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Opiniões

18 DE FEVEREIRO DE 2022

A polícia que nós queremos

Por: Da Redação

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“Ao pensarmos em políticas públicas de segurança se faz necessário antes de qualquer outra medida pensar em melhorar a polícia que temos hoje”

Um tema que certamente divide opiniões e acirra os ânimos é a respeito da polícia. Qual nós queremos? Ou melhor, o que desejamos que o policial faça e como desejamos que ele se comporte?

Os mais radicais pregam a continuidade de uma polícia inclinada para o confronto, ou seja: uma polícia mais letal e com amplos poderes para a utilização de força letal, que, diga-se de passagem, é o modelo utilizado nas grandes cidades do Brasil há décadas, e que nos fez chegar aos alarmantes números de criminalidade que vivemos hoje em dia, não por culpa dos policiais que cumprem o seu dever, mas por total despreparo dos governantes que não elaboram políticas publicas de segurança eficazes e com embasamento cientifico para o combate da violência e criminalidade.

Quando se fala em segurança pública, temos a polícia como a principal ferramenta utilizada pelos estados em detrimento de outras ferramentas que poderiam ser implementadas, e por ser tão mal utilizada, essa ferramenta polícia se desgasta e causa prejuízos a sociedade e ao policial que tenta cumprir o seu papel.

Ao pensarmos em políticas públicas de segurança, se faz necessário, antes de qualquer outra medida, pensar em melhorar a polícia que temos hoje e isso se faz primeiramente com melhores condições de trabalho para o policial, com acomodações e alojamentos dignos, investimento em treinamento especializado, incentivo para o estudo continuado, aquisição de equipamentos e tecnologias modernas, salários dignos e compatíveis com o exercício da atividade policial, plano habitacional que permita ao policial não residir próximo a áreas de risco e logicamente uma legislação adequada.

Sem essas medidas e sem a elaboração de uma política pública que pode resultar na elaboração de um planejamento da segurança que seria nada mais, nada menos do que implementar medidas efetivas de combate a violência e criminalidade, continuaremos enxugando gelo, em detrimento da morte de centenas de policiais por ano em todo o Brasil.

Essa politica pública de gestão da segurança deve passar também por amplas e maciças campanhas de conscientização da importância do trabalho policial, aproximando a polícia da sociedade, fazendo com que a população admire este profissional (assim como ocorre em outros países) que coloca a sua vida em risco para garantir a segurança do cidadão, cidadão este que sequer ele conhece, pois no Brasil sequer temos a dignidade de dar um simples bom dia ao policial, e agimos como se aquele homem fosse invisível ou pior, um mal necessário.

Portanto, para que tenhamos a polícia que nós queremos, precisamos também ter a sociedade que nós queremos. Assim, nos livraremos da hipocrisia social de mandarmos o policial para o combate com “licença para matar”, pois os policiais são apenas um reflexo da sociedade que ora os idolatra, ora os crucifica.

José Ricardo Bandeira é perito em Criminalística e Psicanálise Forense, Comentarista e Especialista em Segurança Pública, presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina e do Conselho Nacional de Peritos Judiciais da República Federativa do Brasil, membro ativo da International Police Association e da Comissão de Segurança Pública da Associação Nacional de Imprensa.

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