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Opiniões

11 DE JULHO DE 2018

Abandono da docência

Por: Humberto Challoub

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Relatório recente elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), denominado Políticas Eficientes para Professores, constatou que no Brasil cada vez menos jovens querem seguir a carreira docente. Hoje, apenas 2,4% dos alunos de 15 anos têm interesse na profissão, enquanto que há dez anos esse índice atingia 7,5%.

As razões para esse crescente desinteresse pela carreira docente há muito estão evidenciadas pela deficiência latente do sistema educacional brasileiro, que hoje revela uma face ainda mais preocupante: a ausência de professores com competência e disposição para forjar gerações melhor preparadas para as exigências atuais e futuras.

Diversos outros indicadores também não deixam dúvidas de que décadas de negligência governamental, salários baixos e relatos de condições de trabalho inadequados afastaram da docência a maioria das pessoas com os melhores desempenhos enquanto estudantes.

Nas últimas décadas, a procura por cursos de formação pedagógica e licenciatura foi reduzida de forma significativa, um hiato que, sem dúvida, produzirá reflexos ainda mais prejudiciais em um um futuro breve. O êxodo de qualidade em um setor essencial para o País estimula o motocontínuo da ignorância e provoca consequências mais sérias no Ensino Médio, onde a complexidade dos conteúdos ministrados exige profissionais com formações específicas e aprofundadas.

Sem opção, as escolas não conseguem preencher quadros de professores, deixando salas vazias ou obrigando docentes de uma área a improvisar em outras para as quais não têm formação adequada.

A baixa qualidade do setor educacional está igualmente evidenciada quando se constata que pouco mais de um terço dos alunos do último ano do Ensino Fundamental sabem ler e escrever de acordo com o esperado para a série (uma mesma defasagem também verificada no aprendizado de Matemática, no caso dos alunos do 9º ano).

Torna-se, portanto, urgente a tarefa de contemplar as demandas salariais para tornar o setor educacional atrativo – na comparação com os demais segmentos profissionais – e, principalmente, capacitar professores para elevar a qualidade do ensino ministrado, com a oferta de condições técnicas e estruturais.

O aperfeiçoamento do corpo docente resultará, por consequência, na melhoria da formação ética e moral das futuras gerações de brasileiros, hoje influenciados pelo descaso das autoridades públicas e sem qualquer referência que lhes dêem parâmetros para construção de uma sociedade alicerçada em conceitos de eficiência, culto à sabedoria e de respeito aos valores de humanidade e cidadania.

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