A caradura que vem da Suécia | Boqnews

Opiniões

30 DE JANEIRO DE 2020

A caradura que vem da Suécia

Por: Da Redação

array(1) {
  ["tipo"]=>
  int(27)
}

O escritor, religioso e humanista espanhol, Antônio de Guevara dizia que “é um grande esforço para o pobre obter o que lhe falta, e também um grande trabalho para o rico conservar o que lhe sobra”.

Não basta a desigualdade de renda, desemprego, falta de acesso aos serviços públicos mais básicos, o cidadão menos desfavorecido vai continuar sofrendo com a indiferença e a cara-de-pau dos nossos governantes.

Isso ficou nítido em uma reunião nesta semana do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suécia, pautada pela ameaça das mudanças climáticas.

No evento, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse aos participantes que “a pior inimiga do meio ambiente é a pobreza”. De lá do país escandinavo, referência em proteção social pelos governantes, nosso ministro teve a caradura de expor sua opinião dessa forma.

Injustiça

Segundo ele, se não há oportunidades de geração de renda, as pessoas destroem o meio ambiente porque “têm fome”.

“É um problema complexo, não há solução fácil”, afirmou o ministro.
A frase tacanha levou a uma enxurrada de críticas na internet. E boa parte desses comentários partiu de internautas que reclamaram que o ministro da Economia jogou a responsabilidade da destruição ambiental para os pobres, ao invés de pôr a culpa nos agentes que têm provocado.

Na minha opinião, a pior inimiga do meio ambiente é a ganância econômica, a falta de planejamento e gestão, já que o ministro ignorou o efeito de atividades econômicas que têm contribuído com a alta do desmatamento no Brasil e outros desastres naturais no mundo.

Inversão

Essa fala agressiva representa a atitude de governantes que não se preocupam com medidas preventivas que resguardem, por exemplo, as florestas, as encostas litorâneas, manguezais e margens dos rios, fundamentais para o equilíbrio climático e da biodiversidade.

Deve ser culpa do pobre os desastres de Brumadinho, do óleo nas praias nordestinas e dos incêndios na Austrália – que não é só por conta da seca, mas também pelo afrouxamento nas licenças ambientais. Quando o pobre vai morar nas ladeiras, encostas, margens de rios, córregos e manguezais é porque não houve um plano habitacional decente nas cidades, que tende a privilegiar a especulação imobiliária em detrimento daqueles que mais precisam.

Milhares de tragédias aconteceram no mundo e em nosso país, seja por falta de gestão sustentável, prevenção de riscos ou deixando de fiscalizar empresas de mineração, garimpo e do setor de energia. Mas fica mais fácil botar a culpa na sociedade. Se os governantes não se conscientizarem, assumirem suas responsabilidades e tomarem medidas efetivas para enfrentar as verdadeiras causas, teremos, infelizmente, a repetição de tragédias ambientais e sociais.

Notícias relacionadas

ENFOQUE JORNAL E EDITORA © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

desenvolvido por:
Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.