Há décadas, a pauta da ligação seca entre Santos e Guarujá, seja pela ponte ou por túnel, é discutida entre a população e as autoridades. Porém, nunca foi dado um passo efetivo para a construção da obra que será benéfica para a região, população e o Porto, que completou 129 anos nesta semana. Contudo, este panorama pode ser alterado nos próximos anos, pois em 2020, dois projetos viáveis ganharam holofotes na mídia.
Ponte
Ponte seria benéfica para o transporte de caminhões/ Foto: Reprodução
O primeiro é a ponte que conta com o apoio do Governo do Estado. Se aprovada, será executada pela Ecovias, concessionária responsável pelo Sistema Anchieta Imigrantes (SAI). Vale destacar que a obra terá o investimento privado, ou seja, sem recursos públicos. Em troca, a empresa terá o contrato renovado para exploração do sistema.
O projeto da ponte, enviado para o Ministério da Infraestrutura em novembro, prevê uma estrutura de 7,5 quilômetros de extensão, com 1,1 quilômetros de ponte pênsil.
A obra ligaria o bairro do Saboó à Rodovia Domênico Rangoni, ou seja, na verdade a estrutura ligaria a área de Santos insular com a continental. Há um pedágio no caminho, o que pode levar à cobrança dos usuários, ainda que estejam em Santos.
Na época da apresentação, o secretário de Logística e Transportes, João Octaviano Machado Neto, ressaltou que a ponte atende a uma demanda centenária da população e de todos os setores da economia que giram em torno do maior porto da América Latina.
Túnel
Túnel contaria com o espaço para veículos, pedestres, ciclistas e o VLT/ Foto: Reprodução
Por sua vez, ganha força o projeto do túnel. A deputada federal Rosana Valle (PSB) está empenhada para que a obra saia. Ela pediu ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, que incluísse no processo de concessão da Gestão do Porto de Santos a obrigatoriedade de construção do túnel. Segundo a parlamentar, o ministro atendeu o pedido e concordou em incluir a obra na concessão (privatização) da gestão da Santos Port Authority (SPA), entidade que administra o Porto de Santos (antiga Codesp), que abrirá um chamamento público neste ano para receber a doação de estudos que subsidiem a construção do túnel de acesso de carros, caminhões, bicicletas, pedestres e VLT.
Rosana também destacou que o presidente Jair Bolsonaro está animado com o projeto. É importante frisar que Bolsonaro costuma visitar a região em datas comemorativas, como no Ano Novo e feriados.
Viabilidade
Em entrevista ao Jornal Enfoque – Manhã de Notícias, o engenheiro, ex-presidente da SPA, e porta-voz do projeto Vou de Túnel, Casemiro Tércio afirmou que a ideia do túnel é a mais viável em relação à ponte.
“A posição estratégica do túnel na região do Macuco atende as pessoas da Ponta da Praia e do Centro da Cidade, seja por meio de carro, moto, bicicleta ou VLT”, ressaltou Casemiro. Haveria pedágio para a travessia, exceto para pedestres e ciclistas.
Além disso, ele citou que a ponte poderá trazer impactos futuros para expansão do Porto e que não faz sentido a construção deste projeto.
Prefeituras
O projeto da ponte e do túnel para ser concretizado precisa de união entre governos federal e estadual e, logicamente, os municípios. Procurada pela Reportagem, a Prefeitura de Santos emitiu a seguinte nota ” O túnel e a ponte são importantes, mas demandam amplo planejamento. O túnel é uma alternativa urbana, que facilita o tráfego de veículos de pequeno e médio portes para todo litoral. Já a ponte é uma facilitadora para o tráfego de caminhões no perímetro rodoviário”
Já a Prefeitura de Guarujá enfatizou que entende que a construção de um túnel seria o ideal, não só para navegação do porto, mas também para atender a mobilidade entre as duas cidades “O projeto de ligação seca entre Guarujá e Santos necessita atender ao menos 70% do atual fluxo da travessia de balsa e barcas (Itapema) e não há dados que comprovem que a ponte chegue perto desta capacidade”, enfatizou a Prefeitura.
Enquanto isso….
Usuários enfrentam lotação na travessia de balsa/ Foto: João Pedro Bezerra
Até a construção de uma ponte ou túnel, a população continuará sofrendo com a mobilidade urbana.
Para se ter uma ideia, um cidadão que mora em Guarujá e trabalha em Santos chega a desembolsar R$ 22,40 no transporte público sem o cartão transporte, ou seja, caso trabalhe seis dias por semana o custo passa de R$ 530,00, praticamente metade de um salário mínimo.
Quem utiliza a travessia de balsa entre Santos e Guarujá precisa lidar com o tempo de espera elevado em horários de pico e a tarifa de R$ 12,30 para carros. A única forma para atravessar Santos e Guarujá sem pagar é utilizando a bicicleta, porém o tempo de espera é longo. Segundo o usuário Paulo Lima, a situação piora nos fins de semana. “Às vezes, fico 40 minutos esperado a balsa. Se for de ônibus vou gastar muito dinheiro”, citou.