O teatro sempre esteve presente na vida do ator e pedagogo, Edson Braga, 58 anos.
Ele conta que a paixão pela cultura e a arte, vem da infância, antes mesmo da alfabetização.
Há 6 anos, Edson criou o projeto EBA! – Teatro, Terapia e Inclusão, que visa a autonomia das pessoas que possuem alguma doença ou transtorno.
“Eu trabalhava em uma entidade em Santos e tive a oportunidade de conhecer esta área da inclusão e decidi me aprofundar neste aspecto. Então surgiu a oportunidade de criar um grupo de teatro, inclusive alguns alunos já me conheciam no trabalho na entidade”, destaca Edson.

Edson criou o projeto EBA/Foto: João Pedro Bezerra
Projeto
Antes da pandemia da covid-19, o projeto atendia cerca de 30 alunos, grande parte possuía síndrome de down ou autismo.
Entretanto, com a chegada do coronavírus ao Brasil no ano de 2020, as atividades precisaram ser paralisadas.
A vacinação em massa permitiu a retomada do projeto de forma presencial.
Assim, os alunos estão voltando aos poucos para as atividades que ocorrem semanalmente às segundas-feiras no período da manhã e da tarde em uma sala na Rua Frei Francisco Sampaio, no Embaré.
Edson Braga detalha que o grupo faz pelo menos uma apresentação por ano, em teatros, como o Guarany.
Além disso, os alunos do EBA fazem apresentações em festas e demais eventos.
“A mensalidade é mais uma forma de manter o espaço. Eu faço meu trabalho por amor, é muito bom ver os alunos apreendendo com o teatro. Eu falo para eles que da porta para dentro é o espaço para a imaginação, memória e sentimento” salienta Edson.
Ele ainda cita que o projeto não tem nenhuma ajuda do poder público ou de entidade.
Dessa forma, o projeto EBA está aberto para todos os públicos e idades.
Evolução
Para Edson Braga, a maior satisfação do trabalho é ver a evolução dos alunos.
“Teve gente que chegou aqui e falava quase nada e hoje se solta com naturalidade no teatro e em qualquer ambiente. Também tem um ou outro aluno que é um pouco mais birrento, mas todos evoluíram muito com o tempo”, enfatizou.
Edson desenvolve as seguintes vertentes no projeto EBA: oralidade, comunicação corporal, sociabilização, desinibição, postura, ludicidade e autonomia, sendo o último o mais importante.
“Dar autonomia aos alunos é preponderante, alguns já pegam o carro por aplicativo sozinho e fazem as tarefas de casa. Neste ponto, o teatro é importante, pois consegue abrir uma série de oportunidades na vida dessas pessoas”, finalizou.
Itamar José de Oliveira, 56 anos, é um dos alunos do EBA desde o início do projeto. Ele destaca as ações do professor e o círculo de amizade entre os colegas.
“Eu tenho um professor nota 100, eu até fiz uma camisa para ele”, conta Itamar.
O mesmo acontece com Matheus Freitas, 22 anos.

Matheus e Itamar estão animados com a volta das atividades/Foto: João Pedro Bezerra
Futuro
Edson Braga salienta que tem diversos planos para o futuro.
“A minha ideia é ter uma casa que proporcione não só a atividade do teatro, mas como todos os projetos culturais, tendo um espaço também para o refeitório. A ideia é que cada sala tenha alguma vertente”, citou.
Por fim, ele enfatizou a importância da divulgação do projeto.
“Muitas famílias ainda não sabem que tem espaços culturais, onde podem deixar os filhos. O teatro traz a magia da arte e contribui com a sociedade, oferecendo oportunidades na vida das pessoas”, finalizou Edson.