Paulo Corrêa Jr quer reforçar integração regional e afirma: sou um deputado independente | Boqnews
Foto: Nara Assunção

Política

06 DE NOVEMBRO DE 2014

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Paulo Corrêa Jr quer reforçar integração regional e afirma: sou um deputado independente

Eleito pelo PEN para mandato na Assembleia Legislativa, ele aponta o turismo, saúde, combate às drogas e a sustentabilidade como bandeiras principais de sua atuação parlamentar

Por: Douglas Luan
Da Redação

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Aos 38 anos e depois de cinco eleições sem sucesso, Paulo Correa Jr. alcançou sua meta: com 38.489 votos, conquistou uma das 94 cadeiras da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, para o mandato que vai de março de 2015 a março de 2019. O jovem parlamentar chega ao Legislativo Estadual com gás e posicionamentos fortes. Além de dizer que o conceito de metropolização da Baixada não existe, bateu forte nos órgão locais que deveriam promover este elo: “A Agem e o Condesb não fazem nada, é um trabalho pífio”.

Além disso, mesmo estando em um partido que compôs com a chapa que reelegeu Geraldo Alckmin, afirma que será um deputado “independente”: “Tenho a liberdade para legislar sem ter o rabo preso com ninguém. Não fui eleito com a ajuda do governador nem de candidato nenhum”. E aproveitou para puxar as orelhas dos prefeitos da região que ainda não o receberam para conversar. “Acho que na cidade deles está tudo ótimo e eles não precisam da ajuda de ninguém”, disparou.

Veja a íntegra da conversa com o deputado eleito, que visitou a redação do Boqnews na última quarta-feira (05):

 

Quais serão as prioridades do seu mandato na Assembleia Legislativa?

Formamos uma bancada jovem (junto com Caio França e Cássio Navarro), creio que fará com que a política tenha uma dinâmica diferenciada. Pretendo me empenhar para que o hospital regional de São Vicente vire uma realidade. Já temos o apoio dos nove prefeitos da Baixada, do Governo Federal, por meio do ministro da Saúde. Agora, cabe a nós, deputados estaduais, cobrar o Governo do Estado para entrar com sua parte. A questão do combate às drogas, que é uma bandeira minha de campanha, que debatendo ao longo do caminho, falando sobre a situação que existe hoje. Santos é um exemplo: às 18 horas, na entrada da cidade, vemos muita gente ficando concentrada e não vejo um programa social para atender e combater essa questão, que é prioridade na nossa região. Também temos a temporada que esta chegando e temos que cobrar mais explicações sobre a falta d’água aqui na nossa região. E, por último, a falta de moradias. Guarujá, São Vicente, Santos, Praia Grande e Cubatão ainda tem pessoas vivendo em palafitas. Temos que rediscutir isso e trazer os olhos do Governo para esta área, que está muito atrasada.

 

Como o senhor analisa a representatividade política da Baixada Santista depois das eleições deste ano?

Vejo com bons olhos (a representatividade da Baixada na Câmara e Assembleia). Tem o Marcelo (Squassoni) que é presidente da Câmara Municipal do Guarujá e já chega como deputado federal, algo muito bom para a região, pois ele é novo, dinâmico e tem boas ideias. O Beto (Mansur) tem sua experiência, foi prefeito e é deputado há vários mandatos. Acho bom misturar o novo com os experientes. O (João Paulo) Papa que, querendo ou não, é um novato, pois foi prefeito e agora terá a experiência de participar do Legislativo. Então, creio que ele deve aprender bastante. Esse trio trará muitas alegrias para a Baixada. Agora, o Cássio (Navarro) vem de uma família política, pois seu sogro é prefeito de Praia Grande e o Caio (França) foi vereador, o pai dele foi prefeito e hoje é o vice-governador. Então, vejo que para ele ‘despachar’ será um pouco mais fácil (risos). Quando a gente precisar de ajuda, vamos comer pizza na casa do pai dele (risos). Eu falo assim, em tom de brincadeira, mas creio que teremos uma dinâmica diferente, o nosso convívio será muito bom. Eu não venho de uma família de políticos, minha família é de outra vertente. Sou o primeiro da minha família a exercer um cargo público, e ainda mais um de grande responsabilidade que é o deputado estadual.  Por meio desta juventude, deste dinamismo, acho que termos um diálogo legal para estreitar os laços com o governador e buscar o melhor para a nossa região.

 

 

Como promover a integração, de fato, da Baixada Santista?

Vejo que temos que pensar muito nesta questão metropolitana. A visão metropolitana não está na cultura da Baixada. Ninguém entende o que é. Fala-se muito nisso, mas ninguém entende. Eu acho excelente o projeto do BRT, mas porque fazer o VLT aqui (Santos e São Vicente) e o BRT em Praia Grande? Qual o conflito que isso dá? Quando um chegar à estação do outro, como será atendido? Aí você pega o VLT que não chega a Cubatão. Por que não pensaram no projeto  e incluíram uma etapa que pegaria a saída de Santos, iria até a Ilha Caraguatá, em Cubatão, para que o VLT atendesse a cidade e ele sairia dali rumo a Área Continental de São Vicente? Por que não se pensou nisso?  Não se discute isso? Como questão de mobilidade, acho que poderíamos usar melhor o Condesb e a Agem, pois hoje nenhum dos dois fazem nada, é um trabalho pífio. No Condesb, os prefeitos mal aparecem nas reuniões e na Agem a única ação que eu vi foi agora um “Programa Silvio Santos, Quem quer Dinheiro”, e saiu distribuindo verbas para as cidades. Não vejo projetos concretos que atendam a região metropolitana, inclusive tratando de mobilidade. Você pega os prefeitos administrando e olhando para seu próprio umbigo. Em São Vicente, temos a motovia, e quando chega na entrada de Santos, ela para. Aí  o que tem é a ciclovia. E em Santos, no passado, a ciclovia parava na divisa, parece que nunca foi conversado com São Vicente para que tivesse sequência. Eu não vejo que exista uma integração entre os prefeitos para se falar em região metropolitana.

 

Então, um dos focos de seu trabalho será promover esta integração?

Primeiro, temos que ter a vontade dos prefeitos, e vamos alimentar isso. Daqui há dois anos tem eleição, e muita gente vai começar a se mexer mais agora. Reunião do Condesb tem que ser muito bem aproveitada, com a presença dos prefeitos e dos deputados. Eu creio que se os deputados estiverem presentes nestas reuniões, automaticamente você vai gerado nos prefeitos essa vontade de fazer os projetos metropolitanos. E como disse, a eficiência, nem tanto a presença, porque não adianta você estar presente e não mostrar eficiência alguma. O governador tem que dar uma dinâmica melhor neste sentido.

 

O senhor está hoje no Partido Ecológico Nacional (PEN) que possui, na criação, um viés ecológico, algo que ecoa muito forte na região. Quais os pensamentos para a área?

Essa será uma das minhas prioridades na atuação como deputado estadual. Quero estimular o transporte hidroviário na Baixada Santista, principalmente entre Santos e Cubatão. Essa será uma bandeira que baterei com muita força na Assembleia. Temos que estimular atitudes sustentáveis, com as moradias feitas com as garrafas pets. Além disso, apresentarei um projeto no início do meu mandato para que, todas as cargas que vierem para a região, pelo menos 20% delas sejam destinadas via ferrovia, e não por caminhões, o que diminuirá o trânsito e a poluição. Estas são algumas atitudes sustentáveis que defenderei.

 

O senhor fará oposição ao governador Geraldo Alckmin?

Eu sou independente. Tenho minha posição, meus eleitores. Graças a Deus conseguimos chegar e venho com a responsabilidade de votar a favor daquilo que for bom, votar contra aquilo que não prestar e fiscalizar o Governo, pois aquilo que estiver errado nós temos que cobrar. Chego com independência, sem dizer se sou oposição ou situação. Tenho a liberdade para legislar sem ter o rabo preso com ninguém.

 

O seu partido (PEN) compôs com a coligação do governador Geraldo Alckmin. Como será esta relação?

O partido tem dois deputados hoje. Quando acaba a eleição o partido acaba sendo o seu representante. Hoje somos dois. Tem um que tem uma posição, que sou eu, e ele (Feliciano Filho, da região de Campinas) tem a posição dele que não sei qual é, quando chegar lá verei.  Eu não tenho porque ser oposição nem situação. Acho que o melhor caminho é quando você tem liberdade para não ter nenhum tipo de conchavo deste. Eu fui eleito com estas propostas e com estas posições, sem ajuda de governador nenhum nem de outro candidato. Não falo especificamente do governador. As pessoas que votaram e acreditaram na gente o fizeram por conta deste posicionamento.

 

E como o senhor vê hoje a relação do governador Geraldo Alckmin com a Baixada Santista?

Vejo com bastante excelência quando se trata de Santos. Acho que a cidade não tem do que reclamar do Geraldo Alckmin. Sou o único deputado estadual por Santos e seria injusto se eu dissesse que o Geraldo não olha pra cá. Mas no que eu tenho que trabalhar: para que ele olhe um pouco mais para Cubatão, que está abando nada, independentemente da sigla que lá está no governo. Eu tenho que falar para o Geraldo olhar um pouco mais para São Vicente na questão de habitação e saúde; veja um pouco mais o Litoral Sul, que tem dois hospitais fechados. Preciso que olhe para outros lugares. Santos está bem atendida, não tem do que reclamar, fez mais do que se esperava de outros governadores. O que é bom, vou falar. O que for ruim, também falarei.

 

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“O governador Geraldo Alckmin foi ótimo para Santos. Mas quero que ele olhe também para os outros municípios da Baixada” Foto: Nara Assunção

 

São Vicente tem o São José com leitos-SUS que estão fechados. É possível pensar em outras alternativas antes de se falar de um hospital regional na cidade?

O São José possui apenas 30 leitos-SUS, e ele não é público, pertence a uma Irmandade. Se falarmos em medidas paliativas, é possível pensar em nesta e em outras alternativas. Mas eu acredito que não podemos pensar na saúde das pessoas com ações deste tipo. Quando tratamos de saúde, tratamos de vidas e as pessoas precisam de respostas imediatas, não do paliativo. E a resposta imediata para São Vicente seria o hospital regional. Não só para São Vicente, mas para Santos também, pois desafogaria o atendimento. O hospital regional vai ajudar bastante. E como a gente faz para que isso saia? Temos que unir as forças para que a resposta saia.

 

O senhor trabalha na área do combate às drogas e o Estado tem o programa Recomeço. Como analisa essas políticas públicas executadas hoje em dia ?

Todo o programa é interessante. Tudo que é feito para atender essa demanda é salutar. Agora, tenho um pouco mais de experiência nesta área, são mais de 14 anos trabalhando, vejo que existem outras medidas a serem tomadas. Creio que eles deveriam buscar convênios com ONGs, Associações e Fundações que conheçam este tipo de trabalho. Hoje, o limite de vagas para uma casa de recuperação chega a 60 pessoas e a demanda é gigantesca. Se você visse a quantidade de telefonemas que o uma casa de recuperação recebe, de gente querendo ir e não tem o que fazer, é muita coisa. Precisamos mudar a lei. Têm muitas casas de recuperação com um tamanho gigantesco em chácaras, sítios. Mas o Governo limita um numero de pessoas. Temos que ampliar o número de vagas tendo um complexo diferente. Se não der para mudar a lei, precisamos estender este convenio com ONGs e associações, porque tem muita gente que esbarra nestas questões burocráticas e acabam fazendo um trabalho social bonito, mas clandestino. E isso existe muito hoje.

 

O senhor começou a conversar com os prefeitos da Baixada. O que tem sentido? Quais os principais pedidos?

Fui prontamente atendido pelo (Alberto) Mourão (prefeito de Praia Grande), uma pessoa extremamente sensível e preocupado com o futuro da região. Fui prontamente atendido também pelo prefeito (Luis Cláudio) Bili (de São Vicente). Na mesma noite em que vencemos a eleição, estávamos juntos falando do futuro de São Vicente. E recebi um telefonema do Paulo Alexandre (Barbosa, prefeito de Santos), que me parabenizou, dizendo que estava à disposição, quer estreitar o relacionamento e que precisava de nossa ajuda. Eu até brinquei e disse que “O governador toma café na sua cozinha, você não via precisar de um deputado” (risos). Ele falou que precisará muito e achei bacana da parte dele. Conversei com a Márcia Rosa, mas quando cheguei lá (no Gabinete da prefeita) ela rompeu o tendão de Aquiles e teve que ir correndo para o médico. Mas sou próximo a ela. Agora, dos demais, eu sinto um desprezo, porque procurei todos para conversar e até agora eu não tive a resposta de nenhum. Falei diretamente com as assessorias, mas o retorno foi nenhum, um descaso. Mas vou continuar com a minha posição, permanecerei procurando, em contato, estou pronto para atender e servir o meu estado e a minha região.

 

O senhor pretende ser candidato a prefeito daqui dois anos?

É muito cedo. Acabei de ganhar uma eleição. Moro na cidade de Santos, pretendo discutir em todas as cidades, em especial Cubatão que me deu uma votação expressiva. Terei um escritório político em Cubatão, coisa que nenhum deputado até hoje fez. Apenas o Passarelli que era de lá. Mas a maioria ia à cidade de Cubatão, buscava os votos de lá e vinham concorrer em Santos. Aí está o exemplo daqueles que concorreram na (eleição) passada. Vieram buscar os votos aqui na Prefeitura de Santos e esqueceram Cubatão. Cumprirei com as minhas obrigações. Em questão da eleição para prefeito, vou discutir sim. Se vou ser candidato ou não, é algo muito precoce. Mas uma coisa eu falo, candidato a prefeito em Santos, eu não saio. Cubatão hoje não tem um quadro, não tem um nome. Tem que discutir. Em Guarujá a mesma coisa. São Vicente vai ser uma eleição… O Bili ta passando por uma situação difícil, não conseguiu ainda, tem que discutir. Em Santos ainda não tem o que discutir, mas temos que falar com o prefeito. E isso não é só na Baixada, o Litoral Norte não elegeu nenhum deputado e tenho aquela região como minha área de atuação. Fui o terceiro mais votado em São Sebastião, o terceiro mais votado em Ilhabela e o quarto mais votado em Ubatuba. Tive uma boa votação também no Vale do Ribeira. Na cidade-sede, Registro, fui o segundo mais votado. E o Vale acabou de perder um deputado estadual que virou federal (Samuel Moreira). Vou me desdobrar para atender estas regiões e pretendo fazer um papel regional. Não quero ter mandato para responder um interesse político próprio. Agora, se dentro da discussão a gente vê que o nome cresce, a população pede a população pede uma figura assim para ser o prefeito, a gente também está à disposição. Isso faz parte da discussão, mas não quer dizer que serei candidato a prefeito em nenhum dos municípios.  Eu tenho rodinha no pé.

 

O senhor foi eleito graças ao quociente eleitoral, um dos tópicos debatidos dentro da reforma política. Como vê esta discussão?

Sou a favor de quem é eleito pelo quociente eleitoral, como foi o nosso caso. Mas não sou favorável a quem é eleito pela média. Esta é uma coisa que acho que tem que ser discutida. Não tem a sobra da sobra… Acho que isso é errado no processo eleitoral. Isso tem que ser discutido, debatido e conversado. A questão do voto distrital também. Sou totalmente a favor desta reforma política, acho que ela tem que ser feita. Tem que acabar com o oba oba que existe. Tem que ter o financiamento público de campanha, pois a gente sofre para colocar a campanha na rua e ir atrás dos empresários ou de alguém que apóie. Acho que tudo está englobado. Sou a favor da unificação das eleições, pois isso resultaria em economia para os cofres públicos e também acabaria com este oba oba do cara que é candidato a deputado, depois sai candidato a prefeito. E está rindo da cara do povo.

 

 

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