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Opiniões

14 DE FEVEREIRO DE 2016

Desfile da história

Por: Fernando De Maria

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Não sou carnavalesco de carteirinha, mas confesso que aguardei – assim como milhares de santistas e amantes do Carnaval – o desfile da Grande Rio, em homenagem à Cidade.

Enquanto não começava, zapeava os canais de TV na esperança que a escola entraria na Marquês de Sapucaí pouco depois da meia-noite. Que nada. Só iniciou mais de duas horas depois. Entre um cochilo e outro em frente à TV, finalmente chegara a hora da agremiação contar nossa história no maior espetáculo da terra, como os organizadores classificam o evento carioca

Confesso que o início foi empolgante, com homenagens à Cidade, usando adereços e simbologias para nos encher de orgulho. Porém, com o passar do desfile começou a salada visual que mais parecia um verdadeiro ‘samba do crioulo doido’, parafraseando a música satírica composta pelo escritor e jornalista Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, em 1968, quando ironizava a obrigatoriedade imposta às escolas de samba de retratarem nos seus sambas enredo somente fatos históricos (era o período do regime militar).

Hoje, a expressão refere-se a fatos sem nexo. E isso não faltou na exibição. O 7º lugar da escola – a pior colocação nos últimos 11 anos – resume bem esta realidade. Na visão dos próprios jurados.

Não vou entrar no mérito da criatividade do carnavalesco, nem nos valores dispendidos para a apresentação da Grande Rio. A Prefeitura garante que não investiu dinheiro público, mas qualquer um sabe que não existe almoço grátis. A fatura costuma ser cobrada depois.

Arte não se discute. Cada um tem seu gosto e preferência. As redes sociais se tornaram o repositório de ódios e paixões misturando Carnaval e política. Alguns com argumentos corretos, outros ideologicamente enviesados.

No entanto, muitos santistas acabaram se surpreendendo com nossa riqueza histórica e importância para o País. Por isso, reforço um tema que já venho falando em outras colunas e retomei recentemente: a necessidade de Santos ter um museu próprio, algo defendido por um grupo de jornalistas, empresários, historiadores e pessoas do meio cultural por meio da Associação Museu Histórico de Santos.

O desfile mostrou a nossa potencialidade. As críticas da ausência de temas que poderiam ser melhor explorados exemplificam bem esta realidade. Serviu, portanto, para mostrar o quanto os santistas defendem sua cidade, mas muitas vezes desconhecem as suas riquezas culturais e históricas. O museu, unindo a tradição com a modernidade e usando recursos interativos, poderia preencher esta lacuna tanto para os santistas como aos turistas.

Afinal, somente com a união coletiva, sem picuinhas e apartidarismos, poderemos colocar em prática este projeto. Imóveis históricos não faltam para abrigar o novo empreendimento. Resta a vontade política para o desfile da nossa história ocupar um merecido espaço na vida dos santistas.

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