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20 DE MARÇO DE 2009

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Um oásis para o futuro

Uma tendência que já ocorre em nível nacional e também  na Baixada Santista, pelas suas características econômicas, é a da formação de jovens em cursos de níveis profissionais básico e técnico, principais responsáveis em obter uma vaga no concorrido mercado de trabalho, em que o desemprego, devido à crise financeira mundial, volta a crescer no […]

Por: Da Redação

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Uma tendência que já ocorre em nível nacional e também  na Baixada Santista, pelas suas características econômicas, é a da formação de jovens em cursos de níveis profissionais básico e técnico, principais responsáveis em obter uma vaga no concorrido mercado de trabalho, em que o desemprego, devido à crise financeira mundial, volta a crescer no Brasil e atinge hoje 8,4% da População Economicamente Ativa (PEA), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).



Um levantamento recente realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), por exemplo, apontou que 83,9% dos estudantes egressos em cursos técnicos obtêm emprego. Na região, o instituto possui três unidades, em Bertioga, Santos e Cubatão. Nesta última, até pela proximidade com o Pólo Industrial, o índice de estudantes que já saem empregados, segundo o diretor Antônio Carlos Lago Machado, equivale aos dados nacionais.

Ele credita tal número ao perfil buscado por grande parte das empresas. “O aluno com formação técnica tem um caráter mais operacional e se torna referência para as indústrias, que estão à procura de profissionais com essas características, com algum embasamento teórico, mas com prática, essencialmente”, destaca.

Promimp
No caso do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Promimp), coordenado pelo Ministério de Minas e Energia e  Petrobras, a situação é ainda  mais favorável.

Com cursos para a preparação de soldadores, caldeireiros, montadores e isoladores para o mercado de trabalho industrial, o índice empregatício para formados chega a superar o do Ensino Técnico, devido a uma grande demanda proveniente do Pólo Industrial da região, segundo Lago Machado.

“Podemos analisar dois exemplos atuais. A Usiminas (antiga Cosipa) está instalando novos laminadores, e a Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC) está em reformas. Para atuar nessas funções, eles, que já precisavam antes, buscam ainda mais pessoas com prática de caldeireiro ou soldador, por exemplo. Com isso, a procura por gente com a qualificação básica é ainda maior abrindo novas possibilidades de emprego”, explica.

Os números também são significativos na pesquisa feita pelo Centro Paula Souza, entidade estadual responsável pelas Escolas Técnicas (Etecs) do Estado de São Paulo, como a Aristóteles Ferreira, situada na Aparecida.

Segundo o levantamento, feito em 2007 e divulgado no ano passado, com 7 mil alunos que concluíram os cursos em alguma das unidades paulistas, 77,3% dos entrevistados formados já estavam  no mercado de trabalho, sendo que 85,6% deles detêm vínculo empregatício formal com ganhos médios de 2,2 salários mínimos (algo em torno dos R$ 990,00).

Para a assessora de Avaliação Institucional do Centro e responsável pela pesquisa,  Roberta Froncillo, os resultados são um novo reflexo do que o mercado demanda na atualidade.

“O profissional apto a ir direto para a área prática é aquele que tem mais possibilidades de ingressar nas empresas, principalmente na área industrial, (de acordo com 28,2% dos entrevistados na pesquisa) e oferece mais perspectiva profissional”, aponta a pesquisadora.
No Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP) de Cubatão, atual nome dado ao Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) do Estado, não há dados estatísticos do total de alunos que saem empregados.

No entanto, o gerente acadêmico da área tecnológica da instituição, Humberto Hickel de Carvalho, garante que grande parte dos estudantes egressos dos cursos para formação de técnicos em Eletrônica e em Automação, disponibilizados pela instituição, já atuam no mercado de trabalho.

No curso superior oferecido pela instituição, o de Tecnologia em Automação Industrial, iniciado em 2004, o índice de empregabilidade também é elevado, atingindo quase 100%. Desde o ano passado, a escola também oferece o curso de Turismo, mas ainda não formou turma.

Muito se dá pelo cenário ilustrado por Hickel no que diz respeito às oportunidades de estágio. “Hoje, temos mais vagas (para estágio) do que estudantes, e aqueles quem entram, geralmente, já são encaminhados para essas possibilidades de experiência”, explica.

Aprendizado deve ser contínuo

O gerente acadêmico do  Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP)  de Cubatão, Humberto Hickel de Carvalho,  vê com preocupação a crescente forma de oportunidades para os formandos da área técnica, devido à pouca atenção dada à teoria, até pelo rápido tempo para conclusão dos cursos.
Ao seu ver, isso resulta na formação de um operário padrão, sem embasamento crítico, formado apenas para exercer determinada função, ganhando relativamente pouco.

“A parte teórica dá ao sujeito a possibilidade de se ter uma formação mais ampla do que é a sociedade. Acho que não se deveria alterar a educação pelo que indica a economia, que pede a formação de um mero operário pelas escolas. Forma-se rápido para já se levar ao mercado”, critica, alegando que a circunstância retoma o chamado fordismo, que se apoiava na linha de montagem (cada um com sua função) e na redução de custos para a produção de determinado material.

Até por isso, a defesa, tanto de Hickel como do diretor do Senai de Cubatão, Antônio Carlos Lago Machado, é a de que o formado nestes cursos não pare de buscar novas experiências estudantis, sempre visando ascender à graduação.

Lago Machado se considera exemplo desta situação, ao mencionar que iniciou na profissão como Eletricista de Manutenção (formação profissional básica), formando-se, em seguida, Técnico em Elétrica e, posteriormente, graduando-se em Tecnologia Eletrônica (nível superior).
“Os cursos que visam profissionalizar o estudante são importantes para que se adquira uma prática necessária visando ingressar no mercado. Afinal, há pessoas bem qualificadas, mas sem experiência. Porém, não se pode ficar só com o nível técnico ou básico o resto da vida. É importante buscar, se possível, dentro da área de atuação, o nível de graduação. E quanto mais cursos, experiências e níveis aquele trabalhador tiver, melhores serão suas oportunidades para conseguir um emprego mais qualificado”, discorre.

Pesquisa
No entanto, esse não é um pensamento geral de quem busca o Ensino Técnico, conforme aponta a pesquisa feita pelo Centro Paula Souza. Segundo os dados, em nível estadual, cerca de 46% dos estudantes egressos das Etecs não deram prosseguimento aos estudos, alegando que este curso profissionalizante já era suficiente, enquanto 40% afirmaram ter partido para uma graduação, mostrando que a importância ou não de se progredir academicamente ainda não é uma prioridade, mesmo com o emprego assegurado.

Até por isso, Hickel diz ter dúvidas sobre o ingresso ou não desse novo profissional na graduação. Para ele, isso seria frequente se houvesse uma formação educacional geral mais sólida e um maior incentivo à verticalização do ensino. “Uma educação que valorize mais o homem e às ciências humanas pode ajudar esse profissional a mudar, se não a realidade do mundo, ao menos, a sua própria, angariando novos conhecimentos, teorias e capacitações que dificilmente obterá se ficar apenas com um nível técnico no currículo”, finaliza.

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