A temporada de cruzeiros no Porto de Santos começa neste domingo (26) com chegada do MSC Precioza no Terminal Concais.
A expectativa é que 800 mil passageiros circulem pelo local até 19 de abril, fechando o calendário de cruzeiros, contabilizando embarques, desembarques e trânsito.
Do total, serão cinco navios regulares e nove em trânsito, com volume de leitos de cerca de 20% inferior ao da temporada 2024/2025 nos portos brasileiros.
Assim, ao longo deste período (25 de outubro a 19 de abril) serão 95 dias de operação com navios atracados no terminal, totalizando 134 escalas.
Assim, deste total, em 66 dias haverá uma atracação; 20, duas; e em 9, com três navios, especialmente em datas especiais, como cruzeiros próximos ao Natal, Réveillon e Carnaval.
Apenas para embarques, a previsão é movimentar mais de 350 mil passageiros até 19 de abril, além de gerar cerca de R$ 1,2 bilhão para a economia da Baixada Santista
Gerente de operações do Concais, Javier Carnevale, destaca que já está tudo pronto no terminal para receber os turistas nesta nova temporada.
Ao lado do presidente da Associação dos Profissionais do Turismo (APT) na Baixada Santista, Eduardo Silveira, ele participou do Jornal Enfoque desta quarta-feira (22).
“Serão pelo menos 30 mil empregos diretos e indiretos gerados no período”, calcula.
“Contratamos cerca de 350 funcionários temporários, sendo 200 para o transporte e manuseio de bagagens”, acrescenta.

Passarela facilitará o embarque e desembarque de passageiros, prestadores de serviços e colaboradores do Concais e terminais vizinhos. Foto: Dougy Fernandes/APS – Divulgação
Passarela
Uma das novidades que os turistas e usuários do terminal encontrarão será a passarela entregue na semana passada, com 300 metros de extensão.
Conhecida como Passarela da Santa, em razão do acesso à imagem de Nossa Senhora de Fátima, a passarela é uma das contrapartidas previstas no contrato de gestão da Ferrovia Interna do Porto de Santos (FIPS).
Neste caso, o investimento total foi de aproximadamente R$ 20 milhões, custeados integralmente pela empresa concessionária.
Conta com rampas, cobertura metálica e sistemas de iluminação e o acesso ocorre junto ao terminal.
Dessa forma, ela vai eliminar um grande entrave existente.
Afinal, sob sol ou chuva, passageiros eram obrigados a esperar por longo tempo para poder acessar ao terminal em razão de movimentação de trens no local, colocando em risco a segurança dos usuários.
“Além de beneficiar os turistas, vai facilitar a vida dos trabalhadores das empresas do local e também do Concais”, destaca.

Projeto do futuro terminal de passageiros localizado no Valongo, no Centro Histórico de Santos. Foto: Divulgação/PMS
Novo terminal
Durante o programa Jornal Enfoque, ambos falaram da expectativa do futuro terminal no Valongo.
A mudança, porém, depende da licitação do Santos Tecon 10 (STS-10), no Saboó.
Isso porque a empresa vencedora da licitação, cujo edital ainda aguarda decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), será responsável pela obra de infra-estrutura (base) do terminal.
O próprio ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, visitou nesta quarta-feira (22) o TCU para a definição da data do leilão.
A expectativa é que ele ocorra ainda este ano para se evitar que se prolongue para 2026, ano eleitoral.
Afinal, o próprio Costa Filho deverá deixar o cargo até o fim de março para se desincompatibilizar para concorrer às eleições de outubro do próximo ano.
No entanto, dificilmente o prazo será cumprido, pois é real o risco de judicialização da licitação.
Afinal, há antagonismo nas visões de grupos empresariais que defendem a concorrência livre para todos, inclusive para quem já está operando no porto de Santos.
Por sua vez, outros que defendem a abertura da área para novas empresas.
Em entrevistas à Imprensa, o próprio presidente da Autoridade Portuária, Anderson Pomini, reconhece este risco e lembra que a judicialização é comum em casos de licitação como esta, diante da sua magnitude.
Tecon-10
O terminal Santos Tecon 10 é a maior área privada a ser privatizada nos portos brasileiros, totalizando 602 mil m2 – com ampliação em pouco mais de 20 mil m2 – a ser feita pelo vencedor da licitação.
Localizada no Saboó, onde hoje operam empresas como o Ecoporto e outros terminais, a área será vizinha ao futuro terminal de passageiros.
Assim, a estrutura que compõe a base para a atracação dos navios, orçada em R$ 800 milhões, ficará a cargo da empresa vencedora.
“O futuro terminal no Valongo é fundamental para alavancar ainda mais o turismo em Santos e região”, destaca Silveira.
Ele defende que, diante do impasse sobre o início das obras do STS-10, cujas discussões se arrastam há uma década, a própria Autoridade Portuária inicie o processo para a obra e que, após o anúncio da empresa vencedora do terminal, os recursos antecipados sejam repassados à APS.
“Não podemos esperar por mais tanto tempo”, destaca.

Javier Carnevale, do Concais, (à esq) e Eduardo Silveira, da APT, (à dir) falaram sobre os planos para o setor do turismo, especialmente com o início da nova temporada. Foto: Felipy Brandão
Queda na oferta de leitos
Nesta temporada, serão cinco navios regulares e nove em trânsito, com volume de leitos 19,5% inferior ao da temporada 2024/2025 nos portos brasileiros.
Na temporada passada, por exemplo, foram nove navios regulares e cinco em trânsito em Santos.
Entre 2024/2025, foram 838,1 mil leitos disponíveis nos navios.
Na temporada que começa neste domingo, a previsão chega 674,6 mil leitos.
As elevadas taxas cobradas, falta de infraestrutura em portos brasileiros, além de judicialização por parte de clientes e empregados contra as armadoras afastou o interesse das empresas do setor para investir nesta nova temporada no Brasil.
No entanto, a tendência é aumento no número de leitos, com transatlânticos com maior capacidade, na temporada 2026/2027.
A própria MSC já anunciou que quatro navios farão escala apenas no Brasil (MSC Divina, MSC Música, MSC Lírica e MSC Virtuosa, a novidade).
Aliás, o MSC Virtuosa tem capacidade para 6.334 passageiros – quase o dobro em relação ao MSC Divina (3.502).
“Isso decorre pela pressão do mercado”, destaca Silveira, lamentando a demora sobre a transferência da localização do terminal, hoje na região do Outeirinhos, no Porto de Santos, para o Valongo.
Segundo ele, o novo terminal será fundamental até para que o porto de Santos passa a receber cruzeiros ao longo dos 365 dias no ano.
“Temos plenas condições. Mas as empresas precisam ter garantias para trazer seus navios para cá”, destaca o presidente da APT.
Outros assuntos
Durante o programa, eles falaram também sobre os cruzeiros temáticos, perspectivas para a nova temporada no verão, aeroporto metropolitano de Guarujá, entre outros temas.
Confira o programa completo
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