Alemanha, França e Itália são as maiores economias da UE (o Reino Unido era a segunda maior até o Brexit), e a despeito de terem grandes diferenças quanto à composição demográfica e étnica de suas populações, bem como os ostentarem modelos econômicos bastante díspares e gastos públicos igualmente diferentes, os países são a base de sustentação da UE.
E isso não é de agora. O trio passou por maus bocados na 1. Guerra Mundial (1914-1918) e depois na 2. Guerra Mundial (1939-1945).
O destino dos 3 sempre esteve umbilicalmente ligado. A Alemanha sofreu a imposição do Tratado de Versalhes (que de tratado nada tinha) pela França e isso foi uma das causas do surgimento do fascismo alemão, enquanto a Itália convulsionou no período das duas grandes guerras, ora apoiando um lado, ora apoiando o outro.
Os italianos assistiram desde a ascensão do fascismo pelo ressentimento no pós 1. Guerra, até a queda da monarquia em um país destruído.
Por isso, a UE nasce da premissa incontornável de que as nações europeias precisam estar conectadas por interesses comuns para serem aliadas, ao invés de inimigas.
Do mercado comum, às normas ambientais e proteção aos refugiados e criação do euro, as 27 nações europeias que compõem a UE ganham muito em manter este organismo político, que tem defeitos, é claro, mas trouxe paz a um continente que sangrava há séculos.
Logo, assistir a extrema-direita ficar em 2. Lugar na Alemanha e em 1. Lugar na França e Itália, ou seja, assumindo posição de destaque no parlamento da UE é assustador.
Estes partidos eleitos são eurocéticos e podem não só barrar maior integração, como iniciar um desmonte da estrutura política e humanitária que levou mais de meio século para ser construída.
É preciso entender este fenômeno. Por exemplo, grande parte dos votos vieram de jovens do sexo masculino. Por que? Desesperança.
Outro ponto interessante: os votos à extrema direita na Alemanha vieram mais da Alemanha Oriental que da Ocidental.
O que explica isso, já que esta porção do país esteve sob domínio comunista?
Alexandre Gossn é advogado, escritor e investigador do Grupo de Pesquisas “Europeísmo, Atlanticidade & Mundialização” da Universidade de Coimbra
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