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05 DE DEZEMBRO DE 2008

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Os donos das vagas

Ó, Grande!! Posso dar uma olhadinha no carro? Não deixo ninguém mexer nele. Dá para rolar um trocado, umas moedas?” Quinta-feira (4) por volta das 22 horas, no cruzamento da Rua XV com a Rua do Comércio, a disputa por cada carro é acirrada e os quatro rapazes que trabalham nesta noite têm uma “lei” […]

Por: Da Redação

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Ó, Grande!! Posso dar uma olhadinha no carro? Não deixo ninguém mexer nele. Dá para rolar um trocado, umas moedas?”
Quinta-feira (4) por volta das 22 horas, no cruzamento da Rua XV com a Rua do Comércio, a disputa por cada carro é acirrada e os quatro rapazes que trabalham nesta noite têm uma “lei” de não brigarem entre si.

Os ânimos se alteram no momento em que mais de um quer falar sobre a rotina noturna nas ruas do Centro Histórico. Davidson tem 21 anos e trabalha há cerca de cinco neste ponto. Nada de revelar seu nome completo para não se expor às autoridades e aos “concorrentes”, mas o rapaz só aceita contar parte dos bastidores da profissão mediante pagamento antecipado. O valor foi simbólico, R$3,00, mas sem pagamento, não haveria qualquer resposta.

“Dona, trabalhamos aqui todos os fins de semana para garantir uma graninha extra. Tem cara que faz isso para ajudar no sustento da família, mas muitos deles guardam carros para sustentar, de forma ‘honesta’, o vício das drogas”, conta o rapaz.

Na noite, existe uma “lei” a ser obedecida pelos flanelinhas. Davidson explica que naquela área, ele e os outros rapazes não deixam ninguém ser roubado. “Ah, quando chega um cara diferente, com outras intenções, nos juntamos e avisamos que aqui nesta área ele não pode roubar. Nós estamos fazendo nosso trabalho e se ele quer assaltar alguém, que faça em outro lugar”, relata.


Falando em assalto, o flanelinha reforça que é muito comum o furto acontecer quando chega algum carro desconhecido e a pessoa não dá qualquer trocado. “Quem quer roubar, leva tudo o que você tem e ninguém percebe”, tenta explicar. Apesar de cair em contradição ao dizer que o pagamento mais alto que já recebeu foi de R$2,50, o rapaz afirma que já conseguiu arrecadar cerca de R$ 250 em uma noite, mas não explicou como alcançou este valor.

Na praia, estes “profissionais” se divertem quando chega a alta temporada. Os turistas são os alvos principais das abordagens e Davidson explica que nestes locais o risco de o dono encontrar o veículo avariado é maior. “ Eu nunca arranhei o carro de ninguém. É claro que todos nós ficamos com raiva quando a pessoa vai embora e não dá  dinheiro, mas ela não é obrigada a pagar”.

Polícia
Nos cemitérios, nos grandes centros comerciais, na porta das igrejas ou na orla das praias, a procura por uma vaga para estacionar é grande e este tipo de cena se repete com freqüência.  Se for preciso, até discussão acontece entre os flanelinhas para ver quem toma conta do maior número de veículos.

Em alguns dos pontos mais movimentados da Cidade, como a Avenida Ana Costa, o Centro, junto aos cemitérios do Paquetá, da Areia Branca e do Saboó, nas redondezas dos clubes ou do estádio Urbano Caldeira em dia de jogos ou nas ruas próximas de casas noturnas contam com a presença dos “profissionais”.


De acordo com o Código Penal, extorsão é considerada crime, mas conforme o tenente do 6º Batalhão da Polícia Militar, Elisiário da Costa Chaves, é um tipo de ação subjetiva. “Não é crime, nem contravenção tomar conta de carros. Este ato passa a ter características de extorsão quando a pessoa é obrigada a pagar, porém em alguns casos o ato de pedir dinheiro pode ser considerado pelo motorista como uma obrigação. Este é um tipo de crime difícil de provar”.

As medidas tomadas pela Polícia Militar, principalmente com a chegada da temporada, é o reforço de viaturas e bases móveis em pontos estratégicos como igrejas, centros comerciais e pontos turísticos.

Segundo Chaves, a única forma de coibir a ação dos flanelinhas que obrigam pagamento antes ou depois é entrar em contato com a polícia. “Se a pessoa se sentir lesada pela ação deles, deve acionar 190 e se dirigir à uma delegacia. No entanto,  é necessária a identificação da vítima para que as providências sejam tomadas. Não adianta  ligar e não se identificar, pois não teremos provas de que o flanelinha está praticando extorsão. É aconselhável ter uma ou mais testemunhas”, acrescenta.

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