A construção civil está a dever atitudes mais corajosas para ajudar a reduzir a emissão dos gases venenosos causadores do efeito estufa.
A fabricação de cimento, ferro e aço, é uma atividade altamente poluidora.
Assim, a poderosa indústria da construção civil deveria partir para soluções de acordo com a natureza, utilizando-se de mais madeira, por exemplo.
Além disso, deveria incentivar os engenheiros e arquitetos a produzirem projetos menos agressivos.
Imensas massas de concreto, verdadeiras panelas de pressão, que precisam de ar condicionado e gastam muita energia não atendem à urgência que o mundo tem de controlar o aquecimento global.
Além disso, a construção civil parece desperdiçar 35% de seu material durante o processo de edificação.
Em todas as cidades há um descarte clandestino de dejetos que são arremessados em represas, córregos ou áreas de preservação permanente.
O boom imobiliário deveria ser um estímulo a que essa indústria adotasse estratégias de realmente contribuir para a descarbonização, como o uso de caroço do açaí como fonte de energia para a produção de cimento.
O melhor seria não usar tanto cimento.
Mas na inviabilidade, pelo menos que se use o caroço descartado para abastecer os fornos industriais como substituto do carvão mineral e do petróleo.
Estes dois, os combustíveis mais poluentes ainda usados por vários setores.
O governo brasileiro demora para regulamentar o mercado de carbono, falha na fiscalização das empresas que poluem, não incentiva o proprietário a manter área com cobertura vegetal.
Parece não enxergar a gravidade da crise.
Por isso, é urgente que a sociedade civil cobre das empresas um comportamento responsável, que ainda não existe, ao menos na escala necessária.
No mais, o mercado internacional pode colaborar, deixando de adquirir produtos que não sejam fabricados de forma eficiente e menos poluente.
Sancionar os infratores é também uma excelente tática.
Infelizmente, pouco utilizada no Brasil, onde a inércia é que parece imperar.

José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente da pós-graduação da Uninove e secretário-executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo
Deixe um comentário