Assisti, no Cine SESC, a exibição do filme “A última sessão”, um premiado longa-metragem indiano, considerado o “Cinema Paradiso” daquela nação que possui tantos pontos de contacto com o Brasil.
A direção é de Pan Nalin e ele narra a história de um garoto de nove anos, Samay, interpretado por um menino bem expressivo, Bhavin Rabari.
A família dele é muito pobre.
O pai, embora brâmane, de uma casta considerada superior na Índia, possuía gado mas foi ludibriado pelos irmãos.
Sobrevive fornecendo chá aos passageiros de trem que faz uma parada na mísera localidade: Chalala.
Essa função é considerada inferior, principalmente para ser exercida por um brâmane.
O garoto é obcecado por cinema e cabula as aulas para assistir filmes no “Cine Galáxia”, o único da cidade.
Passa a conhecer o responsável pela projeção e, em troca de lhe oferecer a comida que a mãe prepara, como lanche escolar, vai se inteirando da rotina do trabalho, manuseando os filmes contidos em grandes latas e se tornando um valioso auxiliar para o funcionário.
O sonho infantil é ser cineasta.
Quando comunica ao pai, o conservador brâmane, embora a exercer uma atividade humilde, considera o cinema inadequado para a sua estirpe.
É um pai violento, costuma surrar o menino valendo-se de um cajado, que aciona sem piedade nas costas, pernas e braços do filho.
A perseverança de Samay e algumas circunstâncias fazem com que ele e seus amigos consigam reproduzir, numa ruína abandonada, uma espécie de cinema rudimentar.
A criatividade do grupo é surpreendente, pois a criançada se responsabiliza pela sonorização, num exercício lúdico apaixonante.
Trabalham, se divertem e partilham com os familiares essa experiência que chegou a sensibilizar o rude genitor do protagonista do filme.
Mais detalhes seriam spoiler.
Mas o filme é emocionante, conta com elenco infantil de muito talento e é uma homenagem ao bom cinema, culminando com a menção de muitos cineastas que nos ajudaram a viajar, a sonhar e a transformar nossa vida.
A exibição no Cine SESC da Rua Augusta 2075 teve início em 12 de dezembro e não pode ser ignorada ou perdida.
Afinal, como diz o marketing de “A última sessão”, histórias viram luz, luz vira filmes e filmes viram sonhos.
José Renato Nalini é secretário de Mudanças Climáticas da cidade de São Paulo, desembargador aposentado, reitor da Uniregistral, palestrante e conferencista
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