A Fantasia Final | Boqnews

Opiniões

29 DE NOVEMBRO DE 2016

A Fantasia Final

Por: Da Redação

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Primeiramente, não falarei sobre a Square-Enix e o sucesso que suas franquias fizeram através das décadas do mercado de videogame. Também não falarei sobre a franquia Final Fantasy e seus quinze jogos principais, assim como os milhares de spin-offs (jogos paralelos) que foram desenvolvidos desde 1987. Se você procura um texto sobre gráficos, a dublagem/legenda, sobre jogabilidade, elementos novos ou renovados, enredo, entre diversos outros fatores…também não será aqui que encontrará.

Arte da capa do jogo Final Fantasy XV, disponível para PlayStation 4 e Xbox OneArte da capa do jogo Final Fantasy XV, disponível para PlayStation 4 e Xbox One

Agora que já deixei claro o que não será dito aqui, é bom que saiba sobre o que este artigo se trata: imersão. Por ano, lançam milhares de jogos. Seja para consoles antigos como Nintendo DS, PSP, PlayStation 3 e Xbox 360 (até mesmo ao Nintendo Wii), para computadores, celulares, para a atual geração de videogames (PlayStation 4, Xbox One, Nintendo 3DS e o futuro Nintendo Switch), temos uma infinidade de gêneros e opções para pegar o controle, teclado ou a tela touch do celular e jogar. Isto devia ser ótimo aos jovens e adultos que hoje compõe a maior parcela deste mercado. Mas tantas opções, com o passar do tempo, deixa um ponto no ar: quando aparecerá um jogo que “marcará”? Sabe aquele que fica na memória, que te faz refletir, apreciar, pensar nele quando falam sobre o assunto? Igual a filmes, músicas, teatro, os jogos também causam este efeito. E exatamente como os exemplos que citei acima, infelizmente não são todos.

Na terça-feira, dia 29, lançou o jogo Final Fantasy XV. Ele estava em produção há mais de dez anos, com uma produção massiva de material multimídia (anime, filmes, concertos musicais, cantores consagrados do mercado internacional entre outros), gerando uma expectativa muito grande perante os fãs e fazendo com que garantissem a venda do jogo. Sites diversos fazem análises, streaming de horas jogando, produzem notícia…mas se procurar (e cansará de procurar, já aviso de antemão), o mais importante não está sendo dito ou discutido. É o mesmo que procura em um filme ou livro. A palavra-chave é “significado”. O que ele significa?

imagem-3Cena do anime baseado em Final Fantasy XV, chamado de “Brotherhood”

Os trailers já mostravam que você viveria na pele do príncipe Noctis, do reino de Lucis. Ali, tecnologia e magia vivem em conjunto, guiando a população a uma paz duradoura, se não fosse pelas ameaças do reino de Niflheim. Atrás do cristal que há em Lucis e de um anel poderoso que se esconde com a princesa de Tenebrae, terra já dominada pelos vilões. Os vídeos também mostram três “guardas reais”, que mais agem como amigos de Noctis do que servos, que o acompanharão em sua viagem e o ajudarão a enfrentar essa ameaça.

O jogo começa distinto de toda apresentação do herói jovem e poderoso. A primeira cena do jogo já mostra o príncipe (que mais parecia um rei nessa idade avançada) enfrentando um poderoso oponente no meio das chamas, na sala do trono. Para ajuda-lo, os três guardas que aparecem nos diversos trailers estão o protegendo dos ataques do monstro, deixando um ponto no ar: se entregam na primeira cena que eles sobreviverão à jornada que está por vir, o que eles queriam de fato dizer?

Após uma rápida apresentação do reino e da partida de Noctis, para se casar com a princesa Lunafreya e unirem os dois países, você se depara com outra cena. O glamouroso e requintado príncipe se encontra no meio da estrada, com seu carro real quebrado e tendo que ajudar seus companheiros a empurra-lo. Isto ao som da banda Florence & The Machine, que canta a música “Standy by Me”, muito famosa pela voz de Ben E. King e perpetuada ao longo do tempo.

“Quando a noite tiver chegado
E a terra estiver escura
E a lua for a única luz que veremos
Não, eu não terei medo. Não, eu não terei medo
Desde que você fique. Fique comigo”

A partir deste ponto, já está no ar a verdadeira proposta daquilo que tanto se fala no mercado atual de videogames. Não se trata da “jornada do herói”. Um príncipe que deseja proteger seu reino de ameaças maléficas ou um romance entre ele e a princesa. Não se trata dos combates, da vastidão que se dá para explorar no mapa, muito menos na capacidade de personalização do príncipe e seus fiéis escudeiros.

Você não pode pegar nesse (e em outros jogos) apenas arranhando a superfície. Tudo quer passar uma mensagem. E a desse, dá para se perceber na primeira hora de jogatina. A história não se trata sobre a ascensão de Noctis ao trono. A história se trata sobre a jornada dos quatro amigos. Você, se tiver a oportunidade de jogar, verá que alguns momentos você tem de pedir conselho a eles. Alguns outros eles intervém e te impedem de fazer alguma besteira (para minha sorte, acatei um de descansar pela noite antes de enfrentar um monstro poderoso. Isso garantiu minha vitória). Nas noites, eles partilham suas habilidades. Seja na arte de cozinhar, mostrando fotos tiradas da viagem, sessões de treinamento…você sente que não está sozinho na jornada.

imagem-2Noctis , Gladiolus, Prompto e Ignis, os quatro amigos em sua jornada

Em meio a tantos jogos com tiros, violência, destruição, futebol, mais “do mesmo” a todo instante, uma proposta simples pode ser o diferencial e fazer com que pense seriamente em escolher este entre milhares. Amizade, companheirismo, humildade (tenha certeza que o ar de “família real” acabou definitivamente quando vê Noctis sentado na areia do deserto e tendo de empurrar o carro), ajudar e saber quando pode se deixar ser ajudado são mensagens que não deviam sumir.

Final Fantasy XV não é só gráficos. Não é só mais um grande jogo de Role Playing Game (RPG) magnífico. Não é jogabilidade fluída, muito menos de visível investimento milionário de apelo para vendas. Final Fantasy XV mostra que andar lado a lado com seus amigos, independente da situação, é algo que te fará feliz. Pessoas ajudando, dando as mãos e se protegendo mutuamente, podem vencer qualquer desafio. Essa é a verdadeira mensagem que tudo aquilo que citam superficialmente quer atingir.

imagem-5Um dos confrontos épicos do jogo entre o grupo de Noctis e o Titan

Final Fantasy surgiu como um último suspiro da recém-anunciada falida Squaresoft, mostrando em 1987 que ainda queriam passar uma mensagem. Após 29 anos no mercado de videogames, vendo a onda que atingiu a população em meio a este turbilhão de diversidade, será que ela não quer mostrar que há diferenciais? Que o mercado pode estar numa direção mercadológica errada e este jogo mostrará o caminho, assim como fez com sua própria empresa? Simbologias a parte, Final Fantasy tirou uma empresa falida do negativo e a transformou numa das maiores potências em games no Japão e em todo mundo. Agora eles estão mais ambiciosos. Parece que desejam tirar todo o mercado de uma ruína iminente de falta de conteúdo.

Agora, me diga, qual foi o último jogo que teve em mãos que lhe ensinou algo? Que você foi além daquilo que estava em suas mãos e lhe passou uma mensagem, que mostrou o quanto tudo aquilo valeu seu dinheiro e tempo? Cabe a reflexão e a deixa de que, se materiais culturais em nosso país e do exterior podem lhe causar impacto, porque não olhar também para aquilo que vêem apenas como uma “forma de entretenimento”?

imagem-4 Cena do filme “Kingsglaive”, que complementa o universo do jogo com uma história paralela

 

Como me encontrar na Xbox Live e na PSN?

Xbox Live: PlumpDIEGODS;
PSN: CorumbaDS

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