Sem temporada de navios, Santos deixará de arrecadar cerca de R$ 320 milhões | Boqnews
Foto: Francisco Arrais/PMS

Cruzeiros

11 DE DEZEMBRO DE 2020

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Sem temporada de navios, Santos deixará de arrecadar cerca de R$ 320 milhões

Segundo a pesquisa da Clia Brasil, cada passageiro do navio gasta, em média, R$ 557,32, o que ajuda a explicar a perda do montante

Por: Da Redação

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Com a temporada de cruzeiros 2020/21 perdida devido a pandemia da covid-19, Santos deixará de arrecadar, aproximadamente, cerca de R$ 320 milhões com o fluxo de turistas.

Vale ressaltar que o orçamento direto e indireto de Santos é de R$ 3.274 bilhões para 2021.

Assim, o montante que deixa de circular na Cidade representa 10% do orçamento municipal para o próximo ano.

De acordo com a pesquisa da Clia Brasil, em conjunto com a Fundação Getúlio Vargas, cada cruzeirista gasta, em média, R$ 557,32 nas cidades de escala dos transatlânticos.

Segundo o levantamento, os resultados anteriores de taxa de ocupação dos leitos ofertados por temporada pelos navios, caso a pandemia e seus efeitos não tivessem afetado parte da última temporada 2019/2020, o resultado seria ligeiramente superior ao registrado (+2,1%), com impacto econômico total estimado em, aproximadamente, R$ 2,3 bilhões, o que representaria um crescimento de 9,9% em relação à temporada passada.

No entanto, não aconteceu.

Entre cruzeiristas que realizariam viagens domésticas e/ou internacionais, mais de 30 mil pessoas deixaram de ser atendidas devido à pandemia da covid-19 (até o momento da realização da pesquisa).

Em geral, uma perda estimada de receita para as empresas de mais de R$ 70 milhões.

 

A Prefeitura de Santos ainda não consegue estimar o prejuízo que a Cidade terá sem a temporada de cruzeiros. Foto: Francisco Arrais-PMS – Arquivo

Sem previsão

Enquanto há a tendência de uma grande perda de receita, a Prefeitura de Santos, por meio de nota, explica que não é possível prever o impacto financeiro da diminuição do turismo pela falta de cruzeiros devido à pandemia.

O Concais, por sua vez, afirma que, por não haver ainda uma confirmação da temporada, não iria se manifestar.

Por sua vez, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) relatou que até o presente momento não há decisão referente à retomada ou não dos navios de cruzeiros.

A decisão será tomada pelo Grupo Executivo Interministerial de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional e Internacional – GEI.

“A Anvisa participa do GEI fornecendo os subsídios necessários solicitados pelo grupo para sua tomada de decisão. Ou seja, no contexto da emergência em saúde pública as decisões sobre retomada de cruzeiros serão tomadas pelo GEI. A Agência fornecerá os subsídios necessários quando solicitada. Dessa forma, não é possível falar em protocolos para navios de cruzeiros até o presente momento”, finaliza em nota.

Não há, portanto, previsão de quando isso ocorrerá.

 

 

Consequências do vírus

Em razão do vírus, o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares sofreu um impacto de 50% na ocupação dos hotéis da Baixada Santista, além do déficit que terão devido a queda nas receitas.

De acordo com o SinHoRes, por meio de nota, era estimada a contratação de 150 mil funcionários antes da pandemia, sem contar autônomos e profissionais terceirizados.

“Há uma queda média de 70% do faturamento dos restaurantes em comparação com o mesmo período do ano passado. Estão se recuperando aos poucos, mas recontratando 20% dos funcionários dispensados”, afirma.

Porém, ainda em nota, devido a flexibilização dos horários que o comércio se manterá aberto, a expectativa é positiva para os bares, restaurantes, quiosques e buffets.

Os hotéis estão registrando ocupação de 45% no Natal, e 55% para o Ano Novo até o momento.

No ano passado, as taxas eram de 50% e 60%, respectivamente.

 

Museu do Café

 

No Museu do Café, no Centro Histórico, está prevista uma redução de 40% na captação de recursos financeiros.

Uma das razões é a queda no número de frequentadores do espaço.

No ano passado, no mês de outubro, 29.262 visitantes passaram pelo espaço, enquanto em novembro o número chegou a 31.370.

Neste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, os números caíram significativamente: 12.096 em outubro e 10.624 em novembro.

“No que diz respeito à temporada de cruzeiros era costumeiro o museu ampliar seus dias de funcionamento em algumas segundas-feiras dos três primeiros meses do ano – ampliação que não acontecerá, devido ao horário reduzido implantado como medida preventiva ao coronavírus”, afirma.

“Espero voltar em janeiro”

Neste mar de indefinições, trabalhadores aguardam uma solução.

O faxineiro John Silva anseia pela volta ao trabalho e ressalta que as companhias marítimas conseguem sustentar a perda financeira causada pela covid-19. Mas os trabalhadores não.

“Os meses se passaram, e a promessa de retorno foram imensas, mas foram cancelando conforme os meses passavam. Era para ter embarcado em novembro, depois dezembro e agora está marcado para janeiro. Tenho medo que seja adiado de novo”, salienta.

O profissional está sem trabalhar desde março, quando precisou desembarcar do transatlântico devido ao início da pandemia.

Assim, alguns navios ficaram atracados no Porto de Santos devido aos casos de covid-19 entre os passageiros no começo do ano. A MSC Cruzeiros estima o retorno das atividades para o dia 16 de janeiro.

Cancelamento: possíveis impactos locais

Por: Diogo Dias Lopes

Há várias maneiras de interpretar as consequências do possível cancelamento total da temporada de cruzeiros marítimos na costa brasileira, e mais especificamente, para a nossa região.

Como empresário e diretor da agência de receptivo Parceiros do Turismo, identifico o mais óbvio, que muitos fornecedores de serviços turísticos; operadores de turismo receptivo, guias de turismo e transportadores, por exemplo, não terão as receitas que necessitam e que estão acostumados a adquirir nestes meses, que geralmente vão de novembro a março.

E esse impacto não é apenas na Baixada Santista, pois devido a incapacidade das empresas locais em atenderem todas as demandas dos navios, empresas e profissionais de outras regiões, como os da capital São Paulo, também atuam por aqui e podem sofrer graves consequências.

Como guia de turismo, eu deixo de arrecadar um valor significativo, uma vez que a minha atuação antes da pandemia era dividida entre Santos e São Paulo, mas mais especificamente nos meses mencionados, Santos se torna muito importante devido a diminuição do fluxo de turistas em São Paulo, muitas vezes motivados pelos negócios e eventos.

Como turismólogo, analiso os dois lados da moeda, acho que esta “quebra de normalidade” faz com que os agentes de turismo locais busquem outras saídas. E neste contexto, a união do trade turístico é fundamental para enfrentar essa dificuldade, seja pela cooperação e pela maior sinergia entre os profissionais, seja pela inovação.

Entendo também que a hotelaria deve ser mais ativa em promover a visitação dos equipamentos turísticos da cidade e a contratação de passeios e city tours, onde neste caso, poderiam receber receitas pela intermediação de serviços, por meio de comissionamentos.

E os agentes locais devem promover novos tipos de passeios e experiências, para mostrar a nossa região pelos mais diversos aspectos, atraindo visitantes dos mais diversos perfis.

Turismo mais engajado

Se conseguirmos fazer com que uma pequena porcentagem das pessoas que vêm usufruir das praias também realize um turismo mais engajado, os benefícios serão tanto para eles próprios, quanto para o mercado local, que poderá ficar menos dependente dos cruzeiros marítimos. Lembrando que muitas pessoas ao não poderem fazer viagens internacionais ou cruzeiros estariam com uma “poupança” para viajar.

Eu trabalhei em cruzeiros marítimos por alguns anos.

Não sou um especialista em saúde, mas entendo que a disseminação de doenças dentro dos navios é muito mais acelerada.

Por isso é importante analisar que se não temos as condições ideais para que as viagens de cruzeiro possam ser realizadas de maneira segura, melhor mesmo é que não aconteçam.

As consequências econômicas nunca devem ser mais relevantes do que as questões de saúde de turistas e profissionais. Ao pensarmos de maneira imediatista querendo que os navios operem a qualquer custo podemos ser negligentes e empurrar o problema para ainda mais adiante.

A prática do turismo deve ser livre de grande tensão para que seja plena e saudável.

E Santos tem muito a oferecer!

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