O município de Praia Grande, no litoral sul paulista, tem registrado indicadores positivos em relação à letalidade de casos do Covid-19.
Com base no boletim divulgado pela Prefeitura desta quarta (23), são 3.716 casos confirmados no Município, com 95 óbitos – taxa de letalidade de 2,5%.
Em São Paulo, a letalidade é de 5,6%; no Brasil, 4,5% e no mundo, 5,1%.
Praia Grande tem 316.844 moradores, segundo a Fundação Seade.
Um dos motivos para o sucesso das ações – que ganharam destaque na imprensa nacional, conforme reportagem da Globonews – é o trabalho de base realizado pelo setor de atenção básica e saúde da família.
Isso permite ter os cadastros de saúde de cada paciente e assim contatá-los e monitorá-los, caso necessário.
Ou seja, onde a atenção de saúde básica tem melhor estrutura, a chance de recuperação de pacientes do Covid-19 é maior.
Esta estratégia já foi destacada pelo neurocientista Miguel Nicolelis, coordenador do comitê científico do Consórcio Nordeste.
Em entrevista à imprensa, ela afirmou que a disseminação da covid-19 precisa ser combatida com equipes de saúde indo diariamente à casa de pessoas com suspeita de infecção pelo covid-19.
Praia Grande
Estratégia semelhante ocorre em Praia Grande.
Com os dados disponibilizados e o acompanhamento por parte dos profissionais de saúde, é possível monitorar os pacientes, especialmente os que tem comorbidades, como diabetes e hipertensão, que fazem parte do grupo de risco.
Três ações foram criadas para evitar a piora da saúde dos moradores.
Apoio à rede básica de saúde, implantação de um call center (telefones 162 e 3496-2281), onde as pessoas podem dirimir dúvidas com profissionais de saúde que dão instruções aos pacientes, e a internação precoce.
Ou seja, a Secretaria de Saúde não se espera que o quadro do paciente piore para, enfim, interná-lo.
“Quando as pessoas apresentam sintomas gripais e respiratórios, inicia-se um acompanhamento com as pessoas e seus familiares”, explica o médico Eduardo Yabuta, um dos profissionais encarregados do comitê de contingenciamento do município.
Ou seja, ao iniciar o monitoramento precoce, evita-se que o quadro de saúde da paciente se agrave.
“Apenas 1,89% dos contaminados chegam às UTIs”, explica o médico.
Ele enfatiza que os hospitais de campanha são a porta de entrada para os pacientes com sintomas leves da doença.
Desta forma, com o tratamento e isolamento corretos, os pacientes são monitorados para evitar que o quadro se agrave.
“Nos primeiros sintomas, o paciente já é internado para que a situação não evolua para fases mais severas”, diz.
São dois hospitais de campanha montados nos ginásios Falcão (Bairro Mirim) e Rodrigão (Tupi).
Nos locais, foram instaladas camas, cadeiras de rodas, mesas, poltronas, cilindros de oxigênio e todo o material necessário para o funcionamento dos 188 leitos (100 no Falcão e 88 no Rodrigão).
Números conflitantes
A despeito das informações que existem 95 vítimas fatais do Covid-19 em Praia Grande, os números dos cartórios diferem.
No entanto, conforme o portal de transparência do Registro Civil, o total de mortes por covid-19 nos cartórios já chega a 139, elevando a taxa de letalidade para 3,7%.
Para efeito de comparação com números populacionais semelhantes, Guarujá, com 316.405 habitantes, são 3.663 confirmados, com 164 óbitos – taxa de letalidade de 4,5%.
Nos cartórios, são 155 vítimas registradas.
Situação pior em São Vicente, com 357.929 moradores, sendo 2.080 infectados e 148 mortos (letalidade de 7,1%), bem acima das médias paulista, nacional e mundial.
Por sua vez, são 129 mortes registradas em cartórios.
Deve-se salientar que os números são conflitantes, pois há demora na confirmação de mortes pelo Covid-19 que aguardam as confirmações dos testes pelas prefeituras em relação aos registros nos cartórios.
Além dos números
A despeito dos números divulgados pelas prefeituras e cartórios, a cidade tem se destacado em âmbito regional não só na taxa de letalidade, mas nos gastos aplicados em ações do Covid-19.
Conforme balanço do Tribunal de Contas, a cidade – terceira mais populosa da Baixada Santista – é a sexta em gastos regionais per capita pelo Covid-19.
Até maio, o gasto per capita foi de R$ 65,92.
Acima apenas de Itanhaém, Peruíbe e São Vicente entre as demais cidades da região.
Confira entrevista do médico Eduardo Yabuta ao programa Notícias do Dia.