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27 DE MAIO DE 2011

A gordura milenar

Por: admin

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Há dezenas de séculos, o código genético do homem já estava pronto. Vivendo em tribos, formavam pequenos agrupamentos, sem conhecer a agricultura, o fogo, a metalurgia e, conseqüentemente, ficando refugiados em cavernas, brechas de montanhas ou algo do gênero.


Os homens saiam para a caça, geralmente ávidos por animais de grande porte. Matá-los era tarefa árdua, pois também desconheciam os metais para fazer suas armas. Apedrejando-os até se cansarem, os animais, já exaustos, tombavam e então começava o ritual da morte. Famintos e usando a pedra lascada, rapidamente retiravam a pele e a aproveitavam como vestimenta. Depois, comiam desesperadamente sua carne e gordura, pois tinham que regressar grandes distâncias com a presa já repartida e, com a perda de tempo, tudo poderia apodrecer.


Não bastasse a pressa, tribos saqueadoras na espreita se aproveitavam para roubar a preciosa caça. Lutas eram travadas e o vencedor voltaria à prole faminta com a carne ainda fresca. Mulheres e crianças atiravam-se ao animal já limpo e comiam o que pudessem tanto para alimentar-se como para esperar um novo evento – sem conseguir prever quando isso ocorreria novamente.


Havia a necessidade de uma reserva de gordura no corpo, pois, com a vinda do inverno, o frio afugentaria os animais, cobriria a vegetação de neve e gelo fazendo com que os humanos se recolhessem em suas moradias, consumindo suas gorduras corporais até que passassem os meses gelados. Tal tarefa de armazenamento era determinada pelo código genético acima citado, por meio de uma série de genes.


O tempo passa e os homens finalmente descobrem a lavoura. Com técnicas agrícolas, passam a observar e a aproveitar o fogo, manusear e manipular melhor seus alimentos e conseqüentemente se nutrir mais. Passam também a acondicionar as carnes com especiarias, tornando-as acessíveis no inverno.


O então homem rudimentar vai aprimorando sua vida, porém, com código genético de vida sedentária, mantendo sua gordura corporal também inalterada. Sentado, diante de farta alimentação com fácil acesso, transborda-se em colesterol. Não sai mais para caçar, não luta contra saqueadores. Sequer precisa plantar, colher, abater ou mesmo confeccionar seus alimentos.


Tudo hoje é fácil, calórico e farto. Ganhamos dois quilos por ano sentados em frente ao computador por duas horas diárias, um quilo anual pelo uso do controle remoto das TVs e um quilo neste mesmo período pelo uso do telefone sem fio. Vamos trabalhar sentados e lá permanecemos estáticos durante toda a jornada. Ao voltar para a casa de carro, não vemos a hora de sentar num aprazível sofá ou estatelar-se na cama macia.


Conclusão: pessoas com sobrepeso ou obesas, sem preparo cardiovascular – pois não andam mais, tampouco se exercitam – com artérias potencialmente entupidas por aderir placas de gorduras, hipertensas e consumidoras de muito sal, álcool e açúcares, desembocam num contingente de pacientes com elevado risco cardiovascular.


A manutenção de políticas públicas nas esferas municipal, estadual e federal, por meio de campanhas consistentes e bem orientadas pelo setor médico não comprometido com a indústria farmacêutica, orientando a comunidade a andar diariamente, restringir o excesso de sal, álcool e gorduras, além do combate ao tabagismo – tão nefasto à saúde – deve ser meta primordial.


Medidas simples, porém de alto impacto na saúde da coletividade, aliadas a campanhas para detecção de hipertensão, diabetes e colesterol consolidam a medicina preventiva tão necessária ao munícipe que paga seus impostos. As UBS (policlínicas) atendendo o munícipe de sua abrangência fazem sua parte com exames e tratamentos determinados por Diretrizes do Ministério da Saúde.


Nossa região também é privilegiada pelas praias e jardins, com tempo agradável o ano todo e chão plano, o que a torna propícia a um estilo de vida mais ativo e pouco sedentário. Então, caro munícipe, mova-se, participe e mude seu estilo de vida.

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