A pobreza que persiste | Boqnews

Opiniões

29 DE SETEMBRO DE 2020

A pobreza que persiste

Por: Humberto Challoub

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Divulgado recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018 evidencia o grande desnível social que ainda caracteriza a sociedade brasileira. O levantamento mais uma vez comprova o grau de comprometimento orçamentário para manutenção de condições mínimas de sobrevivência. Enquanto famílias com rendimento de até dois salários mínimos (R$ 2.090,00) comprometem 61,2% desse valor com alimentação e habitação, esse percentual é de apenas 30,2% para famílias com rendimentos superiores a 25 salários mínimos (R$ 26.125,00).

Os números do IBGE também apontam para um grave cenário da insegurança alimentar, com mais de 25 milhões de domicílios com algum grau de deficiência na quantidade e qualidade de alimentos disponíveis, um quadro em que a fome resulta da situação de extrema pobreza de parte da população e da ausência, insuficiência ou equívocos das políticas públicas que deveriam enfrentar o problema. Evidencia-se assim, de forma inequívoca, que o enfrentamento da pobreza depende exclusivamente da vontade política dos governantes, sobrepondo de forma irrefutável a ideia de que o problema é de difícil solução porque demandaria recursos inexistentes. O desafio de construção de uma política consistente de combate a fome recai sobre o trabalho de convencimento sobre a possibilidade de unir esforços públicos e privados na construção de uma estrutura capaz de dar atenção especial às populações mais vulneráveis.

Mais do que representar um simples ato de benevolência, a promoção de ações visando assegurar melhores condições de vida às comunidades pobres representa uma necessidade premente, não só pelo cumprimento dos direitos fundamentais à dignidade humana, mas sobretudo pela necessidade de interromper a degradação do meio ambiente motivada pela ocupação urbana desordenada. Sem acesso à saúde, à educação e marginalizados dos processos produtivos de geração de renda, grandes contingentes populacionais contribuem involuntariamente para a degeneração de bens naturais universais e para o acirramento dos conflitos sociais, traduzidos no aumento da criminalidade.

Torna-se igualmente urgente o estabelecimento de um novo paradigma visando a redução das imensas diferenças sociais, especialmente redobrando os esforços para garantir a todas famílias brasileiras oportunidades e condições ideais de subsistência.

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