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Política

16 DE DEZEMBRO DE 2021

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“Precisamos de mais políticos com diploma de realidade”, enfatiza Tábata Amaral

Deputada federal Tábata Amaral (PSB) está na lista do Diap entre os 100 parlamentares mais influentes do Congresso Nacional.

Por: Fernando De Maria

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Filha de uma diarista e de um cobrador de ônibus, moradora da Vila Missionária, na periferia da Zona Sul de São Paulo, onde reside até hoje, a deputada federal Tábata Amaral (PSB) chegou ao Congresso Nacional, aos 25 anos, como um nome ainda desconhecido.

Pelo menos no meio político.

Mesmo a despeito dos seus 264.450 votos, o que a tornou a sexta deputada paulista mais votada nas eleições de 2018, ainda no PDT.

Mas ela sabia que não poderia ser mais uma entre os 513 deputados na Câmara Federal

“Meus maiores receios ao me eleger eram que eu não conseguisse atuar com minhas propostas”, diz a deputada.

Após três anos de mandato, a deputada sabe que este temor já faz parte do passado.

Conseguiu incluir no edital da chegada do 5G ao Brasil que as empresas vencedoras de licitação terão que garantir a conexão para 14 mil escolas pelo País.

E ainda: foi uma das lideranças que colocou em pauta uma discussão relevante, mas pouco lembrada: a pobreza menstrual, que limita a presença de jovens em bancos escolares.

“Hoje, prefeituras e estados já colocaram a entrega de absorventes como uma política pública”, diz, orgulhosa.

Além, é claro, de garantir mais recursos para o Fundeb – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação.

100 maiores cabeças

Não é à toa que Tábata Amaral integra a lista das 100 maiores cabeças do Congresso Nacional, conforme levantamento do respeito Diap.

E no seleto grupo feminino – foram apenas 14 mulheres no grupo.

Ela participou do Jornal Enfoque – Manhã de Notícias de hoje (15), onde abordou diversas questões.

E lamentou a polarização, carregada de violência em atos e palavras, deferidos contra aqueles que pensam o oposto.

“A discussão de ideias faz parte do processo democrático. O que não pode é virar palco de violência e ofensas para quem pensa de forma contrária”, salienta.

Deputada Tabata Amaral (PSB/SP): políticos deveriam conhecer a realidade da população

Jovem, mulher e sem sobrenome político

Afinal, jovem, mulher e sem um sobrenome político, Tábata conseguiu, aos poucos, ocupar seu  espaço no Congresso.

Portanto, os holofotes da imprensa colocaram luz sobre sua fala  após menos de três meses de mandato quando literalmente ‘enquadrou’ o primeiro ministro da Educação do governo Bolsonaro, Ricardo Vélez Rodriguez.

Assim, seu nome começou a chamar a atenção  – assim como de outros jovens eleitos pelo Brasil afora, cada um com seus viés ideológico e programa partidário.

Assim, a mídia descobriu que aquela jovem já tinha uma história de vida fantástica.

Bolsista na conceituada Universidade de Harvard (EUA), Tábata é formada em Ciência Política e Astrofísica.

Ou seja, não chegou ao Congresso apenas pela sua simpatia e beleza.

Afinal,  seus milhares de eleitores já sabiam quem era ela.

Mas os demais brasileiros ainda não.

E a medida que seu nome começou a ganhar projeção, os elogios e as críticas começaram a ‘pipocar’, não só nas redes sociais, mas também pela imprensa e dentro do Congresso Nacional.

A ponto de votações polêmicas, como a da reforma da Previdência, ter rendido-lhe ácidas críticas dos dirigentes do seu antigo partido (PDT), o que a fez, com amparo legal, migrar para os socialistas do PSB.

Aliás, a legenda aposta suas fichas em seu nome para fazer uma ampla bancada paulista.

Tábata tende a ter uma votação ainda mais expressiva em sua reeleição – ela já confirmou que estará na disputa.

Não é à toa que a sua filiação em Brasília se assemelhou à chegada de uma ‘pop star’ – ainda que ela não curta nem tenha qualquer intenção neste sentido.

Realidade

Afinal, a jovem parlamentar gosta de mostrar suas origens e lança um desafio que faria muito político rever suas posições.

Ou nem concorrer.

“Precisamos de mais políticos com diploma de realidade”, enfatizou.

Realidade, aliás, que ela sente na pele, quando a água deixa de sair das torneiras das casas da periferia onde mora por volta das 20 horas.

Sem contar com outros problemas, como a ausência de asfalto ou o longo tempo de espera para usar o transporte coletivo, caro e de qualidade discutível.

O tema, aliás, foi objeto de seu último artigo na Folha de S. Paulo, sob o título Você suportaria esta realidade?, onde problemas como a falta d’água são comuns na periferia, mas não ganham repercussão na mídia.

Já se isso ocorresse em bairros nobres, a realidade seria bem diferente.

Durante o programa, a parlamentar falou sobre o preconceito que sofre não só nas redes sociais, mas também dentro do Congresso.

PL da Caça

Na terça (14), ela teve participação efetiva para obstruir o PL da Caça.

Na prática, iria garantir a realização da caça esportiva no País, sob o pretexto de contar o avanço de determinadas espécies.

Chegou a ser criticada pelo deputado Nelson Ned Previdente, o Nelson Barbudo (PSL/MT), que a agrediu verbalmente, com expressões como ter ‘chilique’ e ‘ficar quietinha’, provocando um verdadeiro ‘rebu’ na comissão de Meio Ambiente, onde Tábata é uma das integrantes.

Depois, ele acabou se desculpando com a parlamentar.

Ao final, o PL da Caça saiu da pauta.

“Ele (PL) representa um retrocesso. Caçar animal não pode ser um esporte”, enfatizou.

No final, apenas pontos consensuais foram aprovados pela comissão.

Outros temas

Tendo a Educação como bandeira, a parlamentar defendeu vários pontos, como a adoção do modelo australiano de financiamento público no ensino superior, onde profissionais com melhores condições financeiras que estudaram em universidades públicas possam contribuir na devolução dos recursos entre aqueles que recebem os salários mais elevados.

Ela também criticou a proposta do fundo partidário, que prevê quase triplicar, dos atuais R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões, para o próximo ano.

“Estamos tentando vetar tais pontos, mas não será fácil. Em um país com tanto desemprego e miséria, isso será um desrespeito à população”, salienta.

No fundo, ela sabe que será algo impossível de ocorrer, pois os caciques políticos estão de olho nestes recursos – sem contar com as famosas emendas parlamentares liberadas pelo Governo Federal.

“Um verdadeiro escândalo”, define.

Tábata enfatiza também o financiamento empresarial – como alguns defendem – não é a melhor alternativa e pede maior equilíbrio na distribuição dos recursos, ainda que públicos, aos candidatos.

“Deveriam existir critérios claros, se o objetivo fosse democratizar. Infelizmente, existem os donos de partidos, que decidem como será feita esta divisão”, salientou.

A parlamentar também falou de outros temas, como posição para as eleições 2022 – ela se coloca frontalmente contrária ao governo Bolsonaro – e defende maior participação da população nos debates políticos para que outros jovens, em especial provenientes da periferia, consigam representar a população no Congresso Nacional.

Confira a entrevista completa

 

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