os cartórios podem atualizar dados novos.