Adriano Facchini: melhor do Português e ‘cria’ caiçara | Boqnews

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09 DE ABRIL DE 2015

Adriano Facchini: melhor do Português e ‘cria’ caiçara

Por: Da Redação

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A fase do PB__4312goleiro Adriano Facchini (foto) vai na contramão do momento vivido pelo Gil Vicente, clube do qual é titular há quatro anos. Se os gilistas ocupam o penúltimo lugar do Campeonato Português com 19 pontos, a quatro do primeiro time fora da zona de rebaixamento, ele chama a atenção da imprensa local: é o líder do Prêmio Regularidade, concedido pelo jornal A Bola e que avalia o desempenho dos jogadores na competição. O brasileiro aparece à frente, por exemplo, do artilheiro do certame, o atacante Jackson Martinez, do Porto.

Apesar de natural de Xaxim (SC) e de ter se profissionalizado no Curitibanos (SC) aos 17 anos, Adriano tem parte de suas raízes firmes na Baixada – e não é só porque conheceu sua esposa no período em que viveu em Santos. Em 2002, reforçou o sub-20 do Alvinegro, acompanhando bem de perto a ascensão da geração campeã brasileira, com o meia Diego e o atacante Robinho. Logo depois, mudou-se para a Portuguesa Santista em 2003 e fez parte do time que, no ano seguinte, chegou às quartas de final do Paulista. Em 2005, encerraria o “ciclo caiçara” no Jabaquara.

Menino da Vila (e do Ulrico, e do Espanha)

Adriano não chegou a defender o Santos no profissional, mas conviveu, por cerca de um ano, com a vitoriosa geração santista de 2002 – em especial com o zagueiro Alex, com quem jogou na base. “Dava para perceber a qualidade do grupo. Eles eram diferenciados. Apesar de não sermos da mesma faixa etária, eu tive o prazer de conhecê-los”, lembra o goleiro, em entrevista à coluna, lamentando o pouco tempo na Vila. “Uma pena ter saído. Foi uma passagem rápida, acredito que devido a uma lesão. Se tivesse dado continuidade, acho que podia ter feito minha carreira no Santos”, afirma.

A Portuguesa Santista acabou abrindo as portas a Adriano. Após jogar o Paulista sub-20 em 2003, o goleiro disputou seu primeiro campeonato de elite, integrando o elenco rubro-verde no Estadual de 2004 como reserva de Cristiano (que quase fez um gol de cabeça nos acréscimos da derrota para o Palmeiras, nas quartas). “Pude conhecer jogadores de renome, como o Marcio Santos (zagueiro campeão mundial em 1994) e o Axel (ex-Santos, São Paulo e Seleção). Joguei também com o Ricardo Berna (ex-goleiro do Fluminense). Era menino, aprendi bastante”, lembra.

Após quase dois anos em Ulrico Mursa, Adriano foi para o Jabaquara, onde disputou a quarta divisão do Campeonato Paulista. Na ocasião, ele foi o camisa 1 de um time formado por meio de uma parceria entre Leão e Litoral, time que tinha o Rei Pelé como proprietário. A experiência no Espanha foi breve, mas também recordada. “É um clube que tem um nome a zelar. Tive o prazer de ter como treinadores o Coutinho e o Paulo Robson (ex-jogador do Peixe). Foi um período de muito aprendizado. Passei por essa fase, segui em frente e dou valor”, conta o goleiro.

Mesmo à distância, Adriano ainda acompanha os passos dos três clubes da região. “Torço muito por todos. Inclusive, meu sogro é santista (risos). Tenho carinho grande por eles. Recentemente, nas últimas férias, estive na Portuguesa e no Jabaquara… Em Santos, tenho família e amigos que deixei. Possui uma relação grande com a Baixada Santista”, destaca.

Paredão de Barcelos

Adriano está no exterior desde 2009, quando, aos 26 anos, trocou o América (RN) pelo União da Madeira – ele já havia defendido Castanhal (PA), Ananindeua (PA), Comercial de Ribeirão Preto, Boavista (RJ) e Teresópolis (RJ). Em Portugal, ganhou sequência como titular logo na primeira temporada, quando sua equipe chegou ao triangular final da II Divisão (na verdade, a terceira), mas ficou a um gol do acesso. Na edição seguinte, os madeirenses não decepcionaram: conquistaram a promoção e o título da Terceirona. “Fui o goleiro menos vazado”, conta.

O goleiro chamou atenção do Gil Vicente – que havia acabado de obter o retorno à I Liga após cinco anos na divisão de acesso. Em Barcelos, região norte do país, a 370 km da capital Lisboa, Adriano virou ídolo. Logo em sua primeira temporada, levou os gilistas à inédita final da Taça da Liga ao defender dois pênaltis na semifinal, diante do Braga. “Teve outros jogos marcantes, como um contra o Benfica em que defendi uma penalidade do (Oscar) Cardozo no último lance, mas, pela circunstância, posso dizer que (a semifinal) foi a partida mais importante aqui”, diz.

Defender pênaltis é uma das especialidades de Adriano. Na memória do goleiro, ainda estão frescas algumas das principais intervenções que fez. “Ao longo da carreira, tenho algumas marcas. No União, de oito pênaltis, defendi quatro. Pelo Gil, além da Taça da Liga, lembro que, no ano passado, defendi dois pênaltis do Benfica na mesma semana. Na (atual) Taça de Portugal, peguei três cobranças (contra o Varzim, pela quarta fase). Eu gosto de esperar o cobrador, acompanhar o movimento corporal, e venho tendo sucesso nisso”, explica.

Futuro, por enquanto, é na Europa

O contrato de Adriano com o Gil Vicente se encerra no final da atual temporada. O goleiro diz já ter recebido ofertas, mas garante que o foco está na reta decisiva do Campeonato Português e na briga para salvar a equipe do rebaixamento, restando sete rodadas para o término do torneio. Voltar para casa? Ainda não. “Isso só mais para frente, ou se fosse algo mais certo. A Europa dá estabilidade, os contratos são de no mínimo um ano. No Brasil, teria que ser para jogar em um clube de Série A ou B que dê uma condição melhor mais tempo de trabalho”, diz.

As cinco temporadas no exterior, aliás, deram a Adriano maior dimensão sobre as diferenças entre a gestão do futebol brasileiro (onde também atuou por cinco anos) e europeu. “O Brasil está um pouco atrás em termos de calendário, de organização. Vemos a dificuldade de clubes que não estão nas séries A, B e C. Há jogadores não têm onde jogar após quatro meses, ficam sem receber… Na Europa, os clubes precisam garantir que podem contratar aquele jogador. No Brasil, alguns times não cumprem o prometido. Isso pesa muito”, avalia.

Para Adriano, uma consequência dessa dessa diferença na forma de se pensar o futebol está no sucesso de brasileiros como ele – ou seja, pouco conhecidos no próprio país – no Velho Continente. Atletas questionados por aqui, como o atacante Lima (ex-Santos e Avaí, é destaque no Benfica) e o meia Leandro Salino (ex-Ipatinga e Flamengo, foi vice-campeão da Liga Europa como titular do Braga), ganharam projeção na terrinha. “Aqui o futebol é dinâmico, você aprende a jogar no coletivo. O individual existe e ainda se sobressai, principalmente nos grandes clubes, mas a parte tática é mais cobrada. Muitos acabam evoluindo nesse aspecto”, conclui.

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