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Opiniões

27 DE FEVEREIRO DE 2020

A conta já chegou

Por: Da Redação

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“Chove chuva/ Chove sem parar/ Chove chuva/ Chove sem parar/ Pois eu vou fazer uma prece/ Pra Deus, nosso Senhor/ Pra chuva parar/ De molhar o meu divino amor…”

A música consagrada pela voz do grande cantor e compositor Jorge Benjor, Chove Chuva serviria como uma atenuante para grande parte da população de São Paulo e Minas Gerais, que nos últimos dias vem sofrendo horrores com as chuvas que castigam essas regiões. Os paulistanos provavelmente amanheceram no último dia 10 de fevereiro pedindo “pra chuva parar de molhar”, como na canção de Benjor. Foram mais de 100 pontos de alagamento e diversas casas inundadas.
Segundo especialistas meteorológicos, o motivo foi uma frente fria e área de baixa pressão atmosférica, que são ventos que giram no sentido horário no hemisfério sul e provocam a formação de nuvens carregadas.

Caos

Com isso, cerca de 700 áreas de instabilidade que estavam no interior se deslocaram de uma vez só para a capital paulista. O temporal registrado em 24 horas foi o maior para o mês de fevereiro em 37 anos. No dia caótico, os rios Tietê e Pinheiros transbordaram.

Mas isso não foi o único culpado pelo caos. São Paulo teve no passado muitos rios e córregos aterrados. Segundo reportagem da revista Super Interessante, estima-se que a capital paulista tenha entre 300 e 500 rios concretados embaixo de casas, edifícios e ruas. São impressionantes 3 mil quilômetros de cursos d’água escondidos.

Por séculos, os paulistanos usaram os rios. Além de transporte de mercadorias, pesca e criação de animais, sua água era usada para todas as necessidades da casa. No começo do século 20, pescar, remar e nadar no Pinheiros e no Tietê eram atividades comuns.

Ganância

Em Minas Gerais, a Prefeitura de Governador Valadares (MG) investiga se o rompimento da barragem de Fundão em novembro de 2015 teria contribuído para maior impacto da enchente do Rio Doce na cidade, que conta com 10 mil desalojados.

Depois de o rompimento da barragem ter despejado quase 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração no Rio Doce, o acúmulo desse material tornou o leito que banha a cidade mais raso e vulnerável a enchentes. Alguns estudos apontam ainda que o desmatamento causado pela pecuária fez com que o dobro de volume de água chegasse aos rios. Todos esses fatores contribuíram para a situação catastrófica em Minas.

O homem, sua ganância por meio do extrativismo mineral e desmatamento desenfreado em Minas Gerais; e em São Paulo, com a troca da água por concreto, criando uma camada por onde não haja escoamento da chuva, é o grande causador dessas “tragédias anunciadas”, incorrendo em mortes a cada temporada.

Pois é, a cada dia que maltratamos nossas matas, rios, córregos, riachos, mares, privilegiando cada vez mais os carros, arranha-céus, e tudo mais em nome do progresso, pagamos um grande preço. E a conta final não está demorando para chegar.

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